“O menino maluquinho”, obra mais famosa do cartunista que completa hoje 90 anos, ganha pela primeira vez uma versão animada
“O menino maluquinho”, obra mais famosa do cartunista Ziraldo, ganha uma versão animada pela primeira vez. A animação celebra os 42 anos do personagem e marca os 90 anos do artista.
“Era uma vez um menino maluquinho. Ele tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés”. Em 1980, essas frases abriam a primeira edição dos quadrinhos “O menino maluquinho”, obra do cartunista Ziraldo. Cheio de ideias e usando uma panela como chapéu, a alegria e criatividade de Maluquinho e seus amigos Julieta e Bocão vêm conquistando as crianças por mais de quatro décadas.
Além dos 42 anos do trabalho mais famoso de Ziraldo, há outros motivos para celebrar. Neste 24 de outubro, comemoramos os 90 anos do cartunista e conhecemos novos personagens na recém-lançada série de animação “O menino maluquinho”.
Feita para crianças a partir de 10 anos, a série, que está no catálogo da Netflix, mostra como Maluquinho sempre dá um jeito de transformar o dia a dia em uma grande aventura. Em nove episódios de até 15 minutos, o menino liberta sapos, sente medo de escuro, faz trabalhos escolares sobre marsupiais, cuida de plantas com o avô e desce a rua em um carrinho de rolimã logo depois. Agora, o menino que “tinha o olho maior que a barriga e vento nos pés” pode divertir mais uma geração de pequenos brasileiros, “trazendo discussões e desafios da infância e adolescência, com temas atuais e num formato inédito”, conta Ziraldo, em nota.
“Assim, pais e filhos poderão assistir juntos: uns para relembrar a infância, e outros para criar suas próprias memórias”
Para atualizar Maluquinho aos novos tempos, a produção retrata Julieta e Bocão como crianças negras e, diferente das “dez namoradas” que a obra de 1980 atribuía ao garoto, o protagonista não namora na animação. A personagem Julieta, que antes era uma das namoradas de Maluquinho, agora é uma menina inteligente, cheia de carisma e dilemas próprios da idade – sem que sua existência esteja atrelada a uma figura masculina.
Com reconhecimento internacional e uma extensa produção de caricaturas, histórias em quadrinhos, cartazes políticos, ilustrações, contos e poesias, foi aos seis anos que a carreira de Ziraldo começou, ao publicar seu primeiro desenho no jornal A Folha de Minas. Ziraldo acumula prêmios como o Oscar Internacional de Humor e foi o primeiro latinoamericano a ser convidado a fazer um cartaz para o Unicef.
Ziraldo também lançou, entre outras obras, “A turma do Pererê” (1959), primeira obra colorida feita por um só autor no país, que foi censurada pela Ditadura Militar em 1964; “O Pasquim” (1964), revista crítica ao regime militar que vigorava na época; e ilustrou “Chapeuzinho amarelo” (1970) e “Os saltimbancos” (1977), de Chico Buarque.
Você sabia?
O nome Ziraldo é uma mistura do nome dos seus pais: a costureira Zizinha Alves Pinto e o guarda-livros Geraldo Alves Moreira Pinto. Ziraldo é o primogênito de uma família de sete irmãos, e nasceu em Caratinga (MG).