Anticoncepcional masculino: o que sabemos até agora?

Em testes finais, a injeção sem hormônios pode evitar gravidez e até a transmissão do vírus causador da aids

Da redação Publicado em 26.09.2022
Anticoncepcional masculino: foto de um homem branco que sorri. Ele está deitado em um leito de hospital.
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Resumo

O anticoncepcional Risug está em fase de testes por pesquisadores do Instituto Indiano de Tecnologia e deve ser lançado em 12 meses. O método é não hormonal e possui fácil reversão.

Em agosto de 1960, o primeiro anticoncepcional feminino chegou ao mercado. Após 62 anos do lançamento da pílula Enovid, o Instituto Indiano de Tecnologia divulgou que o contraceptivo “Risug” (sigla em inglês para Inibição Reversível do Esperma Sob Controle). Direcionado ao público masculino, está em fase final de testes, com previsão de lançamento em 12 meses. Mas afinal, como funciona o anticoncepcional masculino? Como ele pode mudar o rumo da contracepção que conhecemos atualmente e levar mais homens a dividir essa responsabilidade com as mulheres?

Desvendando o anticoncepcional masculino

O Risug é uma injeção contraceptiva em gel aplicada, com anestesia local, nos dois ductos deferentes, responsáveis pelo transporte dos espermatozóides no sistema reprodutor masculino. O gel é feito de um polímero chamado anidrido maleico de estireno. Essa substância não hormonal é capaz de destruir a cauda dos gametas fazendo com que eles não consigam alcançar e fertilizar os óvulos.

Segundo especialistas, além da finalidade de evitar a gravidez com efeitos que duram até 10 anos, a injeção poderá bloquear a transmissão de HIV. Assim, pode ser uma alternativa à vasectomia, pois é menos agressiva e pode ser revertida com mais facilidade do que o procedimento cirúrgico – uma mistura de bicarbonato de sódio com água pode anular o efeito do contraceptivo. 

Segundo os pesquisadores do Instituto Indiano de Tecnologia, o Risug foi testado em 300 voluntários e apresentou uma eficácia de 97%. Entre os efeitos após aplicação, os testes relataram inchaço e dor na região do escroto e virilha, que se resolvem dentro de um mês. Nenhum efeito colateral adverso foi relatado durante os testes em humanos.  

Perspectivas brasileiras

Não há previsão de chegada do Risug no Brasil, mas há pesquisas no país voltadas à produção de um anticoncepcional masculino hormonal. Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) publicaram um estudo (em inglês) na revista “Molecular Human Reproduction” falando sobre a capacidade da proteína Eppin de gerar medicamentos que controlam a fertilidade masculina.

O estudo foi iniciado em 2016 e teve parceria com os departamentos de Farmacologia e de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além do Instituto de Biologia e Medicina Experimental do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas, da Argentina. Para as novas etapas da pesquisa, está prevista colaboração com cientistas da Inglaterra, de Portugal e da Universidade de São Paulo (USP).

*Com informações de Agência Brasil.

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