O atlas interativo desenvolvido pela Unesco mostra como a desigualdade de gênero afeta a educação, sobretudo de meninas, em todo o mundo
Cerca de 16 milhões de meninas entre seis e 11 anos nunca terão a chance de ir à escola primária. O número equivale ao dobro de meninos que serão privados do ensino formal. É o que diz o Atlas da Desigualdade, desenvolvido pela Unesco.
Quase 16 milhões de meninas entre 6 e 11 anos nunca irão à escola, de acordo com um levantamento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Os números estão no Atlas de Desigualdade de Gênero na Educação, divulgado pela instituição em razão do Dia Internacional da Mulher.
De acordo com a Unesco, as meninas são as primeiras a ter negado o direito à educação
A desigualdade segue principalmente nos Estados Árabes, na África Subsaariana e na Ásia Meridional e Ocidental. Na África Subsaariana, 9,5 milhões de meninas nunca entrarão em uma sala de aula. No caso dos meninos, serão 5 milhões.
Na Ásia, 80% das meninas que estão atualmente fora da escola nunca receberão educação formal, o que equivale a 4 milhões. Entre os meninos, menos de 1 milhão nunca receberá educação formal, o que equivale a 16% daqueles que estão hoje fora da escola.
Em relação aos Estados Árabes, a Unesco diz que as meninas são a maioria das milhões de crianças fora da escola, mas não é possível precisar quantas, devido aos conflitos na região, que dificultam a elaboração de estatísticas exatas. O Brasil aparece no Atlas como um país sem dados estatísticos específicos sobre gênero na educação básica.
Eliminar as desigualdades de gênero no acesso à escola é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estipulados pela ONU, que devem ser cumpridos até 2030. Atualmente, uma em cada oito crianças com idades entre seis e 15 anos está fora da escola e as meninas são as primeiras a serem excluídas.
Mais de 63 milhões de meninas no mundo inteiro não recebem educação formal
“Nunca alcançaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se não conseguirmos vencer a discriminação e a pobreza que paralisam a vida das meninas e das mulheres de geração a geração”, diz a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, em nota divulgada nessa quarta-feira (2).
“Devemos trabalhar em todos os níveis, desde a base social até os dirigentes mundiais, para fazer da equidade e integração os eixos de toda política, de forma que todas as meninas, sejam quais forem as suas circunstâncias, vão à escola, prossigam os estudos e cheguem a ser cidadãs emancipadas”, afirma.
Comunicar erro“Os dados também mostram que as meninas que conseguem começar a escola primária e fazer a transição para a educação secundária tendem a ter um desempenho melhor que o dos meninos e a continuar seus estudos”, diz Irina