‘O Diário de Anne Frank’ é publicado pela primeira vez em HQ

Anne Frank tinha 15 anos quando perdeu a vida em um campo de concentração nazista. Graças ao seu diário, o mundo conheceu o Holocausto por dentro.

Da redação Publicado em 23.10.2017
Ilustração mostra a família de Anne Frank ao redor de uma mesa, com um bolo de aniversário no meio.

Resumo

Por seu forte teor histórico, humano e confessional, "O Diário de Anne Frank" até hoje figura na lista dos livros mais vendidos do mundo - somente no Brasil, foram mais de um milhão de exemplares.

Publicado pela primeira vez em 1947, o livro “O Diário de Anne Frank” é considerado uma das principais obras literárias do século XX. No Brasil, a versão original do diário, autorizada por Otto Frank – o pai da menina – foi lançada pela editora Record, e agora ganha sua primeira versão em quadrinhos, em edição inédita e oficial pela Fundação Anne Frank.

Aos 15 anos, a judia Anne Frank foi vítima do Holocausto. Até o fim da vida, em 1945, ela narrou as agruras da perseguição nazista aos judeus em um diário que se tornou uma das principais obras do século XX. Suas anotações foram resgatadas dois anos após sua morte, pelo pai da menina, Otto Frank – único sobrevivente da família – que decidiu transformá-las em livro.

Por seu forte teor histórico, humano e confessional, “O Diário de Anne Frank” até hoje figura na lista dos livros mais vendidos do mundo – somente no Brasil, foram mais de um milhão de exemplares.

“O destino de Anne Frank – a menina de origem judaica que se transformou em símbolo de milhões de crianças que ainda nos dias de hoje têm seus direitos desrespeitados – e seu diário são um verdadeiro monumento aos direitos humanos”, diz o texto de apresentação do livro.

Para os professores que querem aproximar os alunos das reflexões sobre o regime nazista e suas consequências sociohistóricas, trata-se de uma obra fundamental, e uma defesa do olhar do jovem sobre assuntos complexos. E também para aqueles que querem trabalhar a literatura confessional.

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Com 15 anos, a judia Anne Frank foi vítima do Holocausto. Até o fim da vida, ela escreveu um diário que se tornou uma das principais obras do século XX.

Com tradução de Raquel Zampli, “O Diário de Anne Frank” acaba de chegar às livrarias também pela editora Record. O texto da publicação foi adaptado pelo roteirista e cineasta Ari Folman e pelo ilustrador David Polonsky, e será lançado em 50 países.

No diário – a quem a menina trata como uma amiga próxima e chama carinhosamente de “Kitty” –, Anne narra o cotidiano de sua família, que tenta se esconder do regime nazista em meio à Segunda Guerra Mundial, e o dia a dia no campo de concentração Bergen-Belsen, na Alemanha, onde viveu com a irmã até a sua morte.

Querida Kitty, espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda”, diz a menina logo no início do livro.

Em seu diário, que acabou se tornando um dos livros mais vendidos em todo o mundo, Anne faz observações que vão do engraçado ao profundo sobre o mundo ao seu redor; e reproduz os conflitos clássicos de uma adolescente, com direito à primeira paixão e às brigas com a irmã, por exemplo.

A transformação para o formato em quadrinhos não foi fácil e, em nota no fim da edição, os autores comentam algumas de suas escolhas, como a decisão de reproduzir páginas inteiras e inalteradas de texto quando julgassem necessário; e de transformar os períodos de depressão e desespero de Anne em cenas fantásticas ou com aura de sonho.

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Anne Frank foi imortalizada como uma das figuras mais importantes da História mundial, considerada pela revista Time um ícone do século XX.

Em um dado momento, a menina conta ao diário os devaneios e sonhos que passam pela cabeça dos judeus que só querem escapar com vida dos campos de concentração, e menciona seu desejo de voltar a estudar.

“Como você passou por uma guerra, Kittt, vou contar, só de brincadeira, o que cada um de nós quer fazer assim que puder sair de novo. Margot [irmã de Anne] adoraria ficar na banheira por dois dias inteiros. Madame van Daan anseia por um bolo. Mamãe está louca por uma xícara de café de verdade. (…) Quanto a mim, eu só gostaria de voltar à escola.

Em outro trecho, ela narra com exatidão o impacto do horror nazista sobre as crianças e jovens como ela, e chega a comemorar o dia em que recebe “boas notícias”, a de que tentaram assassinar Hitler.

“‘Bem no fundo, os jovens são mais solitários do que os adultos’. Li isso em algum lugar e ficou na minha mente. Até onde eu sei, é verdade. Então, se você está se perguntando se ficar aqui é mais difícil para os adultos do que para os jovens, a resposta é não, com certeza. Os mais velhos têm uma opinião formada sobre tudo, são seguros de si e de seus atos.

Para nós, jovens, é duas vezes mais difícil sustentar nossas opiniões numa época em que os ideais são estilhaçados e destruídos, quando o pior lado da natureza humana predomina”

Além de ter se tornado um grande símbolo de resistência ao Holocausto e de ter ajudado a popularizar, ao longo de 70 anos, um triste capítulo da História Mundial que não deve ser esquecido, Anne era também uma escritora talentosa, e a versão em HQ de seu diário realça alguns dos melhores momentos de sua escrita.

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“Não temos uma boa noite de sono há séculos”, conta a menina.

“Pareceu-me inconcebível que uma garota de 13 anos fosse capaz de um olhar tão maduro, poético e lírico sobre o mundo à sua volta e traduzisse o que via em registros concisos e questionadores, transbordando de compaixão e humor, com um grau de autoconsciência que eu raramente encontrei no mundo adulto, muito menos entre crianças”, escreve Ari Folman no livro.

““O diário de Anne Frank em Quadrinhos” foi publicado com a colaboração da Fundação Anne Frank, e o apoio do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância ), com o objetivo de chamar a atenção para os direitos das crianças em todo o mundo. Assim, parte da renda será destinada à instituição.

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