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Hora de engatinhar: 7 dúvidas sobre essa fase do desenvolvimento

Engatinhar: foto de um bebê loiro, que veste roupas em tons azulados, está engatinhando num gramado e sorri.

Do calor do colo à conquista do chão. Alguns bebês começam rolando. Outros tateando a grama com muita calma. E ainda têm aqueles, mais apressadinhos, que já querem sair pelo mundo sobre as duas pernas. Apesar de não acontecer com todas as crianças, o movimento de engatinhar é saudável e deve ser incentivado quando o bebê estiver preparado.

O Lunetas recorreu a dois especialistas no tema para responder perguntas frequentes sobre esse momento importante do desenvolvimento do bebê. Confira!

Sete dúvidas sobre engatinhar

O período varia de uma criança para outra mas, em geral, entre sete e nove nove meses. O processo pode se prolongar até o décimo mês. Segundo o neuropediatra do Hospital Pequeno Príncipe, Antônio Carlos de Farias, é comum que o bebê comece a ficar de pé por volta dos onze meses e, até um ano e meio, a tendência é que ele passe a caminhar. Mesmo não sendo uma fase obrigatória do desenvolvimento, o ortopedista pediátrico, Jamil Faissal Soni, defende que engatinhar é um ato saudável e deve ser encorajado antes do início da marcha. 

A resposta é não. De acordo com o neuropediatra, esse é um processo natural, mas que pode apresentar variações fisiológicas. Farias explica que existe um “amadurecimento hierárquico” de áreas do cérebro que controlam as partes do corpo. Por isso, é esperado que o desenvolvimento do bebê aconteça em etapas: primeiro, a partir dos três meses, sustentando a cabeça e, entre cinco e seis meses, o tronco para que ele possa se sentar. “Logo depois, os movimentos passam de automáticos e generalizados para localizados, quando a criança começa a ter o controle da força nos braços e pernas para engatinhar”, descreve. Apesar disso, por diversas variações fisiológicas, alguns bebês começam a andar sem passar por essa fase.     

“Estimular é importante, mas é preciso respeitar a hierarquia do neurodesenvolvimento e o amadurecimento fisiológico”, a afirmação é de Antônio Carlos de Farias. O neuropediatra explica que não é aconselhável forçar uma criança a se sentar com três meses, por exemplo, quando isso deve acontecer por volta dos cinco ou seis. Ela só irá se sentar ou engatinhar quando adquirir melhor controle do equilíbrio e sua musculatura estiver madura para cada ação. 

Um dos exercícios recomendados por Jamil Soni é conhecido por “cercadinho”, ou seja, levar a criança para uma superfície mais confortável – como um tapete – e estimular que ela se movimente por uma área delimitada, engatinhando. E, quando estiver pronta, ela tentará se levantar. Mães e pais também podem usar brincadeiras ou criar condições para que ela se movimente de um adulto a outro.  

Os especialistas consultados pelo Lunetas alertam que o uso de andador é contraindicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, já que pode causar um alto índice de quedas e traumas de crânio, justamente porque a criança ainda não está neurologicamente preparada para andar. Ou seja, nada precisa ser forçado. Também em relação ao processo de caminhar, Soni explica que é necessário, antes de tudo, desenvolver a parte sensorial de equilíbrio e coordenação para que depois apareçam outros desafios motores como terrenos acidentados ou subida de degraus, o que deve acontecer em torno dos dois anos.  

Todos os marcos de neurodesenvolvimento apresentam desvio padrão (idade mínima e máxima), portanto, é comum que algumas crianças comecem a engatinhar com cinco meses e outras ainda com dez. “É necessário analisar uma etapa à luz dos outros marcos de desenvolvimento”, explica Farias. 

Ou seja, quando uma criança não engatinha aos onze meses é indicado avaliar seu histórico, pois é possível que ela tenha apresentado atraso em outras fases. A sugestão de Soni é recorrer a um pediatra ou neurologista pediátrico se houver atraso por mais de dois meses em qualquer uma das etapas. 

“Todos os bebês ou a maioria deles nasce com as pernas arqueadas, pois faz parte do desenvolvimento fisiológico dos membros inferiores”, afirma Soni. Esta característica persiste até, aproximadamente, um ano e meio. Até os quatro anos, a tendência é que as pernas comecem a juntar os joelhos e separar os tornozelos, normalizando o alinhamento. 

É possível que sim, de acordo com Farias. Como os pequenos passavam muito tempo no colo da mãe e de repente começam a se movimentar, alguns adultos tentam “disciplinar” esses novos movimentos. “Isso pode gerar repercussões cognitivas e comportamentais, como mudanças no sono ou mesmo birra”, observa o neuropediatra. É importante ter em mente que essa é uma fase em que os bebês passam a explorar mais o ambiente, passando a ter novas experiências para o seu desenvolvimento e conquista de maior independência. 

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