Antes de qualquer coisa, é preciso entender que elas não fazem isso para estragar o seu dia ou te tirar dos nervos.
Para melhor lidar com a birra, confira a lista de reflexões da psicóloga Laura Markham, fundadora do AhaParenting.com.
O que fazer quando as crianças entram em uma crise emocional, ou começam as famosas birras? Antes de qualquer coisa, é preciso entender que elas não fazem isso para estragar o seu dia ou te tirar dos nervos. Até os dois anos, o córtex frontal de uma criança ainda está desenvolvendo a habilidade de controlar suas emoções e comportamentos, e é por isso que os ataques de raiva acontecem, como os pais bem sabem.
A especialista em parentalidade Laura Markham, autora de diversos livros sobre criação de filhos, preparou algumas dicas:
Para que ele seja motivado a desenvolver o autocontrole. Quando seres humanos revidam — mordendo irmãos, quebrando coisas, desafiando — é porque se sentem com medo ou magoados. Esse conflito desconecta seu filho de você, mesmo que você geralmente esteja próximo. A motivação dele para “se comportar bem” vem da conexão com você, então você precisa restabelecer essa conexão antes de poder atuar no comportamento. Assim que você perceber que seu filho está ficando chateado e ultrapassando os limites do comportamento aceitável, chegue perto e reconecte-se: “Querido, eu acho que nós todos precisamos de um abraço… vem cá.”
Por isso, você pode prevenir o “mau comportamento” ajudando seu filho a canalizar suas grandes emoções em risadas. Crianças têm uma necessidade constante de jogos de arremessar onde elas possam satisfazer esse impulso de jogar coisas. Experimente brincar de jogar objetos num balde, ou arremessar bolinhas ou jogar bichinhos de pelúcia escada abaixo. Observe, dispute (de leve), admire seus arremessos, e seja “bobo” para arrancar risadas do seu filho. Toda criança pequena necessita de muita brincadeira de disputa e jogos onde possam se sentir poderosos.
Então, quando seu filho estiver começando a passar dos limites, você pode pegá-lo nos braços, levantá-lo no alto e correr pela casa com ele, cantando uma música que o faça rir, por exemplo. Disputem entre si quem consegue latir mais ferozmente até que vocês dois estejam dando risada e o humor tenha mudado — adapte essa brincadeira para crianças mais velhas. Eu acho guerra de travesseiro essencial para a vida de quem tem gêmeos e adolescentes.
A menos que, em algumas ocasiões, as coisas tenham ido longe demais e seu filho apenas necessite expressar todo aquele choro e medo, e brincar não vai mudar o humor. Então você pode…
Quando seu filho está irritado ou desafiador e brincar não muda o humor, ele está pedindo sua ajuda para lidar com as grandes emoções. Toda criança nova carrega uma ‘mochila emocional fictícia’ onde eles vão guardando as emoções que não se sentem seguros para expressar no momento. Quando essas emoções estão perto de vir à tona e ser liberadas, as crianças se sentem desconectadas de nós. Elas demonstram isso se recusando a cooperar. Quando nós ignoramos esses sinais, podemos estar certos de que em breve isso vai aumentar e explodir.
Ao invés disso, previna o “mau comportamento” sendo proativo e ajudando seu filho a reconhecer e expressar sua frustração. Como? Crie segurança. Demonstre compaixão o máximo que puder. Se aproxime e olhe no olho. Se necessário, ponha sua mão no braço dele para o impedir de arremessar algo, ou na sua barriga para o impedir de avançar na irmã. Coloque seu limite o mais gentilmente que puder: “Querido, não vou permitir que você faça isso.”
Provavelmente, ele vai desabar em lágrimas. E provavelmente vai antes dirigir a raiva contra você. Se você se mantiver compassivo (e se esteve mantendo uma boa conexão com brincadeiras e tempo especial a sós), ele vai se sentir seguro o suficiente para te demostrar o choro e o medo por trás da raiva. Acolha essas emoções. Às vezes o medo parece com uma crise de raiva, seja com dois ou 10 anos, mas ele precisa do ambiente acolhedor da sua presença calorosa para vivenciar essas emoções de que ele está cheio.
A boa notícia sobre emoções é que, uma vez vivenciadas, elas evaporam. Depois dessa crise, seu filho vai ficar mais relaxado e pronto para reconectar e cooperar.
Quanto mais nova é a criança quando você começa a permitir a expressão das emoções, melhor ela vai controlá-las enquanto cresce e menos crises você vai ver. Mas mesmo as mais velhas sentem essa segurança que você está criando e demonstram o que está aborrecendo elas. Respire fundo e não leve a raiva deles para o lado pessoal.
Isso significa que você vai aceitar insultos? Não. Você pode dizer:
Nossa, você deve estar muito chateado para estar falando comigo dessa maneira. O que está acontecendo, querido?
Então você ouve, e continua respirando fundo! Depois, provavelmente seu filho vai espontaneamente pedir desculpas. Se não pedir, você pode comentar com ele que falar com respeito é uma das regras da casa.
É claro que nada disso te impede de estabelecer limites. É nossa responsabilidade guiar nossos filhos. Mas todo ser humano resiste em ser controlado. Crianças de todas as idades são mais propensas a seguir nossa orientação quando nós entendemos a perspectiva deles. (É mais fácil também para um ser humano redirecionar um impulso do que o reprimir completamente).
“Comida não é para jogar! Você está me mostrando que está satisfeito? Diga “Satisfeito, mamãe” e eu te ajudo a descer da mesa… Já que você quer jogar, vamos pegar suas bolinhas??”
“Eu sei, é difícil parar de brincar e se preparar para dormir. Eu aposto que quando você crescer, não vai querer dormir nunca… você vai querer aproveitar a noite toda, não vai? Mas agora é hora de se preparar para dormir.”
Quando nós mesmos reagimos revidando, isso sempre torna as coisas piores. Se você consegue controlar suas próprias emoções, você pode sempre acalmar a tempestade. É isso que vai ensinar as crianças a administrar as emoções delas, e o que vai permitir, por sua vez, que elas também administrem seu próprio comportamento.
Com informações de Paizinho, vírgula.
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