Novas paternidades: ‘estamos diante de uma silenciosa revolução’

“Se os pais criassem espaços de trocas de experiências, poderiam construir juntos a identidade do pai cuidador”, diz um dos participantes da Jornada do Pai

Mayara Penina Publicado em 12.08.2016
Em roda no chão, um grupo de pais está sentado discutindo paternidade.

Resumo

O projeto “A Jornada do Pai" é um encontro que acontece no Espaço Nascente, zona oeste de São Paulo, e discute as novas paternidades que emergem do encontro com a reflexão de que o papel de cuidador não deve ser só da mulher.

Em julho, o Lunetas começou a planejar as pautas de Dia dos Pais que entrariam no ar em agosto. Com inspiração no pelo projeto “A jornada do Pai”, logo veio a ideia de listar grupos virtuais e presenciais onde os pais se encontram pelo Brasil.  Depois de algum tempo de pesquisa, constatamos: não existem locais onde esses homens possam conversar sobre paternidade.

Para então motivar os homens a se juntarem em redes de apoio e trocarem experiências, conversamos com Rodrigo Bueno, um dos autores do livro Bebegrafia, que narra em quadrinhos o primeiro ano da vida dos bebês e Thiago Queiroz, autor do blog Paizinho Vírgula e do podcast Tricô de Pais para conversar.

Os dois coincidem com o pensamento de que com uma rede de apoio fortalecida, os homens tem a oportunidade de desconstruírem os preconceitos e machismo, principalmente no que diz respeito à paternidade e cuidado de filhos.

Na opinião de Thiago Queiroz, “os pais precisam de lugares para conversar e se acolher, mas esses lugares só vão existir quando esses pais demandarem e os criarem. É aquele velho ditado: a porta só abre pelo lado de dentro”.

“Quando eu estou numa roda de conversa de pais, me sinto menos sozinho”

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Divulgação/A Jornada do Pai

Pesquisas científicas indicam que a participação do pai nos cuidados da criança tem um grande impacto no desenvolvimento infantil.

Escuto outros pais, ouço contarem sobre a dinâmica da casa deles, como eles encaram a responsabilidade e o sabor do carinho dos filhos quando a gente se permite a recebê-lo. Acho que ficamos menos embrutecidos pelo cotidiano quando nos reunimos”, compartilhou Rodrigo Bueno.

Rodrigo é também autor da página “As aventuras de Magá, Ioiô e Rodrigo Bueno”, em que conta por meio de desenhos, o dia a dia com suas filhas gêmeas. Ele é um dos criadores do projeto “A Jornada do Pai”, encontro que acontece no Espaço Nascente, zona oeste de São Paulo e discute a nova vida dos homens com a chegada da paternidade. A roda é mediada pelo pediatra Cacá Correa e conta com facilitação gráfica Rodrigo Bueno e Victor Farat, que também assina o livro Bebegrafia.

“Os espaços vão florescer com o tempo. Estou certo de que esses espaços vão aparecer por necessidade. A necessidade do homem, do pai, administrar as emoções dentro dessa mudança toda. Novos padrões, mais flexíveis e instáveis.

“Não é fácil para os homens se unirem se não for em torno de times, exércitos e hierarquias competitivas. Nossa geração está amadurecendo muito rápido, mudando um padrão muito antigo. Estamos diante de uma silenciosa revolução de costumes”

Situação da paternidade no mundo

Para alcançar plena igualdade de gênero e o máximo bem-estar das crianças, devemos ir além de definições de paternidade e maternidade rígidas e avançar em direção ao que as crianças mais precisam para se desenvolverem. Isso não é meramente uma questão de incentivar os homens a nutrir e cuidar. Esta é uma questão de justiça social e econômica. São necessárias mudanças nas políticas, sistemas e instituições. O relatório “A situação da Paternidade no mundo” fornece recomendações específicas para a mudança em cada um desses níveis.

Para saber mais sobre a Situação da Paternidade no Mundo, acesse o relatório (disponível em inglês).

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