‘Zumbi assombra quem?’: livro infantil aborda questões raciais

"Zumbi é um tipo de monstro fedorento caindo aos pedaços ou um guerreiro pensante que mora nos vãos da terra?", brinca o livro, do escritor

Da redação Publicado em 22.09.2017
Ilustração interna do livro Zumbi assombra quem mostra um homem negro de perfil com turbante. Ao fundo, um amarelo com árvores e coqueiros.

Resumo

O livro traz o ponto de vista de uma criança negra e periférica, o menino Candê, e apresenta uma narrativa altamente crítica e poética.

O líder quilombola Zumbi dos Palmares se eternizou na História como um símbolo da resistência negra. Mas como ele aparece no imaginário social do brasileiro? Como as crianças o veem? Que outros símbolos habitam a discussão sobre raça no universo da infância?

No dia 3 de outubro (terça-feira), o escritor e historiador Allan da Rosa vai lançar o livro infantil “Zumbi Assombra Quem?”, pela editora Nós, na Ação Educativa. Daruê, 10, o filho do autor, inspirou o pai a criar essa história cheia de perspectivas históricas e sociais.

Buscando sensibilizar as crianças sobre questões de raça, de classe e também sobre a ancestralidade, o livro traz um olhar sobre a cultura afro-brasileira da perspectiva de uma criança.

No livro, o menino Candê está muito curioso sobre a africanidade que leva em seus poros, cabelos e passos, e faz uma série de descobertas sobre o universo negro.

  • Sinopse – Zumbi é um tipo de monstro fedorento caindo aos pedaços ou um guerreiro pensante que mora nos vãos da terra? A pergunta que martela a cabeça do garoto direciona diálogos com o seu Tio Prabin, com a sua Mãe Manta e, em sonhos e lembranças, com a sua Vó Cota Irene, todos moradores de um bairro periférico. O enredo flui com personagens inusitados e cenários que vão de quintais a botecos. Pelos seus olhos de menino, surgem os mistérios, alegrias e medos de Zumbi ao lidar com questões que desafiam seu povo há séculos.
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Allan da Rosa

Capa e imagem interna de “Zumbi Assombra Quem?”.

O título chega às livrarias às vésperas do Dia das Crianças e próxímo ao Mês da Consciência Negra, e abre reflexões sobre a História do Brasil, a paternidade, o cotidiano de uma família negra periférica e o impacto do racismo estrutural na sociedade e no dia a dia das crianças.

“Eu tenho o sonho de que as pessoas mais velhas leiam “Zumbi Assombra Quem?” em voz alta e com a sua molecada e seus coroas, porque não há intimidade maior do que ler junto”, diz o escritor, que, como pai, traz também no livro a dimensão da paternidade negra no Brasil, e as dificuldades que enfrenta para combater os efeitos do preconceito na educação do filho.

“Precisei, tanto por meio de histórias, quanto de estudo da História, apresentar positividade a ele. Na minha busca, eu não queria apresentar só heróis infalíveis e idealizados, mas também as contradições da nossa História. Isso aparece no livro, com os diálogos do Tio Prabin com o menino Candê”, conta Da Rosa.

O lançamento do livro, no dia 3 de outubro, será aberto ao público e será realizado na Ação Educativa, no centro de São Paulo, das 19h às 22h. O evento vai contar com atrações musicais e culturais, com os grupos Bloco Afro Ilu Inã (Afoxé), Conde Favela (Jazz) e Coentro Rosa (Quinteto que compõe músicas sobre os contos e prosas do autor: Renato Gama e Mariana Per (Nhocuné Soul e 3 Áfricas), Melvin Santana (Os Opalas e Boogie Naipe), Adriana Moreira (Cordão da Fuleragem e Camisa Verde e Branco) e Allan da Rosa.

Sobre o autor

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Allan da Rosa é escritor e angoleiro. Integra desde o princípio o movimento de Literatura Periférica de SP e foi editor do clássico selo “Edições Toró”. Historiador, mestre e doutorando na Faculdade de Educação da USP, ali, na ocupação do Núcleo de Consciência Negra, fez cursinho e foi professor e alfabetizador. Pesquisa e atua em ancestralidade, imaginário e cotidiano negro. Há anos organiza cursos autônomos de estética e política afrobrasileira em várias quebradas paulistanas. Já palestrou, recitou, oficinou e debateu em rodas, feiras, universidades, bibliotecas e centros comunitários de muitos estados do Brasil e por Cuba, Moçambique, EUA, Colômbia, Bolívia e Argentina, entre outras paragens. É autor de Da Cabula (Prêmio Nacional de Dramaturgia Negra, 2014), Zagaia (juvenil), dos livros-CD A Calimba e a Flauta (Poesia Erótica, com Priscila Preta) e Mukondo Lírico (Prêmio Funarte de Arte Negra, em 2014), além do ensaio “Pedagoginga, Autonomia e Mocambagem” e outras obras.

 

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