O brincar dos bebês: quem estimula é o espaço, e não o adulto

O bebê que aprende por ele mesmo a se movimentar e a buscar realizar suas metas são capazes de passar horas brincando e explorando sozinhos

Mamusca Publicado em 20.08.2018

Resumo

Qual o limite entre oferecer as condições para o brincar e interferir na descoberta dos bebês? Esse é o tema da nova coluna do nosso parceiro Mamusca. "Que o mundo seja o verdadeiro espaço de brincar das crianças", diz o texto.

Os bebês nascem com curiosidade natural sobre o seu mundo e o desejo de explorar e aprender. E para entender o mundo, os bebês precisam experimentá-lo. Eles têm uma enorme necessidade e prazer em tocar, provar, sentir tudo ao seu redor. E, assim, vão experimentando as diferentes texturas, sons, cheiros, pesos, etc. se entendendo e se constituindo no mundo. É assim que eles aprendem. E isso acontece o tempo todo.

Os bebês são exploradores por natureza, e entender isso é fundamental para oferecermos condições para que o espaço o estimule de maneira mais rica possível.

Aqui, já deixamos claro o modo como pensamos: quem estimula o bebê é o espaço, os materiais, os objetos, as inúmeras possibilidades que um ambiente bem preparado pode proporcionar. E não o adulto.

Nós, adultos, temos um papel fundamental de oferecer essas condições, mas não de dizer como eles, os bebês, devem brincar e o que devem fazer.

O bebê que aprende por ele mesmo a se movimentar e a buscar realizar suas metas são capazes de passar horas brincando e explorando sozinhos. E, principalmente, se divertindo a cada nova descoberta e conquista.

Objetos pouco estruturados, como blocos de madeira, tecidos, elementos naturais, latas, etc. podem se transformar em muitas coisas. Ou seja, quando permitimos que os bebês criem e se desenvolvam “naturalmente” em um ambiente rico de possibilidades, com adultos que ele confia e se sente seguro, estamos ajudando a formar pessoas mais confiantes e que se sentem competentes no mundo.

Oposto disso, crianças que crescem sendo constantemente estimuladas ou guiadas por um adulto sentem-se mais facilmente entediadas e inseguras e correm o risco de se sentirem pouco confiantes em si mesmas.

Quando defendemos o silêncio, a escuta, a presença respeitosa do adulto com a criança é sobre isso que estamos falando. Sobre tudo isso, melhor dizendo.

Podemos, então, pensar em preparar ambientes ricos de possibilidades, com brinquedos e objetos simples e variados. Até os três anos, especialmente, a experiência literal e real no mundo faz toda a diferença para o desenvolvimento psíquico do bebê e da criança pequena. O contato com a natureza, com o ar livre, com objetos de diferentes naturezas, etc. são possibilidades de intervenções simples, mas ricas de sentidos. Temos que aprender a andar no ritmo deles. Enxergar o que estão nos mostrando para termos novas ideias e pensar no que os interessam.

Que o mundo seja o verdadeiro espaço de brincar das crianças. Que o natural faça parte da vida deles desde sempre. Que possamos oferecer mais afeto do que presentes materiais. E que o brincar dos bebês seja respeitado e reconhecido em sua beleza e no seu tempo.

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