“Se os pais criassem espaços de trocas de experiências, poderiam construir juntos a identidade do pai cuidador”, diz um dos participantes da Jornada do Pai
O projeto “A Jornada do Pai" é um encontro que acontece no Espaço Nascente, zona oeste de São Paulo, e discute as novas paternidades que emergem do encontro com a reflexão de que o papel de cuidador não deve ser só da mulher.
Em julho, o Lunetas começou a planejar as pautas de Dia dos Pais que entrariam no ar em agosto. Com inspiração no pelo projeto “A jornada do Pai”, logo veio a ideia de listar grupos virtuais e presenciais onde os pais se encontram pelo Brasil. Depois de algum tempo de pesquisa, constatamos: não existem locais onde esses homens possam conversar sobre paternidade.
Para então motivar os homens a se juntarem em redes de apoio e trocarem experiências, conversamos com Rodrigo Bueno, um dos autores do livro Bebegrafia, que narra em quadrinhos o primeiro ano da vida dos bebês e Thiago Queiroz, autor do blog Paizinho Vírgula e do podcast Tricô de Pais para conversar.
Os dois coincidem com o pensamento de que com uma rede de apoio fortalecida, os homens tem a oportunidade de desconstruírem os preconceitos e machismo, principalmente no que diz respeito à paternidade e cuidado de filhos.
Na opinião de Thiago Queiroz, “os pais precisam de lugares para conversar e se acolher, mas esses lugares só vão existir quando esses pais demandarem e os criarem. É aquele velho ditado: a porta só abre pelo lado de dentro”.
“Quando eu estou numa roda de conversa de pais, me sinto menos sozinho”
Escuto outros pais, ouço contarem sobre a dinâmica da casa deles, como eles encaram a responsabilidade e o sabor do carinho dos filhos quando a gente se permite a recebê-lo. Acho que ficamos menos embrutecidos pelo cotidiano quando nos reunimos”, compartilhou Rodrigo Bueno.
Rodrigo é também autor da página “As aventuras de Magá, Ioiô e Rodrigo Bueno”, em que conta por meio de desenhos, o dia a dia com suas filhas gêmeas. Ele é um dos criadores do projeto “A Jornada do Pai”, encontro que acontece no Espaço Nascente, zona oeste de São Paulo e discute a nova vida dos homens com a chegada da paternidade. A roda é mediada pelo pediatra Cacá Correa e conta com facilitação gráfica Rodrigo Bueno e Victor Farat, que também assina o livro Bebegrafia.
“Os espaços vão florescer com o tempo. Estou certo de que esses espaços vão aparecer por necessidade. A necessidade do homem, do pai, administrar as emoções dentro dessa mudança toda. Novos padrões, mais flexíveis e instáveis.
“Não é fácil para os homens se unirem se não for em torno de times, exércitos e hierarquias competitivas. Nossa geração está amadurecendo muito rápido, mudando um padrão muito antigo. Estamos diante de uma silenciosa revolução de costumes”
Para alcançar plena igualdade de gênero e o máximo bem-estar das crianças, devemos ir além de definições de paternidade e maternidade rígidas e avançar em direção ao que as crianças mais precisam para se desenvolverem. Isso não é meramente uma questão de incentivar os homens a nutrir e cuidar. Esta é uma questão de justiça social e econômica. São necessárias mudanças nas políticas, sistemas e instituições. O relatório “A situação da Paternidade no mundo” fornece recomendações específicas para a mudança em cada um desses níveis.
Para saber mais sobre a Situação da Paternidade no Mundo, acesse o relatório (disponível em inglês).
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