Desenhos infantis inteligentes que não misturam marcas com diversão
Confira a lista de desenhos infantis criada pela escritora, roteirista e mãe Paola Rodrigues. Escreve nos blogs Cartas para Helena e Não Pule da Janela. Confira!
Paola Rodrigues é escritora, roteirista e mãe. Escreve nos blogs Cartas para Helena e Não Pule da Janela, onde discute temas que englobam a maternidade e sociedade. Ela discute a qualidade das produções infantis no universo dos desenhos animados. Para dar novas possibilidades às famílias, ela listou 10 desenhos infantis inteligentes, que trazem debate sobre igualdade e que não misturam marcas com diversão.
“Crianças merecem conteúdo de qualidade. Desenhos e filmes igualitários, longe de sexismo, que desenvolvam a criatividade e relações positivas”, defende.
Esta é uma produção nacional, ponto positivo, que tem como protagonista uma menina chamada Luna, que é como toda criança: uma cientista. Ela, seu irmão Júpiter e o furão Cláudio – sim, como o Imperador Romano historiador e escritor – vivem aventuras para solucionar a maior questão do desenho “Porque isso está acontecendo?”. Primeiro temos um desenho muito bem feito, tanto artisticamente, quanto em roteiro. Os diálogos são divertidos, os assuntos sempre muito interessantes, a ponto de que a família se reúne na sala para ver junto.
Não é para crianças muito pequenas, já que sua temática é bem reflexiva. Lali é uma menina meio monstro que foi convidada para o concurso Monstro do Universo por seu amigo Romeu Umbigo. E é nesse mundo cheio de monstros coloridos, um cenário maravilhoso, músicas originais e divertidas, que vemos Lali se deparando com sentimentos que podem transformar humanos em monstros quando não discutidos. Na história temos temas como inveja e raiva, sempre abordado de forma muito lúdica e sincera.
Este é um desenho produzido na Nigéria e que infelizmente não possui tradução ou legendas em português, mas a importância dele já se mostra exatamente por isso: conhecemos apenas uma versão da história do continente africano. Uma escritora nigeriana Chimamanda Adichie falou certa vez em um palestra no TED sobre os perigos da história única, como somos apresentados sobre uma versão dos fatos e criamos esteriótipos perigosos. O desenho conta a história de dois irmãos que são criados pela avó e é um retrato muito colorido, divertido e inteligente do que [agora] é a realidade na Nigéria.
Lola é uma menina muito, muito energética e cheia de imaginação e, felizmente, possui um irmão carinhoso, que lhe ajuda a dar asas para suas histórias. O mais legal é ver como eles constroem as histórias. Muito simples, muito doce e sempre com situações onde Charlie explica pacientemente coisas para Lola.
Desenho produzido pela Discovery Kids é uma adaptação da obra da neozelandesa Gill Pittar. É muito, muito raro encontrar desenhos cujo protagonista não seja branco. O erro é em fazer com que crianças vejam desenhos que não condizem com sua realidade. O mundo não possuí só uma cor, uma língua e uma forma de ver as coisas. Essa é a grande importância de buscar desenhos com diversidade e que respeitem isso de forma leal. Este é o caso. Milly e Molly vivem aventuras, mostram o valor da amizade, discutem assuntos sobre a vivência infantil, quando tantos sentimentos e problemas estão se apresentando pela primeira vez.
Produzido por dois estúdios, um brasileiro e um canadense, o desenho tem uma arte impecável, um roteiro legal e histórias que ensinam o valor da amizade; passeia por questões como egoísmo e brincadeiras que não funcionam. Yuri, o personagem principal, possuí o melhor amigãozão da história, um elefante azul gigante. Cada personagem tem seu amigo e com eles vive aventuras, promovendo uma linda sensação de trabalho em equipe e de como podemos buscar experiências inusitadas em lugares óbvios.
Rita Bastos (sim, ela é latina!) é uma super-heroína que combate os vilões dando uma aula de português. Uma menina latina, que se parece uma menina latina, o que é mais raro ainda, que caiu na Terra junto com seu macaco, O Capitão Caretas. Não bastante, os vilões tem nomes como: Doutor Cerebro de 30 Rato, Teodoro Tobias 3º e Dona Redundância. É um desenho muito bem produzido, escrito, divertido, com sentido e a representação dos personagens e da heroína é fantástico.
Um desenho para crianças pequenas, que consegue conversar sobre números de forma didática e divertida. Usam a dinâmica de que aquilo poderia ter sido rabiscado por uma criança.
Produção francesa que conta a a história de um jovem índio na Amazônia. O desenho não foca em relações familiares, que era o forte da cultura indígena. Mas, para pessoas que querem que os filhos tenham contato e apreciem um desenho divertido, Paola acha que é uma boa opção.
Mais um brasileiro para a lista, só que este tem uma das histórias mais bacanas que já vi [e tanto socialista, vá]. Gajah é um elefante indiano que se perdeu e vai parar na Floresta Amazônica. Sem memória, ele conhece uma tamanduá chamada Duda, que é super simpática e vegetariana. Depois de entrar numa disputa com uma colônia de cupins cuja Rainha tem certeza que é de Kapax, eles viajam pela América Latina. Cada episódio se passa num país e é muito divertido. Em cada lugar tem um novo personagem, que caracteriza a cultura local e Duda é sempre muito doida. Ok, eu fico vendo esse desenho. Me julgue.
Leia mais
Comunicar erro