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Cartilha sugere caminhos para abordar saúde mental com os filhos

Imagem de capa para matéria sobre a cartilha de saúde mental mostra uma mulher branca, de cabelos lisos de costas com as mãos no rosto de um menino branco de cabelos curtos.

Uma em cada seis pessoas entre 10 e 19 anos enfrenta algum transtorno mental. O dado da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra a importância de falar sobre saúde mental com crianças e adolescentes. Então, entre diagnósticos que vão de ansiedade a depressão, como pais e cuidadores podem abordar o assunto dentro de casa?

Além de apontar maneiras de conversar abertamente sobre os sentimentos, a cartilha gratuita “Como falar sobre saúde mental com crianças e adolescentes!”, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), indica qual é a linguagem adequada para diferentes faixas etárias e formas simples de enfrentar as crises, como exercícios de respiração, por exemplo. A data escolhida para essa publicação coincide com a campanha Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio.

Segundo o documento, quando as famílias conversam sobre saúde mental de forma cuidadosa, isso “ajuda as crianças a desenvolver ferramentas saudáveis para lidarem com seus sentimentos, promover inteligência emocional e enfrentar melhor os desafios ao longo da vida”.

Sobre observar os sinais de alerta em seus filhos, a pesquisa “Conversas sobre saúde mental: pesquisa com pais de crianças e adolescentes até 21 anos” confirma que 70% dos familiares entrevistados já notaram que o filho teve comportamento preocupante em relação à saúde mental. O estudo também revelou que, por outro lado, 63% das crianças e adolescentes – a maior parte entre 11 e 14 anos – já procuraram os pais para falar sobre esse assunto.

Quem apoia as famílias nessa conversa?

Para a ABP, os dois materiais têm o objetivo de compreender como a família lida com questões de saúde mental de crianças e adolescentes, se têm acesso a informações confiáveis e como ajudá-los de maneira mais direta.

No entanto, ainda há pouco envolvimento do sistema escolar junto às famílias. Em 74% dos casos, a escola não participou das conversas e das orientações. Apesar disso, como afirma a Associação, “a escola pode e deve ser uma parceira em todos os momentos”.

Para aproximar essas duas redes de apoio, a cartilha sugere que a família converse com a coordenação e com a orientação pedagógica sobre a situação de seus filhos, e peça ajuda sempre que necessário.

Caso a criança ou o adolescente precise de ajuda profissional, a cartilha indica que os pais expliquem que “existem médicos das emoções” e que eles podem ajudar a entender melhor os sentimentos. Além de apresentar a figura do terapeuta, também é possível dizer que o tratamento pode incluir medicamentos ou fazer atividades que ajudem a mente (e as emoções).

Como falar com as crianças em diferentes idades?

Entender a melhor forma de iniciar uma conversa, adaptar a linguagem, monitorar a reação de cada um, manter a rotina e estar atento às mudanças no comportamento ou no humor são algumas das recomendações. O principal é usar um vocabulário simples, sempre no sentido de acolher.

Além disso, o processo geralmente não se encerra na primeira conversa. Isso porque os filhos podem querer falar sobre o assunto em outros momentos e também porque podem surgir questões que precisam de tempo para serem melhor compreendidas.

Confira as sugestões da ABP para falar com meninos e meninas, de acordo com cada faixa etária:

• Crianças de 4 a 7 anos
É importante dizer que é normal ficar triste ou bravo, mas não o tempo todo. Por isso, é bom observar para entender quais são as situações que desencadeiam esses sentimentos. Nessa faixa etária, procure usar termos simples com analogias. 
Exemplo: “Às vezes, nosso cérebro pode ficar dodói, assim como o nosso corpo” ou “Quando alguém está com problemas nas emoções, pode se sentir muito triste, preocupado ou confuso”.

• Crianças de 8 a 12 anos
Nessa fase é fundamental ouvir com atenção o que a criança diz e demonstrar apoio. Além disso, é possível explicar a diferença entre “sentimentos temporários” e “doenças mentais” com exemplos concretos.
Exemplo: “Doenças mentais são como doenças físicas, mas elas afetam nossos pensamentos e sentimentos também” ou “Algumas pessoas podem ficar muito tristes ou ansiosas por muito tempo”. 

Sugestões para promover a saúde mental de maneira eficaz: 

  • Use uma linguagem simples e clara: Adapte sua linguagem à idade. Evite termos técnicos e explique conceitos de forma que a criança possa entender.
  • Seja aberto e acessível: Crie um ambiente onde a criança se sinta segura para falar sobre seus sentimentos sem medo de julgamento.
  • Use exemplos concretos: Utilize histórias, livros, filmes, desenhos para ilustrar pontos sobre saúde mental, porque isso ajuda a tornar o assunto mais compreensível.
  • Normalize os sentimentos: Explique que é normal sentir emoções como tristeza, raiva e alegria. E, então, mostre que todos passam por momentos difíceis.
  • Ensine estratégias de enfrentamento: Ferramentas práticas para lidar com as emoções podem envolver respiração profunda, contagem até dez ou falar com um adulto de confiança. Em caso de dúvida, procure um profissional de saúde.
  • Incentive a expressão emocional: Encoraje-os a falar sobre como se sentem ou a expressar os sentimentos através de desenhos, brincadeiras ou escrita.
  • Seja um exemplo: Demonstre como você lida com suas próprias emoções de forma saudável e diga que elas podem acontecer com todos. Crianças e adolescentes aprendem muito observando os adultos.
  • Esteja atento aos sinais: Preste atenção ao comportamento da criança, pois mudanças repentinas podem indicar que ela está enfrentando dificuldades emocionais e precisa de apoio profissional.
  • Promova a autoestima: Reforçar qualidades e conquistas, especialmente aquelas que parecem mais difíceis, ajuda a criança a desenvolver uma autoimagem positiva e ser mais confiante e assertiva.
  • Busque ajuda profissional, se necessário: Se a criança estiver enfrentando problemas persistentes ou graves, considere consultar um psiquiatra com Registro de Qualificação de Especialidade em Psiquiatria da Infância e Adolescência.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)

Onde conseguir ajuda?

No Brasil, além das clínicas particulares, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para pacientes em situações de crise. A principal referência são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que contam com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme a situação de cada pessoa.

Já o Centro de Valorização da Vida (CVV), também gratuito, tem um serviço voluntário de apoio emocional e prevenção ao suicídio. Os pacientes podem procurar ajuda a qualquer hora do dia por telefone, no número 188, sem custo. Há também atendimento por chat, e-mail e pessoalmente. 

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