Brasil é um dos piores países sul-americanos para ser menina

O relatório apresenta ranking com 144 países, classificando-os com base no casamento infantil, na educação, na gravidez na adolescência e mortalidade materna

Da redação Publicado em 11.10.2016
Em primeiro, uma garotinha pobre e desacompanhada está de mochila chegando à escola. Ao fundo, uma escola em condições precárias

Resumo

Segundo a ONG Save The Children, o Brasil apresenta números elevados de gravidez na adolescência e casamento infantil. Em conjunto, os dados colocam o país como um dos que mais impõem barreiras ao desenvolvimento feminino, privando as mulheres de oportunidades. 

De acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira pela ONG Save the Children, por ocasião do Dia Internacional da Menina, o Brasil é o pior país da América do Sul em termos de oportunidades o desenvolvimento de meninas.

O relatório “Até a última menina. Livres para viver, livres para aprender, livres de perigo” apresenta um ranking com 144 países, classificando-os do melhor para o pior para as garotas com base no casamento infantil, na educação, na gravidez na adolescência, na mortalidade materna e no número de legisladoras mulheres.

Nígeria, Chade, República Centro-Africana, Mali e Somália aparecem nos últimos lugares do ranking. O país mais bem classificado é a Suécia, seguida por Finlândia, Noruega, Holanda e Bélgica

Segundo a ONG, o Brasil apresenta números elevados de gravidez na adolescência e casamento infantil. Em conjunto, os dados colocam o país como um dos que mais impõem barreiras ao empoderamento feminino, privando as mulheres de oportunidades. “Alguns países na América Latina têm performances piores nesses indicadores do que para educação e mortalidade materna”, pontua o relatório.

O casamento infantil principal preocupação da ONG. No mundo, uma garota com menos de 15 anos se casa, na maioria das vezes forçadamente, a cada sete segundos

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A falta de acesso à educação e o alto índice de casamento infantil no país são alguns dos indicadores que posicionam o Brasil como um dos piores países para ser menina na América do Sul.

Em casos extremos, identificados em países como Afeganistão, Iêmen, Índia e Somália, crianças com menos de dez anos já são forçadas a se casar.

“O casamento infantil começa um ciclo de desvantagens e nega às garotas oportunidades de aprendizado, desenvolvimento e de serem crianças” — critica a Carolyn Miles, presidente da ONG Save the Children. — “Garotas que casam muito cedo muitas vezes não vão à escola e estão mais vulneráveis à violência doméstica, ao abuso e ao estupro. Elas ficam grávidas e têm filhos antes de estarem fisicamente e emocionalmente prontas, o que pode gerar consequências devastadoras para a saúde delas e dos bebês”

Campanha “Por ser menina”

Para alterar essa realidade, a organização internacional sem fins lucrativos Plan International lançou a campanha “Por Ser Menina” (“Because I’m a Girl”), uma ação global que visa evidenciar as situações de violência e preconceito vividas por meninas ao redor do mundo. A iniciativa tem o objetivo final de  conscientizar a população mundial sobre o empoderamento das meninas de todo o mundo e, particularmente, em países em desenvolvimento, por meio da educação. Além disso, a ação estimula o desenvolvimento de projetos e políticas públicas para impulsionar o potencial das meninas e assegurar o pleno exercício de seus direitos.

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