Patrícia Marinho: transformando o desejo de brincar em negócio

"Acordar para ir trabalhar tendo o salário como principal benefício deixou de fazer sentido", conta Patrícia Marinho, do Tempojunto

Mayara Penina Publicado em 12.11.2015
Patrícia Marinho: foto de uma mulher que sorri e tem duas crianças ao seu lado, que olham para a foto.
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Resumo

Patrícia Marinho, fundadora do Tempojunto, fala sobre sua experiência de empreendorismo. "Acordar para ir trabalhar tendo o salário como principal benefício deixou de fazer sentido. Passar mais tempo de qualidade com as minhas filhas virou minha prioridades", conta.

Ganhar o próprio dinheiro, empreender fazendo o que gosta e tudo isso passando tempo de qualidade com os filhos. Já falamos aqui no Lunetas desse movimento crescente no Brasil que é o empreendedorismo materno, e do quanto é importante apoiar e fomentar esses negócios autônomos. Assim, contribuímos para que mais e mais crianças possam crescer com presença e cuidado.

Para que você, leitor, conheça mais sobre este universo, conversamos com a mãe empreendedora Patrícia Marinho. Ela é fundadora do nosso parceiro Tempojunto, projeto que disponibiliza soluções práticas para pais brincar com seus filhos. Por meio de dicas de brincadeiras que podem ser feitas em qualquer lugar, situação, ou disponibilidade de tempo.

Entrevista com Patrícia Marinho

Lunetas – Qual foi seu impulso para criar o Tempojunto?
Patrícia Marinho – Durante a minha segunda licença maternidade, percebi que precisava rever as minhas prioridades e encontrar um propósito claro para a minha vida. Acordar para ir trabalhar tendo o salário como principal benefício deixou de fazer sentido.

Passar mais tempo de qualidade com as minhas duas filhas, por exemplo, virou claramente uma dessas prioridades. Comecei a refletir mais sobre qual era o meu papel, como adulto, na formação dos filhos. E redescobri a importância do brincar. Tanto para o desenvolvimento integral das crianças (físico, cognitivo, social e emocional) quanto para o fortalecimento do vínculo entre pais e filhos.

Comecei o blog para me obrigar a brincar mais (sem brincadeira não tem post, não é verdade?) e também para fazer um registro da infância das minhas filhas. Pouco tempo depois, diante da repercussão positiva, me deparei com o fato de que tinha tocado num ponto importante com o meu projeto. A falta consciência por parte dos adultos de que brincar é importante. E falta tempo de brincadeira no cotidiano das crianças.

Quando eu descobri, numa pesquisa chamada “Percepções e práticas da sociedade Brasileira sobre a fase inicial da vida”, que só 19% dos adultos sabe que brincar é importante para o desenvolvimento, ficou claro quanto o Tempojunto poderia ser relevante e como o desafio de deixar o mundo mais brincante poderia ser o meu propósito.

Quando você descobriu que ele podia ser um projeto negócio?
PM – Percebi que o Tempojunto seria um negócio quando entendi que existe uma demanda por mais brincadeiras na sociedade e eu posso desenvolver produtos e serviços capazes de suprir esta demanda. O livro “Tempojunto – 100 brincadeiras incríveis” que lancei em outubro pela Matrix Editora é um exemplo disso. Também já lancei uma linha de produtos baseados nas fotos da família, em parceria com o Ateliê Digital Danada Lembrança. Estamos começando a realizar palestras e oficinas, ainda temos projetos com marcas que têm interesse pela causa do desenvolvimento das crianças e pela promoção do vínculo familiar.

Ou seja, quando percebi que uma ideia diferenciada e relevante, e mais, que eu tinha várias maneiras diferentes de gerar receitas com esses conteúdos, ficou claro que eu tinha um negócio nas mãos.

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Arquivo pessoal

Gabi e Carol: brincadeiras para diferentes idades

Como você avalia a situação do empreendedorismo materno atualmente?
PM – De um lado, com extremo otimismo. A maternidade faz a gente refletir sobre valores essenciais e nos leva a desenvolver projetos por motivos que vão além da geração de lucro pura e simples. Eu participei do Artemisia Lab Primeira Infância e pude conhecer vários projetos assim, como o Casa de Viver, um espaço de coworking criado justamente para atender as demandas das mães que querem trabalhar sem descuidar dos filhos.

Por outro lado, fico triste quando vejo a forma amadora com que muitas mães se lançam no empreendedorismo. No segmento de produção de conteúdo, por exemplo, é impressionante a quantidade de blogs maternos em que as pessoas publicam conteúdo alheio, sem dar o devido crédito, não se preocupam em checar as fontes de uma informação e que, ainda por cima, apresentam posts feitos só porque alguma marca mandou um kit de presente.

Quais conselhos você daria para uma mãe que quer empreender em um negócio como o seu?
PM – Nossa, muitos! Primeiro, se prepare para enfrentar dificuldades. O mais complicado não é ter uma ideia boa, mas sim conseguir colocá-la em prática. Você vai precisar de planejamento para saber que caminho quer seguir e como fazer ajustes de rota à medida que as dificuldades aparecem. E não espere resultado da noite para o dia. Construir um negócio é correr uma maratona. Não é corrida de 100 metros.

Tenha clareza sobre qual é a proposta de valor do seu negócio. O que você está oferecendo? Quem é seu cliente? Que problema do cliente você resolve? Como você ganha dinheiro resolvendo este problema? Por que alguém compraria o seu produto ou serviço e não o do concorrente? Por último, não seja um herói solitário. Procure pessoas, fundações, ferramentas, cursos que irão ajudar a complementar as suas competências a fazer com que seja viável colocar o negócio de pé.

Qual o momento atual do Tempojunto? O que esperam para 2016?
PM – O Tempojunto está deixando de ser uma startup para ganhar escala. Portanto, nosso foco são as iniciativas que vão assegurar a monetização do projeto sem que a gente se afaste um milímetro do nosso propósito. Mesmo com toda a situação macro econômica do Brasil, como ainda somos muito pequenos, acreditamos num aumento significativo tanto da audiência quanto dos produtos e projetos que vamos colocar na rua. O ano vai ser divertido por aqui.

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