Animação sensível ensina que educar é libertar, e não controlar

Sem palavras, mas rico em simbologias, o curta "Uma lição nebulosa" mostra como a linha entre educação e controle é muito sutil

Da redação Publicado em 07.04.2017
Cena do curta Uma lição nebulosa mostra um avô e um neto em close, com expressões de surpresa.

Resumo

Ao mostrar a relação entre um avô e seu neto, o curta de animação "A Cloudy Lesson" mostra que educar é libertar, e faz pensar em como os limites entre o controle e a educação são muito sutis.

“A infância é um outro: aquilo que, sempre além de qualquer tentativa de captura, inquieta a segurança de nossos saberes, questiona o poder de nossas práticas e abre um vazio em que se abisma o edifício bem construído de nossas instituições de acolhimento. Pensar a infância como um outro é, justamente, pensar essa inquietação, esse questionamento e esse vazio.”

O trecho acima faz parte do texto “O enigma da infância, do educador e filósofo espanhol Jorge Larrosa. Para ele, “educar” é um verbo complexo, e deve ser praticado no sentido não de impor experiências, mas sim no de compartilhar e mostrar presença.

Para o pensamento pedagógico do autor, que é referência mundial nos estudos sobre a infância, é mais importante entender que é a criança é um “outro”, que escapa de nossas tentativas de captura ou compreensão, do que julgar que podemos, enquanto adultos, impor nossos saberes como verdades absolutas.

O curta de animação “A cloudy lesson”(“Uma lição nebulosa”, em livre tradução), produzido pelo Ringling College of Art + Design, é um retrato desse pensamento. De forma muito singela, o filme traz justamente essa mensagem, e fala de como, enquanto pais, professores e educadores, muitas vezes somos sucumbidos pelo desejo de controlar a criança. Como já disse o escritor Mario Sergio Cortella, “somos pais, e não donos dos filhos”.

Na história, que se passa em um cenário de sonho e fantasia, um avô fazedor de nuvens tenta ensinar o ofício ao neto. Depois de muitas tentativas frustradas de ensinar o que sabe, os dois aprendem que, às vezes, grandes aprendizados vêm de acidentes felizes.

Com uma linguagem rica em simbologias e metáforas sutis sobre a transmissão de conhecimento, o curta explora a relação entre adulto e criança do ponto de vista da experiência, em que importa mais compartilhar interrogações do que impor verdades únicas. Podendo ser apresentado na sala de aula ou em casa com os pequenos, o filme se transforma em uma verdadeira lição sobre a educação, as relações humanas e a própria concepção social e historicamente construída de conhecimento.

Dê o play e inspire-se!

 

 

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