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Cordel para crianças: 9 livros que revivem essa cultura popular

Cordel para crianças: ilustração com traços de cordel, há uma coruja no galho de uma árvore e, ao fundo, um céu com estrelas e uma lua.

Reconhecida como patrimônio cultural imaterial brasileiro, a literatura de cordel, típica da cultura popular nordestina, conta histórias em geral baseadas em relatos conhecidos. A partir de um ritmo simples marcado pelas rimas, com traços de humor próprio e comumente acompanhadas de xilogravuras, uma técnica de ilustração característica desse gênero. Assim, a leitura de um cordel para crianças, tanto por sua trama quanto pela cadência, pode ser tão divertida quanto uma brincadeira!

Com origem nos trovadores medievais na metade do século 19, a tradição cordelista veio de Portugal e se expandiu da Bahia ao Pará. Os folhetos, vendidos nas feiras, eram a principal fonte de informação da população e trazia desde aventuras de cavalaria até narrativas inspiradas no cotidiano do povo.

Na lista de livros de cordel para as crianças que compartilhamos a seguir, apresentamos alguns autores que encontraram nessa arte um jeito bem peculiar de contar histórias e entreter o público infantil.

Confira algumas obras de cordel para crianças

“Sete cordéis para sete cantigas” (Independente)

Por que o sapo não lava o pé? E como é que de melão faz melancia? As respostas para essas e muitas outras perguntas estão em divertidos poemas e histórias de cordel inspirados em cantigas de roda. Cantigas tradicionais e brincadeiras cantadas do repertório popular. Ganhador do Edital PROAC 2019 de Literatura Infantojuvenil, o livro escrito por Cristiano Gouveia propõe um mergulho às formas poéticas do cordel. Como a sextilha e a setilha (estrofes de seis e sete versos), com escrita muitas vezes cômica combinada ao lirismo e ao apelo ao fantástico. Nesta brincadeira entre cordel e cantigas, o leitor é convidado a viajar por diversas vertentes da arte popular. E a se encantar pelas ilustrações inspiradas na xilogravura, técnica emblemática da literatura de cordel brasileira.

“Heróis e heroínas do cordel ”, Januária Cristina Alves e Salmo Dansa (Companhia das Letrinhas)

Dragões, desafios e aventuras de tirar o fôlego. Há tudo isso e muito mais nessa reunião única de cinco histórias assinadas por grandes nomes da literatura de cordel brasileira. A literatura de cordel é uma das manifestações mais ricas da cultura brasileira. Ao narrar grandes aventuras ou mesmo acontecimentos cotidianos em versos rimados e ritmados, os cordelistas criaram personagens universais – e ao mesmo tempo bem brasileiros. Neles, atos corajosos, autênticos e heroicos vêm se espalhando pelos quatro cantos do país ao longo dos séculos.

“Nina no cerrado”, de Nina Nazario (Oficina de Textos)

O livro de Nina Nazario conta a história desse importante bioma brasileiro, por meio de versos de cordel, ilustrações e fotos de animais, frutos e paisagens típicas. A experiência e a familiaridade da autora com a vida do cerrado conferem ao livro um caráter acolhedor, transportando o pequeno leitor a esse ambiente. A linguagem poética torna as características do cerrado atraentes e de fácil assimilação para o público infantojuvenil. E também colabora para que as crianças entendam o processo de transformação do cerrado. Do surgimento da vegetação, passando pelas épocas de chuva, de seca e incêndio, até o reinício do ciclo natural.

“Ela tem olhos de céu”, Socorro Acioli e Mateus Rios (Gaivota)

Os versos de Socorro Acioli e as imagens do cordel feitas por Mateus Rios apresentam a realidade e a cultura nordestina. A obra, com sensibilidade e magia, conta a história a partir do nascimento de Sebastiana: a menina que tem olhos de céu. Será dom ou maldição? Na cidade de Santa Rita do Norte, onde tudo pode acontecer e nada será como antes, ninguém sabe mais o que fazer para controlar os fenômenos provocados pela pequena criança.

“A pedra do meio-dia ou Artur e Isadora”, Bráulio Tavares (Editora 34)

A narrativa toda em forma de cordel para crianças conta a história de Artur. Um andarilho valente que, em sua caminhada, salva a bela Isadora das garras de uma onça. Isadora, por sua vez, precisa encontrar a pedra do meio-dia para salvar seu reino enfeitiçado por um gigante. No final do livro, o autor Bráulio Tavares explica as origens e características deste gênero.

“Lampião & Lancelote”, Fernando Vilela (Pequena Zahar)

Um dos mais premiados livros infantis brasileiros, “Lampião & Lancelote” narra um encontro inusitado entre o cangaceiro mais perigoso do Brasil e o mais temível cavaleiro da Távola Redonda do Rei Arthur. É com esta trama enlaçada em texto e imagem que se constrói um fantástico duelo entre culturas e tradições que dialogam de forma poética, combinando e contrastando linguagens e universos. A rima do cordel aparece nas falas e descrições dos personagens e se mistura à narrativa épica medieval para a viagem de Lancelote, pelas mãos de Fernando Vilela. Nas ilustrações, há referências como xilogravuras e registros fotográficos para o cangaço e pinturas renascentistas e armaduras de época para a Távola Redonda.

“Desafios de cordel”, César Obeid (FTD)

Um panorama da literatura de cordel e do repente de viola, duas autênticas manifestações da cultura popular brasileira. O autor César Obeid conta, com humor, sobre os ciclos do reconto, jornalístico, biográfico e diversos desafios, inspirados nas famosas pelejas entre cantadores repentistas. Os poemas ganham ilustrações feitas em técnica mista, incluindo a xilogravura, técnica de ilustração típica das capas dos folhetos tradicionais.

“Só sei que foi assim”, Fernanda de Oliveira (Melhoramentos)

Um livro multimídia que busca concentrar vários detalhes da cultura brasileira. A autora Fernanda de Oliveira apresenta histórias para ler, cantar e dançar, e convida as crianças a conhecerem o cancioneiro popular brasileiro. Em tom de conversa fiada (ou fofoca), Fê Liz narra como foram criadas 21 cantigas de roda, entre elas “Sapo Cururu”, “Fui no Tororó” e “Meu Limão, Meu Limoeiro”. Cada canção é acompanhada de um conto fantástico sobre sua origem, reforçando a cidadania e a autoestima do brasileiro. Há também vídeos que podem ser acessados por meio de um QR Code. A obra conta ainda com um dos maiores nomes do cordel e da arte folclórica, o xilógrafo J. Borges, e o filho dele, o artista plástico Pablo Borges. O maestro Giordano Pagotti é responsável pelos arranjos musicais, com samba, chorinho, forró, frevo, bossa nova e MPB.

“Festa da Onça”, Wilson Marques (Brinque Ebook)

Inspirando-se nos cordéis, o autor maranhense Wilson Marques conta a história da dona Onça e do Coelho. Ela quer fazer dele o seu jantar, e para tanto o convida a uma festa de arromba em sua toca. O coelho, que de bobo não tem nada e desconfiado das intenções da pintada, chama toda a bicharada para participar da festa. Afinal, a união faz a força! Para surpresa de dona Onça, o cururu, o tamanduá-bandeira, a cutia, o tapir, a dona Cobra e muitos outros animais chegam rapidinho para comer, beber e papear. Resta saber que plano irá dar certo — se a onça vai dançar ou se é o coelho que irá parar em sua pança. Além do mais, no fim do livro há curiosidades sobre os bichos que aparecem na narrativa.

*As descrições sobre cada livro foram elaboradas a partir de material disponibilizado pelas próprias editoras.

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