Crianças desconectadas da natureza não se desenvolvem plenamente

A experiência na natureza reduz o estresse e dá ao ser humano uma sensação essencial de bem-estar, além de incentivar cooperação e criatividade,

Da redação Publicado em 19.01.2017
Um garotinho segura uma muda de planta encolhendo as duas mãos e cheirando as folhas com os olhos fechados.

Resumo

A especialista Margaret Lamar propõe 10 questões que devem ser levadas em consideração na hora de pensar medidas para promover a socialização dos parques.

Toda criança, independente de onde mora ou de suas condições socioeconômicas, tem direito ao contato com a natureza. Entretanto, infelizmente, não é o que acontece e o que se vê em muitos lugares pelo mundo.

Para abordar este tema, Margaret Lamar, diretora de Iniciativas Estratégicas para a Children And Nature Network (C&NN), escreveu um texto sobre a importância de as pessoas agirem em conjunto para conectar todas as crianças à natureza.

Primeiramente, ela sugere que uma comunidade deve se unir e se empenhar para transformar a narrativa e as condições que perpetuam a divisão, a discriminação e o ódio.

“Ao investir nossa energia colocando intencionalmente o amor no centro de nossa experiência humana comum, podemos corajosamente esperar mudar a maneira como vivemos e prosperamos juntos nas comunidades”, escreveu.

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Comunidade deve se unir para favorecer o livre acesso das crianças à natureza.

Segundo Margaret, já é possível notar em algumas cidades dos Estados Unidos uma persistência e trabalho conjunto entre comunidades para trazer a beleza e a natureza para as crianças.

Veja abaixo os exemplos citados por ela:

  • Em Oakland, o East Bay Regional Park District conduz “passeios multiculturais” para que pessoas das comunidades chinesa, coreana, afro-americana e latina vivenciem os parques por meio de intercâmbio e diálogo cultural.
  • A Biblioteca Sun Ray “Nature-Smart”, em Saint Paul, usa o tempo para história em quatro idiomas (somali, hmong, espanhol e inglês), como trampolim para experiências familiares na natureza em um parque adjacente.
  • Em Chicago, o “Space to Grow” transforma os pátios escolares em belos e funcionais espaços para brincar, aprender, praticar jardinagem e criar novas maneiras para que crianças, famílias e idosos possam estar ao ar livre – e também para que as comunidades afro-americanas e latinas possam compartilhar campos de futebol e quadras de basquete de novas formas.
  • O programa “Fresh Tracks” possibilita que jovens de Los Angeles se interliguem com jovens do Círculo Ártico do Alasca para trocar culturas em ambos os lugares, transformando sua compreensão da natureza e de si mesmos.

“Pesquisas baseadas em políticas históricas e atuais que promovem a discriminação racial mostram que as crianças negras têm acesso desigual a parques, jardins, pátios escolares verdes, trilhas e vias navegáveis”

Ela ainda ressalta que, cada vez mais, essas crianças não se sentem bem-vindas ou seguras em parques públicos por não acharem que estes locais pertencem a elas. Assim, Margaret lembra que o ideal é abordar o acesso igualitário à natureza ao lado das condições sociais que promovem ou impedem que as crianças vivenciem os ambientes ao ar livre.

A experiência na natureza reduz o estresse e dá ao ser humano uma sensação essencial de bem-estar, além de incentivar atividade, cooperação, criatividade, e uma maior conexão familiar. Estar em contato com a natureza, segundo Margaret, dá a pessoa o sentido de pertencer a algum lugar.

“Quando não temos um sentimento de pertencer, ficamos vulneráveis ao medo, e as crianças que vivem com medo e falta de conexão não podem prosperar plenamente”

Para ela, os espaços verdes naturais são apenas parte de um conjunto complexo de soluções para as divisões encontradas na sociedade atual, porém, podem proporcionar algumas condições para a união entre as pessoas.

Em seu texto, Margaret deixa para os leitores 10 perguntas a serem consideradas na hora de pensar medidas para eliminar o separatismo social e para que mais crianças tenham acesso livre à natureza. 

10 perguntas para aproximar as crianças da natureza

  • 1. Como pode o tempo na natureza – em bairros e lugares selvagens – desempenhar um papel central em ajudar a criar as mudanças que buscamos fazer na cura de divisões raciais?
  • 2. Como os parques públicos e espaços verdes podem ser utilizados para promover o diálogo intercultural e a narração de histórias?
  • 3. Como podemos envolver as comunidades em ações para embelezar e administrar os parques e espaços verdes da vizinhança e, assim, aumentar o sentimento de “pertencer” das crianças?
  • 4. Como podemos usar a natureza ou a programação ao ar livre para encorajar o intercâmbio cultural e a liderança comunitária baseada na juventude?
  • 5. De que maneira as comunidades e as forças da ordem podem usar seus parques de vizinhança para fomentar a confiança mútua?
  • 6. Como podemos aumentar a conscientização sobre por que as crianças negras não se sentem seguras em parques e espaços verdes, e construir vozes de jovens para a mudança de base?
  • 7. Como podem os esforços de base trabalharem junto com os políticos para a justiça ambiental em nossas comunidades, particularmente em relação aos níveis de toxinas no ar, água e terra?
  • 8. Quando as terras da escola pública são pavimentadas, estéril da biodiversidade e fechado ao público, como as comunidades podem trabalhar com as escolas e outros tomadores de decisão para incentivar o acesso ao pátio público e a ecologia?
  • 9. Como os pequenos jardins comunitários e os maiores jardins botânicos podem criar conexões entre tradições culturais, alimentos e sabedoria geracional?
  • 10. Como podemos capacitar a liderança existente dentro das comunidades para criar novas maneiras para as mães, pais, jovens e idosos liderarem as crianças em experiências ao ar livre?

 

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