“Se é preciso uma aldeia para criar uma criança, é fundamental um grupo de amigas para viver a maternidade”
Amigas de maternidade são aquelas mulheres que se aproximam por causa da relação entre seus filhos e constroem um vínculo poderoso que pode durar a vida toda. Leia mais no texto da Juliana Prates, que coleciona várias amigas de maternidade em seu círculo de amizades.
Quando se fala de maternidade é comum abordar as alegrias e dores de ser mãe, a sobrecarga materna, a culpa infinita que se impõe sobre as mulheres. No entanto, pouco aparece um dos presentes mais fantásticos que a maternidade proporciona: a amizade entre as mães dos amigos de nossos filhos e nossas filhas.
Os primeiros encontros entre as amigas de maternidade costumam se dar na porta da escola, nos dias de adaptação, nas festinhas e apresentações escolares. No começo podemos até não conversar direito com nenhuma mãe em especial, mas aí seu filho passa a falar muito do nome daquele ou daquela coleguinha. A partir da vontade de querer brincar também fora do ambiente escolar, você entra em contato com a mãe de Júlia ou de Cauê, marca uma ida na pracinha, um dia de praia. A mãe de Amanda ou de Duda convida para um dia de brincadeira na casa delas. A mãe de Arthur chama para um cinema. As possibilidades de encontro são infinitas e sua agenda é tomada pela agenda dos filhos. Criam-se os grupos de WhatsApp (podem ser um verdadeiro transtorno, mas nos salvam tantas vezes daquele temido pedido de cartolina no domingo à noite) e as trocas entre as mães se intensificam.
Aos poucos, você começa a perceber que essas mulheres parecem te compreender muito bem! Elas sabem o quanto pode ser cansativo ser mãe, mas também te lembram dos momentos maravilhosos que existem no exercício da maternidade. Elas têm sugestões, dicas e se tornam também o ombro amigo que nos consola quando algo não vai bem conosco ou com nossos filhos e filhas.
Essa amizade só se torna possível quando deixamos de comparar as crianças, quando percebemos que o desenvolvimento não é uma competição, e abandonamos o desejo e a cobrança pela perfeição da maternidade.
As amigas-mães-dos-amigos-dos-seus-filhos salvam o dia em que não é possível buscar na escola a tempo, se revezam entre levar e buscar nas festinhas, no cinema, cuidam dos seus filhos quando você quer curtir uma noite sem crianças. Se você tiver sorte (talvez seja melhor dizer privilégio), um dia você percebe que as amigas-mães-dos-amigos-dos-seus-filhos são simplesmente suas grandes amigas, e já não precisam nem mais dos filhos para se encontrarem. São aquelas que compartilham contigo todo um percurso de descobertas, frustrações e divertimentos. São as mulheres que guardam um pouco da memória das infâncias dos seus filhos e filhas. Olhar as fotos dos seus filhos é olhar também as fotos dos filhos e filhas dessas mulheres.
Quando você encontra essa amizade no curso da maternidade, tudo fica mais leve. As quedas são amparadas por muitas mãos e abraços. As alegrias se multiplicam, pois você passa a ter muitos sobrinhos e sobrinhas (aqui na Bahia os pais dos nossos amigos se tornam imediatamente tios e tias).
É tão triste quando tentam nos convencer de que as mulheres não conseguem ser amigas.
Só nós sabemos a importância das amigas na nossa história, principalmente na construção da maternidade. Se é preciso uma aldeia para criar uma criança, é fundamental um grupo de amigas para viver a maternidade! Agradeço sempre aos meus filhos pela oportunidade de conhecer mulheres tão incríveis. Desejo que toda mãe possa contar com essa rede fantástica formada pelas mães.
P.S.: Como no desenvolvimento sempre existe bidirecionalidade, o contrário também é verdadeiro: muitas vezes os filhos-das-amigas-das-mães também se tornam grandes parceiros de aventuras pela vida afora!
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