Da próxima vez que levar seu filho ao cinema, que tal fazer a si mesmo essa pergunta: quais os referenciais de diversidade esse filme está apresentando a ele?
Por que há tão poucas crianças negras em lugar de protagonismo nos filmes brasileiros? Qual a importância da representatividade negra para o desenvolvimento infantil? Confira essa lista que mapeia seis produções audiovisuais recentes que têm crianças protagonistas.
Quando o assunto é o desenvolvimento pleno das crianças, um tema que aparece com frequência no Lunetas é a representatividade, ou seja, o modo como a criança se vê representada nos referenciais que recebe ao longo de sua formação como sujeito. Quando falamos em referenciais, estamos falando da experiência social na esfera pública – ou seja, do convívio familiar, da educação recebida e, claro, também da cultura. Filmes, desenhos, livros infantis, músicas, tudo isso constrói o repertório das crianças e afeta direta e indiretamente o seu desenvolvimento.
Pensando na importância dos filmes para construir essas referências positivas, o site focado em audiovisual, impacto social e potencial educativo Cinema Farol fez uma lista de seis produções cinematográficas protagonizadas por crianças negras. E o melhor: todas brasileiras.
“A ausência de personagens negros retratados de forma positiva nesse processo de formação da criança só faz com que essa ela cresça acreditando que ser negro é ruim, o que desencadeia a construção de uma imagem negativa de si mesma e afeta sua autoestima e a construção de sua identidade”, afirma o texto.
Confira a lista, e inspire-se para ampliar o repertório de diversidade de mundo do seu pequeno. As descrições de cada produção é assinado pela jornalista Anna Horta.
João vê uma faixa de luz passar por uma pequena perfuração e percebe que assim se faz a imagem. Ele descobre que fotografias são heranças. O curta de ficção narra a história de um garoto que descobre a paixão pela fotografia por meio de seu avô.
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O filme, resultado das oficinas do Instituto Querô, nos apresenta Ana, uma criança negra que não se enxerga como negra e não compreende a importância do reconhecimento de suas características. Ela conhece então Jeannette, uma refugiada do Congo e nova faxineira da escola, que percebe a situação e ajuda a menina na busca por sua valorização pessoal. Em breve o filme estará online na Spcine Play (uma plataforma de streaming de cinema nacional) e disponível por 90 dias.
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Joana tem um sonho comum a muitas meninas dos anos 80: ser Paquita. Sua família é bem sucedida e a apoia em seu sonho. A grande questão é que Joana é negra e nunca se viu uma paquita negra no programa da Xuxa.
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Neste curta documentário, crianças do Espírito Santo conversam de um jeito divertido sobre como é a vida em uma comunidade quilombola e em um morro na cidade de Vitória. Por meio de uma genuína brincadeira infantil, os dois grupos falam de suas raízes, ensinam e revelam o quanto a infância tem mais semelhanças do que diferenças.
Dudu é um garoto negro, inteligente e imaginativo, estudante de um colégio particular da classe média de São Paulo. Durante uma aula de educação artística, sua professora, Sônia, diz a ele que utilize o que ela chama de “lápis cor da pele” para pintar um desenho. A frase desperta em Dudu uma crise de identidade. Com toda a inocência de uma criança da sua idade, Dudu passa a carregar o lápis em questão consigo para encontrar alguém que possa sanar seus questionamentos. O curta também está disponível em libras.
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Maré é o apelido de João, um menino de dez anos que sonha ser mestre de capoeira como seu pai, dando continuidade a uma tradição familiar que atravessa várias gerações. O curta mistura ficção e documentário para contar uma pequena história de amor e guerra.
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Para conferir a lista completa, que também selecionou desenhos com representatividade infantil negra, acesse o Cinema Farol.
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Quantos personagens infantis negros você conhece?
O Cinema Farol nos ajuda a lembrar de alguns deles, e problematiza a falta de representatividade nesse segmento, reflexo do racismo estrutural que ainda impera na sociedade. Alguns exemplos de personagens negros nos desenhos são a Tempestade e o Spike (sobrinho de Tempestade), no desenho X-MAN; John Stewart (único Lanterna Verde negro), em “A Liga da Justiça”; Kwane (representante da África), em “Capitão Planeta, a Diana, em “A Caverna do Dragão”, Dhalsim, de “Street Fighter”, entre outros.
Além destes personagens, em 2017 o Cartoon Network, anunciou a personagem Bliss (no Brasil, Estrelinha), uma menina negra e quarta integrante d’As Meninas Superpoderosas.