Além disso, existe o plano de parto, um documento que leva em consideração as condições da mãe e do bebê e registra as escolhas da parturiente
Para reduzir o número de cesarianas no país, o Ministério da Saúde está implantando diversas medidas no Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com maior percentual de cesáreas no mundo, com uma taxa de 55,6%, perdendo apenas para a República Dominicana, com 56,4%. Esses números levantam uma reflexão sobre a forma como lidamos com um momento tão importante, que é o parto.
A cesárea é, sem dúvidas, uma conquista médica. Por meio dela, muito se avançou em relação às gestações de risco e muitas vidas podem ser salvas graças à intervenção cirúrgica. No entanto, é preciso estar atento aos números.
Recomendada quando há risco para mãe ou bebê, a cesárea frequentemente é imposta às mulheres baseada em informações falsas. Rápida, agendada e lucrativa, vira opção de muitos médicos, quando deveria ser uma exceção à regra.
Em 2017, foram feitos 2,7 milhões de partos no Brasil. Considerando apenas os realizados pelos serviços de saúde públicos, 58,1% foram normais e 41,9% cesarianas. Apesar de representar a maioria, a diferença para o parto normal ainda é pequena e precisa ser olhada com atenção.
Para evitar processos cirúrgicos desnecessários, o Ministério da Saúde criou um sistema de monitoramento online, disponível a partir de 19 de março pelo site da Secretaria de Vigilância em Saúde, para acompanhar a quantidade de cesáreas feitas no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados poderão ser consultados tanto pelas mães como gestores de serviços hospitalares.
Outra iniciativa do Ministério é a realização do plano de parto – um documento que leva em consideração as condições da mãe e do bebê e registra as escolhas da mulher em relação ao próprio parto, desde que não coloque em risco a vida de nenhum dos dois. Para saber mais a respeito, clique aqui e confira a matéria do Lunetas.
O Ministério da Saúde vai ainda liberar R$ 14 milhões para ações prioritárias em saúde sexual e reprodutiva nos municípios e promover ações educativas na Atenção Básica, onde é realizado o pré-natal.
Também será implantado o projeto Parto Cuidadoso em 634 maternidades do país, que pretende investir na capacitação de enfermeiras obstétricas e obstetrizes para atenção ao parto normal.
Desde 2015 até 2017, o foram capacitadas 2.774 enfermeiras que trabalham em maternidades, hospitais, centros de parto normal em obstetras. Essas profissionais estão aptas a fazer o parto normal de risco habitual. Além disso, 611 serviços passaram a contar com enfermeiras obstetras e obstetrizes.
O projeto Parto Cuidadoso foi inspirado no Parto Adequado, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que identifica modelos para viabilizar o parto normal e garantir a redução das cesarianas Em três anos, evitou 10 mil cesáreas desnecessárias em 35 hospitais, dentre eles o Hospital Israelita Albert Einstein (SP), o Sophia Feldman (MG) e o Agamenon Magalhães (PE).
“Precisamos garantir políticas que ampliem a assistência e garantam um atendimento adequado. As mulheres são as maiores usuárias do SUS e precisamos garantir acesso integral em todo país. Em relação a ação para coibir a realização de cesáreas desnecessárias, essa iniciativa vem ao encontro do fortalecimento de boas práticas para o parto normal. Temos que identificar os pontos fracos de cada serviço para que juntos possamos criar mecanismos que os ajudem a investir na realização de parto normal”, declarou o Ministro da Saúde, Ricardo Barros.
As mulheres são as maiores usuárias do SUS. No ano passado, 619 milhões de mulheres receberam algum atendimento pela rede pública, segundo dados do governo.
Durante o mês de março, o Ministério da Saúde programou vários bate-papos sobre a Saúde da Mulher. São conversas ao vivo, na página do Facebook, com especialistas nos mais diversos assuntos do universo feminino.
A primeira conversa, que aconteceu no dia 2 de março, teve como tema parto natural e a violência obstétrica. Entre as discussões que ainda acontecem durante o mês estão métodos contraceptivos, prevenção de ISTs, violência e saúde mental, sexualidade, entre outros.
Violências e a saúde mental das mulheres – 14/03/2018 às 15:00
Saúde da Mulher na Adolescência – 23/03/2018 às 10:00
Sexualidade (adolescente, idoso, deficiência) – 28/03/2018 às 15:00
O Ministério da Saúde também institui a Semana de Mobilização pela Saúde das Mulheres no SUS, que começará no dia 28 de maio, quando é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher. O tema de 2018 será Redução da Mortalidade Materna.
Além disso, o edital que vai liberar os recursos para a saúde da mulher tem metas a serem alcançadas até 2022, como a redução da gravidez não planejada na adolescência e a oferta do contraceptivo DIU de cobre na Atenção Básica. Confira algumas das metas:
• Redução de 17,5% para 15% da gravidez não-planejada na adolescência;
• Inclusão de mulheres idosas no planejamento das ações de saúde sexual e climatério;
• Ampliação da oferta de DIU de cobre em 20% na Atenção Básica (onde é realizado o pré-natal na rede pública de saúde);
• Ampliar o pré-natal do parceiro de 37% para 67%.
Fátima Pelaes, secretária nacional de Políticas para as Mulheres, ressaltou que a mulher também tem o direito de sair da maternidade já com o Dispositivo Intrauterino (DIU), “porque quando ela retorna, já volta ao hospital com outra gravidez”.
Desde dezembro de 2017, o DIU de cobre está disponível em maternidades e hospitais públicos do país, além das unidades básicas de saúde. O método contraceptivo é também oferecido após o parto e em casos de abortamento.
Até 2019, 852 serviços e 4.625 profissionais serão qualificados para implantação do DIU de cobre em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.
Este é um método prático e altamente eficaz, livre de hormônio, com duração de até 10 anos e índice de segurança maior que 99%, é um método reversível, que pode ser retirado a qualquer momento e em que a fertilidade retorna logo após a remoção.
O ministro da saúde defende ainda que é importante “financiar a saúde e não a doença”. O objetivo do Ministério da Saúde é não só reduzir o número de cesarianas no país como também o de doenças raras. Por isso, é necessário investir no atendimento às gestantes, no pré-natal.
Uma das medidas anunciadas pelo governo é o aconselhamento genético para casais com risco de gerar filhos com doenças raras hereditárias. De acordo com o governo, R$ 965,3 milhões do orçamento foram gastos no ano passado para atender somente 1.334 pacientes com doenças raras.
Segundo a OMS existem oito mil tipos de doenças raras no mundo. Elas são consideradas assim porque afetam, no máximo, 65 pessoas em cada grupo de 100 mil. Delas, 80% tem origem genética, por isso não são curáveis.
Só no Brasil, segundo um estudo feito pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), existem 13 milhões de pessoas com algum tipo de doença rara.
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