Diagnóstico do autismo e luto pelo filho idealizado: como lidar?

Talvez a dica mais importante seja: apaixone-se pela criança real que está à sua frente

Da redação Publicado em 14.06.2017 Atualizado em 19.09.2022
Foto em preto e branco de um menino em campo aberto segurando uma flor
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Resumo

Andréa Werner compartilha alguns caminhos para que famílias que receberam o diagnóstico de autismo se fortaleçam e superem o luto da criança idealizada.

Receber um diagnóstico de autismo pode ser difícil para a família. A notícia chega acompanhada de sentimentos como o medo, expectativas frustradas e a percepção de que a criança idealizada não existe.

Andréa Werner, autora do blog Lagarta vira Pupa e mãe do Theo, diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) alguns meses antes de completar dois anos, fala sobre como recebeu o diagnóstico do filho. De mãe para mãe, Andréa também compartilha algumas inspirações para famílias que estão passando por esse tipo de situação se fortalecerem e aponta caminhos para lidarem com o luto do filho idealizado.

  • Apaixone-se pela criança real

Essa talvez seja a dica mais importante. O segredo aqui é começar a ocupar a mente com tudo que seu filho ou filha tem de belo, de positivo, de amável. Tire muitas fotos e organize álbuns, abrace, beije, observe com amor cada carinha, cada gesto, curta os momentos juntos. Foque no positivo, e garanto que você vai achar muitas coisas para se apaixonar!

  • Pare de comparar seu filho com a sua sobrinha ou o filho da sua amiga

Seu bebê agora tem suas próprias metas. Ele tem uma régua própria. Foque no que ele pode alcançar, e não em quanto tempo pode demorar.

  • Anote, semana a semana, todos os progressos dele, por menores que pareçam, e comemore cada pequena vitória

Isso vai te ajudar a ver como as alegrias desse novo mundo são significativas, e também vai te dar uma perspectiva melhor sobre o ganho total que seu filho está tendo com as intervenções terapêuticas.

  • Afaste-se de pessoas (e profissionais) negativos ou frios demais

Neste momento, você precisa se cercar de gente otimista, pra cima, que vê o copo meio cheio e que vai te ajudar puxando para cima, e não pra baixo.

  • Não caia na armadilha da vitimização

“Por que eu? Por que comigo? Por que o meu filho?”. Um dos principais problemas da vitimização é que algumas pessoas se alimentam da atenção que ela traz e, depois, fica difícil mudar de postura. Além disso, muita gente acaba se afastando por não saber como ajudar, já que reclamamos com frequência, e isso aumenta a sensação de solidão. Lembre-se de que estamos vivos, somos de carne e osso, e ninguém sai ileso da vida.

  • Pense nos progressos da ciência e da medicina

Há vários estudos sendo feitos, medicamentos novos sendo testados, e seu filho ainda é pequeno. Imagine o que vamos ter de bom e novo daqui a 10 anos?

  • Cuide-se

Se o choro não passa, você não consegue sair da cama nem tomar as atitudes necessárias, procure um psicólogo ou um psiquiatra. Você não pode ajudar seu filho se não estiver bem.

  • Não se torture

Pare de olhar as fotos de quando ele ou ela eram bebezinhos procurando por sinais. Pare de pensar onde foi que errou. Pare, apenas pare. Isso não muda a situação atual e definitivamente não ajuda ninguém. O importante agora é olhar pra frente!

  • Arrume alguma atividade positiva para canalizar todos esses sentimentos

Aquele buraco que você sente no peito pode ser preenchido com álcool, comida em excesso, compras desnecessárias… ou atividade física, pintura, meditação. Opte pela via mais saudável.

  • Junte-se a outros pais e mães na mesma situação

Ligue seu radar para encontrar pessoas otimistas, que acharam um caminho, que levam a vida de forma leve e feliz em meio a esta situação. Você vai ouvir relatos de progressos, dicas do que fazer ou não fazer, e vai aprender muito com a experiência de quem já passou pela estrada que você está trilhando.

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