É no carnaval que se manifestam as relações sociais centradas na alegria. Nos blocos infantis, as crianças podem ocupar as ruas e se conectar com o território
Os blocos para crianças que acontecem pelo Brasil durante o Carnaval oferecem a oportunidade de os pequenos ocuparem os territórios da cidade e retomarem, mesmo que apenas por algumas horas, o prazer de brincar livremente nas ruas.
Todo mês de fevereiro, a maior parte das cidades brasileiras, entre capitais e interior, veem suas ruas tomadas pela festa popular mais famosa do país, o Carnaval. O que isso tem a ver com os direitos da criança? Relembrar a importância de brincar na rua.
Nosso parceiro Centro de Referências em Educação Integral defende que a relação é direta. Se considerarmos que quanto mais humanizada é uma cidade, mais a rua será ocupada, usufruída e democratizada como espaço de convívio, o Carnaval é o palco onde isso acontece. A oferta de folia planejada especialmente para crianças relembra o papel da sociedade civil nesse processo, e muitas vezes preenche uma lacuna que seria do poder público.
“Os blocos para crianças que acontecem pelo Brasil durante o Carnaval oferecem a oportunidade de os pequenos ocuparem os territórios da cidade e retomarem, mesmo que apenas por algumas horas, o prazer de livremente brincar na rua”, diz o texto do Centro de Referências.
O que a rua significa, nesse contexto? Compreender essa ideia passa por reforçar que o espaço público deveria ser, por direito, o lugar onde são reconhecidas identidades e reforçadas as coletividades de que todos nós fazemos parte. As crianças, então, fazem parte disso.
Ou seja, quando estamos na rua, crianças ou adultos, é que percebemos quais são suas fragilidades e potências, o que favorece a participação cidadã e a responsabilidade social.
O evento também possibilita mostrar a importância de ações individuais, como organização e responsabilidade para que ações coletivas possam acontecer.
“Desde a Antiguidade Clássica, a praça é o espaço de convivência e discussão política. Então quando as crianças dominam a praça, também começam a entender que são parte do povo, do coletivo, e que elas devem ser cuidada por todos”.
A afirmação é de Luciana Souza Santos, diretora da escola Arthur Guimarães, na Vila Buarque, em São Paulo, referindo-se à importância de trazer para a pauta pública a ideia da rua como direito da população.
Em relação à apropriação do espaço público, não é por acaso que vem crescendo o apelo que os blocos carnavalescos entre a população. Para o geógrafo Alessandro Dozena, isso acontece por conta da necessidade de obter momentos de expressão e manifestação das relações sociais centradas na alegria. “É a partir desses elementos que a população consegue voltar e se apropriar das ruas do bairro, das praças e de outros equipamentos públicos”, explicou o pesquisador do FIT (Festas, Identidades e Territorialidades) em entrevista ao Portal Aprendiz.
Leia o texto na íntegra do Centro de Referências em Educação Integral.