A primeira e mais importante de todas: pessoas com síndrome de Down não são todas iguais
Referir-se de forma adequada a pessoas ou grupo de pessoas ajuda a enfrentar preconceitos e promover igualdade. Quando se trata de síndrome de Down, é importante reforçar que a pessoa é um indivíduo, e não a sua deficiência.
A equipe do Movimento Down preparou algumas informações que todos precisam saber sobre a síndrome de Down. Na lista, citam termos que podem ou não ser usados ao se referir a uma pessoa com a trissomia, assim como a garantia à inclusão e à cidadania, a relação do que não se deve dizer a respeito do assunto e a importância de se respeitar todas as pessoas, tenham elas deficiência ou não.
Por exemplo, algumas pessoas acham que não há mal em usar o termo “retardado” quando estão se referindo a elas mesmas ou a pessoas sem deficiência intelectual, mas essa expressão nunca deve ser usada, independentemente do contexto. Pais, amigos e pessoas com deficiência intelectual sentem-se desrespeitados com o uso da expressão “retardado”, porque é sempre pejorativa e há forte ligação histórica com o tratamento desigual/segregador dado a pessoas com deficiência intelectual.
O uso de termos adequados é importante para enfrentar preconceitos, estereótipos e promover a igualdade e a inclusão de pessoas com deficiência. A pessoa é um indivíduo, e não a sua deficiência. Todos podemos fazer a diferença no processo de inclusão!
A síndrome de Down ocorre quando, ao invés da pessoa nascer com duas cópias do cromossomo 21, ela nasce com 3 cópias, ou seja, um cromossomo número 21 a mais em todas as células. Isso é uma ocorrência genética, e não uma doença. Por isso, não é correto dizer que a síndrome de Down é uma doença ou que uma pessoa que tem síndrome de Down é doente.
Apesar de indivíduos com síndrome de Down terem algumas semelhanças entre si, como olhos amendoados, baixo tônus muscular e deficiência intelectual, não são todos iguais. Por isso, devemos evitar mencioná-los como um grupo único e uniforme. Todas as pessoas, inclusive as pessoas com síndrome de Down, têm características únicas, tanto genéticas, herdadas de seus familiares, quanto culturais, sociais e educacionais.
Deficiência intelectual não é o mesmo que deficiência mental. Por isso, não é apropriado usar o termo “deficiência mental” para se referir às pessoas com síndrome de Down. Deficiência mental é um comprometimento de ordem psicológica.
Uma pessoa pode portar (carregar ou trazer) uma carteira, um guarda-chuva ou até um vírus, mas não pode portar uma deficiência. A deficiência é uma característica inerente à pessoa, não é algo que se pode deixar em casa. Diante disso, o termo “portador” tanto para síndrome de Down quanto para outras deficiências, caiu em desuso. O mais adequado é dizer que a pessoa tem deficiência.
A pessoa vem sempre em primeiro lugar. Ter uma deficiência não é o que caracteriza o indivíduo. Por isso, é importante dizer quem é a pessoa para depois citar a deficiência. Por exemplo: o funcionário com síndrome de Down, o aluno com autismo, a professora cega, e assim por diante.
Esses indivíduos estudam, trabalham e convivem com todos. Eles têm opinião e podem se expressar sobre assuntos que lhes dizem respeito. Em caso de entrevistas, procure falar com as próprias pessoas com deficiência, não apenas com familiares, acompanhantes ou especialistas.
Ter uma deficiência é viver com algumas limitações. Isso não significa que pessoas com deficiência são “coitadinhas”. Pessoas com síndrome de Down se divertem, estudam, passeiam, trabalham, namoram e se tornam adultos como todo mundo. Nascer com uma deficiência não é uma tragédia, nem uma desgraça, é apenas uma das características da pessoa.
No mundo não existem “os normais” e “os anormais”. Todos são seres humanos de igual valor, com características diversas. Se precisar, use os termos “pessoa sem deficiência” e “pessoa com deficiência”.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi aprovada no Brasil em 2008 como norma constitucional. Ela diz que cabe ao Estado e à sociedade buscar formas de garantir os direitos de todas as pessoas com deficiência em igualdade de condições com os demais. A Convenção é uma importante ferramenta de acesso à cidadania e precisa ser mais difundida entre as próprias pessoas com deficiência, juristas e a população em geral.
Referir-se de forma adequada a pessoas ou grupo de pessoas é importante para enfrentar preconceitos, derrubar estereótipos e promover igualdade.
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