Método fônico e método global: você sabe qual a diferença entre um e outro?
Método fônico e método global: você sabe qual a diferença entre um e outro? Entenda o que muda com a decisão do novo Ministro da Educação.
Com o fim da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), cuja extinção foi uma das medidas do novo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, foi criada a Secretaria de Alfabetização. Logo após a posse de Jair Bolsonaro, Vélez declarou que pretende substituir as estratégias globais de aprendizado pelo método fônico.
Muitos pais, professores e cuidadores podem ficar em dúvida sobre o que muda com a nova pasta, e as estratégias que ela pretende seguir. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a proposta é promover a alfabetização não apenas de Português, mas também de novas tecnologias.
Trata-se de um processo de alfabetização em que se aprende os sons de cada letra e a partir de cada fonema e se constrói os sons em conjunto para alcançar a pronúncia completa da palavra.
Até então, utiliza-se o método global, em que se aprende frases inteiras. Além dessas duas, há pelo menos outras duas linhas de pensamento acerca do tema alfabetização: a estratégia que aproveita conceitos das duas anteriores, e por último a que compreende que a aprendizagem depende mais do professor e sua abordagem de ensino, independentemente do método utilizado.
O MEC não possui o poder de obrigar as redes municipais de ensino responsáveis pela alfabetização a adotar um método ou outro. Porém, o novo ministro já sinalizou que a pasta criará programas de alfabetização nos moldes do método fônico.
Também é uma prática que secretarias de educação que adotam as regras recebam verbas extras e subsídio pedagógico da Secretaria recém-criada, como uma forma de incentivo. Nosso parceiro Centro de Referências em Educação Integral ouviu alguns especialistas em alfabetização para repercutir as reflexões que a decisão suscita.
Hilda Micarello, professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), lembra ainda que é preciso articular a formação de professores, produção de materiais didáticos, infraestrutura das escolas e bibliotecas e avaliações com a própria secretaria de Educação Básica.
“A alfabetização é uma etapa sob responsabilidade dos municípios, o ente federado com menor poder orçamentário. A União deve ser um ente indutor de políticas e dar apoio financeiro e condições”, diz a especialista. Até o momento, no entanto, nenhum programa ou aporte de investimento foi anunciado.
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Panorama da alfabetização no Brasil – Do final do século XIX até as primeiras décadas do século XXI passamos de 17,7% de brasileiros alfabetizados (Censo de 1872) para 93% da população com 15 anos ou mais de idade. (Fonte: IBGE, 2017)