11 especialistas falam sobre a importância do pai para a criança

Culturalmente, associamos o cuidado à mulher, mas isso não quer dizer que os homens sejam incapazes de cuidar

Da redação Publicado em 15.04.2016

Resumo

Foram abordados temas como cultura machista, paternidade e segurança pública, desigualdade social e o papel do gestor público na promoção da paternidade. Assista aos vídeos.

A campanha #maispresença do Lunetas continua querendo trazer à tona a discussão do papel do pai durante a licença paternidade e ao longo de toda a infância. No mês em que foi sancionado o aumento da licença-paternidade para empregados das empresas cidadãs de cinco para 20 dias, nossos parceiros da Rede Nacional Primeira Infância lançaram uma série de vídeos sobre o envolvimento dos homens no cuidado das crianças pequenas.

Ao todo, onze especialistas conversaram sobre cuidado paterno e falaram de temas como a desnaturalização do cuidado, cultura machista, paternidade e segurança pública, paternidade e desigualdade social, licença-paternidade, feminismo e o papel do gestor público na promoção da paternidade. Acompanhe os vídeos!

Cuidado paterno e relações sociais

“Quando você se dispõe a ser mais sensível no cuidado do seu filho, você percebe como isso se reflete nas suas relações com as outras pessoas. Você percebe que a maneira como você se comunica com o seu filho, não violenta e tentando entender os sentimentos dele, que essa maneira funciona também com a esposa e com os colegas de trabalho.

“A onda de empatia começa a crescer e a pulsar na sua vida, e isso é muito bacana”

Thiago Queiroz, do blog Paizinho Vírgula.

Gestão pública e paternidade

“Uma das formas dos gestores públicos promoverem o exercício da paternidade é sensibilizar os nossos profissionais da saúde para que estejam atentos para questões pequenas que podem facilitar e induzir um pai a participar, ou não.

“Se a gente quer que o pai participando do pré-natal, por exemplo, precisa ter duas cadeiras no consultório”

Paulo Bonilha, então coordenador da área técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde.

Feminismo e paternidade

“O movimento feminista conseguiu muito êxito em fazer com que as mulheres ocupassem o espaço público no mercado de trabalho, na política, na cultura e na educação.

“Ainda falta o movimento de os homens se voltarem mais para o espaço doméstico, para compartilhar o cuidado das crianças”

Mariana Azevedo, do Instituto Papai

Homens cuidadores

“A principal coisa que eu aprendi com a pesquisa sobre homens que cuidam sozinhos dos filhos é que cuidado faz bem para a saúde do homem. Todos esses pais estavam mais felizes depois que eles passaram a cuidar dos seus filhos todos os dias.

“Se você cria oportunidades para que os homens sejam cuidadores, vamos estar beneficiando a qualidade de saúde dos pais, e consequentemente, da saúde dos filhos”

Maria Luiza Carvalho, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Cultura do cuidado

“Eu acho que um dos grandes desafios para a promoção da paternidade é a gente desnaturalizar esse tema do cuidado, observar que cuidado não é inerente à pessoa mas que se aprende a fazer, e educar meninas e meninos para serem cuidadores.

“Culturalmente, a gente vê as mulheres muito mais envolvidas no cuidado, mas isso não quer dizer que os homens sejam incapazes ou incapacitados para cuidar”

Marcos Nascimento, do Instituto Fernandes Figueira.

Segurança pública e paternidade

“Uma criança que vê dentro de casa um homem que também é cuidador, que divide tarefas domésticas, que é um homem equitativo, a tendência é que ela se torne um adulto mais equitativo também. Da mesma forma, se a criança aprende que os seus conflitos são mediados pela violência, ela vai agir de forma violenta.

“É importante a gente entender que paternidade também tem a ver com segurança pública”

Marco Aurélio Martins, do Instituto Promundo

Impacto positivo da participação do pai

Existe uma relação muito forte entre a participação do pai na vida das crianças e a redução das desigualdades. A participação do homem na vida das crianças impacta a vida da menina e do menino, da família, e vai mais além, impacta a cidade.

Luciana Phebo, da Plataforma de Centros Urbanos do UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância.

Desnaturalização do cuidado

“Hoje não é esperado dos homens que eles assumam um papel de cuidado das crianças, e é importante quebrar esse paradigma. Se a criança, por exemplo, fica na creche, e ligam porque a criança se machucou ou está com febre, sempre vão ligar pra mãe, e acham que é a mãe quem tem que ir buscar.

“Não é esperado do pai que ele largue a sua jornada de trabalho para fazer essa tarefa, mas é esperado da mãe, inclusive com vários julgamentos morais”

Heloiza Egas, da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Paternidade e militância por direitos

“A experiência de ser pai na minha vida foi revolucionária. Quem trabalha com direitos humanos e de infância sempre reivindica e defende direitos de outros. E desde o nascimento da minha filha, o discurso dos direitos humanos passou a ter insônias, a acordar de uma maneira muito mais atenta para defender direitos de crianças de zero a três anos é urgente.

“Cada dia na vida dessa criança tem um impacto gigantesco”

Fabio Paes, da Aldeias Infantis SOS Brasil e atual presidente do Conanda – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Licença paternidade

“É a legislação que coloca de uma forma muito clara que o cuidado das crianças é algo feminino, um prazer muito grande, mas uma grande responsabilidade e trabalho também, e que poderiam ser compartilhados com os homens.”

“Eu acredito que o maior empecilho ao exercício da paternidade e do cuidado pelos homens é a licença-paternidade tão curta”

Daniel Costa Lima, psicólogo e mestre em saúde pública.

Paternidade e práticas de cuidado

“Eu fico pensando em quantos momentos, como mãe, não deixei o pai participar do cuidado das crianças, e o quanto foi importante o movimento do pai dizer ‘Sim, eu quero participar’.

“A intensidade de ouvir um homem dizendo ‘Eu quero ter o direito de participar’ nos faz revisitar experiências pessoais”

Angelita Herrmann, da Área Técnica da Saúde do Homem do Ministério da Saúde

 

Comunicar erro
Comentários 1 Comentários Mostrar comentários
REPORTAGENS RELACIONADAS