Alimentação da mãe durante a amamentação: o que muda?

Existem alimentos que aumentam ou reduzem a produção de leite? Tudo que a mãe come vai para o leite? Quais alimentos causam cólicas no bebê?

Da redação Publicado em 18.07.2017

Resumo

Para tirar todas as dúvidas sobre alimentação da mãe durante a amamentação, conversamos com a nutricionista Lucia Potenza.

Depois de meses de espera, chega o bebê em casa e toda a rotina da família precisa ser revista. Dentro de todos os ajustes, a alimentação saudável da mãe durante a amamentação é umas das coisas mais difíceis de manter, principalmente se a mulher não tiver apoio para preparar a comida e dar conta de todos os cuidados das crianças. Mas, o fato é que aleitamento e alimentação são coisas que andam juntas. Pois é preciso que a mãe esteja bem e saudável para amamentar o bebê.

Há muitos mitos que rondam esse assunto e deixam as mulheres inseguras com o que pode comer, o que não pode e qual é a quantidade. Existem alimentos que aumentam ou reduzem a produção de leite? Tudo que a mãe come vai para o leite? Quais alimentos causam cólicas no bebê?

Tire suas dúvidas sobre alimentação da mãe durante a amamentação

  • Existem evidências científicas provando que determinados alimentos causam cólicas no bebê?

Não existem alimentos que podem causar cólica no bebê. Devemos ficar atentos aos tabus alimentares. O que se deve manter é a alimentação habitual, semelhante a que foi realizada durante a gestação, com ênfase nos hábitos saudáveis, observando a individualidade e sensibilidade do bebê. Recomendo não fazer restrições alimentares sem orientação do médico ou nutricionista.

  • Existe uma quantidade ideal de líquido para se tomar? Isso tem a ver com a idade do bebê?

Durante a gravidez, estima-se que a ingestão adequada de líquidos seja de aproximadamente de dois a três litros por dia. Vários fatores como temperatura ambiente, umidade, atividade física, influência do exercício também influenciam na necessidade que a mãe sente de tomar água.

  • Existem alimentos que aumentam ou diminuem a produção de leite? Quais são eles?

A demanda do bebê é o principal fator na determinação do volume de leite materno. Isso é ilustrado pela capacidade das mães de amamentar com sucesso gêmeos ou trigêmeos.

A demanda da criança depende, por sua vez, da idade, do peso, bem como de quaisquer distúrbios médicos que afetem as necessidades metabólicas do bebê ou a capacidade de alimentação eficiente.

Bebês saudáveis ​​que são alimentados em livre demanda tendem a estimular o aumento do volume de leite e alcançar um crescimento adequado. A adição de substitutos do leite ou alimentos sólidos reduz a demanda infantil pelo leite materno e, assim, reduz a produção de leite.

Mulheres saudáveis ​​que amamentam exclusivamente produzem aproximadamente 750 a 800 ML por dia de leite, quando a lactação é totalmente estabelecida.

Os fatores maternos associados à diminuição do volume de leite incluem esvaziamento incompleto das mamas, estresse materno, ansiedade, fadiga, doença, uso de contraceptivos orais hormonais e tabagismo.

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É recomendado reduzir o consumo de cafeína (café, chá preto, chá mate, chá verde, chocolate, refrigerantes a base de cola), pois pode causar insônia ou hiperatividade nos lactentes.

  • Bebida alcoólica durante a amamentação é recomendada?

Não. Se a mãe ingerir qualquer bebida alcoólica, uma pequena porcentagem do álcool é transferida para o bebê através do leite materno. A literatura informa que não há uma quantidade de álcool considerada segura, enquanto a mãe amamenta.

  • Alimentos diet ou light prejudicam a amamentação?

Não. Adoçantes compostos por aspartame, sucralose, neotame, sacarina e acesulfame K geralmente não apresentam contra indicação. Vale ressaltar que a sacarina quando associada ao ciclamato é contra indicado. A lactante deve seguir as recomendações de seu médico ou nutricionista.

  • Algo deve mudar na amamentação da mãe durante a amamentação exclusiva? E depois do primeiro ano do bebê?

Os requisitos nutricionais para apoiar a lactação são elevados e para alguns requisitos são maiores nas mulheres que amamentam, quando comparadas com mulheres grávidas. Por exemplo, os requisitos para energia, proteína, ômega 3, vitaminas A, C, E, B6, B12, folato, niacina, riboflavina e tiamina, e minerais de iodo, selênio e zinco, são aumentados em mulheres lactantes. Em contrapartida, os requisitos para as vitaminas D e K e os minerais cálcio, fluoreto, magnésio e fósforo não diferem entre estados lactantes e não lactantes. A exigência de ferro é menor durante a lactação. Para as mulheres que consomem uma dieta equilibrada, o aumento dos requerimentos de nutrientes pode ser satisfeito pelo aumento da ingestão de alimentos. Para algumas dietas restritivas, podem ser necessários suplementos dietéticos.

  • Se a mãe se alimenta mal, o leite materno perde nutrientes?

A literatura informa que reduções leves ou moderadas na ingestão de energia materna parecem ter um efeito limitado no volume do leite durante o dia. Em um estudo, a restrição dietética de 1500 calorias por dia durante uma semana não reduziu a produção de leite diária. Da mesma forma, perda de peso moderada com ou sem exercício, não afeta negativamente a lactação.
Segundo a literatura, períodos mais longos de dieta também são bem tolerados. Em um estudo, 22 das 33 mulheres que completaram um programa de redução de peso de 10 semanas perderam uma média de 5 kg e a produção diária de leite foi semelhante ao período em que as mães não faziam dieta e os bebês ganharam média de ganho de peso diária adequada.

  • Comer café e chocolate fazem mal para o bebê? Qualquer quantidade?

É recomendado reduzir o consumo de cafeína (café, chá preto, chá mate, chá verde, chocolate, refrigerantes a base de cola), pois pode causar insônia ou hiperatividade nos lactentes. A recomendação é não exceder 300mg de cafeína por dia.

*Este conteúdo foi produzido pelo extinto Catraquinha em julho de 2017, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein. Em maio de 2018, o Catraquinha migrou para o Lunetas.

 

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