Períodos eleitorais são ótimas oportunidades para aprender sobre política em sala de aula. Mas quem já tentou explicar para as crianças o que são partidos políticos, o que fazem os deputados ou a função do poder judiciário sabe que, para cada vitória, surge uma nova palavra difícil, tornando o assunto interminável. Para tentar traduzir esses conceitos com a “mão na massa”, o Lunetas reuniu 10 atividades que permitem tratar do assunto de forma leve e divertida, inspirando uma educação mais democrática nas escolas. Confira!
- Cidade em jogo
O que você faria se pudesse ser prefeito por um dia? Esse é o desafio central do game on-line “Cidade em jogo”, desenvolvido pela Fundação Brava, voltada para a melhoria da gestão pública, e pelo Brazil Institute, do Woodrow Wilson Center, organização americana de políticas públicas. Em quatro etapas, os estudantes precisam decidir o tamanho da cidade que pretendem administrar, desenhar um plano de governo, escolher quais políticas públicas são prioritárias e, por último, fazer um balanço da sua gestão. Priorizar educação ou saúde? Investir em transporte ou em espaços verdes? Cada escolha influencia no orçamento disponível e na aprovação popular do usuário. Com o jogo, professores podem desafiar alunos a enxergarem a cidade com outros olhos, pensando em melhorias para o espaço coletivo.
- Grêmio estudantil
Ajudar os estudantes a organizarem um grêmio é uma estratégia para estimular o desenvolvimento da cidadania e permitir uma experiência de protagonismo estudantil nas escolas. No processo de formação de um grêmio, é possível aprender a se organizar em grupos, debater questões relacionadas ao funcionamento eleitoral e desenvolver mensagens criativas para comunicar suas propostas de gestão ao restante da escola. Além disso, há disputas entre grupos e a prática do exercício de votação. “O grêmio é um caminho excelente para ensinar política às crianças: não significa apenas votar, mas se preparar para representar os estudantes, construir uma campanha e enfrentar seus desafios”, relata o professor da rede pública de São Paulo, Raphael Gimenes.
- Conselhinhos
A experiência pedagógica dos “conselhinhos” é pensada desde a educação infantil para tratar de temas que afetam os alunos, envolvendo-os nos processos de decisão e criando ambientes de gestão mais democráticos. No caso da escola municipal EPG Manuel Bandeira, em Guarulhos (SP), até o 5º ano do fundamental, os alunos são eleitos como representantes de classe e participam dos “conselhinhos” bimestrais, com as outras turmas. Eles opinam sobre eventos escolares, onde os recursos podem ser melhor investidos na escola ou como pensar os espaços do recreio.
- Fast-food da política
Será que é possível aprender sobre política na mesma velocidade em que se come um hambúrguer? A dúvida inspirou um grupo de jovens a criar um jogo de cartas com linguagem acessível para falar sobre as “regras do jogo” com pessoas de todas as idades. Após alguns anos de experimentação, o “Fast-food da política” se tornou uma organização que desenvolve uma série de jogos rápidos, com duração entre cinco e 20 minutos. Há jogos com o objetivo de decodificar o funcionamento dos três poderes, das esferas do Estado e da conjuntura governamental. Outros explicam o processo eleitoral ou ainda representatividade e direitos das mulheres no Brasil. “Quanto mais imaginação e criatividade se tem, mais fácil é pensar em como mudar o mundo”, afirma a fundadora da iniciativa, Júlia Carvalho, sobre o envolvimento das crianças.
- Pedras no caminho da participação
“Pedras no caminho da participação” é um jogo criado pelos adolescentes da rede “Não bata, eduque”, em 2019, para sensibilizar educadores, famílias, crianças e adolescentes para o tema do direito à participação infantil. Ele pode ser jogado presencialmente, mas também possui uma versão on-line, com download gratuito disponível, e um guia com conteúdos sobre a iniciativa. O desafio é acumular pontos retirando as pedras do caminho, que representam os obstáculos para garantir o direito à participação. Ao final, o usuário recebe um retorno de como pode melhorar sua atuação.
- Biblioteca temática
Criar uma biblioteca para crianças e jovens tende a ser uma ação promissora em qualquer cenário. Em ano eleitoral, reunir títulos para conversar sobre política nas escolas é uma oportunidade de promover leituras lúdicas e acessíveis sobre temas aparentemente complexos e espinhosos. É um cantinho relaxante e acolhedor, um esboço de comitê, onde se aprende a compartilhar e defender ideias, produzindo os próprios rascunhos políticos.
Manual das eleições
Para ajudar pais, mães e educadores a falar sobre política com as crianças, o “Manual das eleições”, desenvolvido pelo Jornal Joca, aborda, de forma simples e direta, como funciona o sistema eleitoral no Brasil e qual o papel dos cidadãos no dia a dia, durante e após as eleições. Acompanhada de uma série de vídeos, a publicação pode ser mais um recurso de apoio para organizar brincadeiras e atividades em sala de aula, como criação de partidos políticos e campanhas entre os estudantes.
- #FakeToFora
Informação é uma das chaves para o processo eleitoral democrático. Mas nem sempre podemos confiar naquilo que chega até nós: como diferenciar o que é fato, opinião, propaganda ou fake news? O projeto #FakeToFora é uma iniciativa que convida professores e estudantes a lerem criticamente os conteúdos aos quais são expostos, compreendendo também seus papéis como produtores e disseminadores de informação. Todos os materiais disponibilizados pelo projeto são gratuitos e reforçam a importância da leitura midiática para a construção da cidadania.
- Plenarinho
O Plenarinho é um programa da Câmara dos Deputados voltado ao público de sete a 14 anos, pais, mães e professores. O objetivo é disponibilizar jogos com temáticas relacionadas ao poder Legislativo e materiais sobre política acessíveis às crianças, como histórias em quadrinhos, passatempos e até o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em tirinhas. No mês de outubro, os professores podem inscrever suas turmas para participarem da iniciativa Câmara Mirim, onde crianças apresentam e votam projetos de lei de sua autoria, simulando uma sessão legislativa comum. A cada quatros anos, o Plenarinho também promove o Eleitor Mirim, em que professores e estudantes participam de uma eleição fictícia de candidatos.
- Jogo da política
São três jogos que simulam problemas reais dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. No jogo do Legislativo, os estudantes são convidados a criar um projeto de lei, defendendo suas ideias e compreendendo o trabalho de vereadores e deputados. No jogo do Executivo, os principais desafios são a organização e a distribuição do orçamento das cidades, que refletem diretamente as estratégias e visões de mundo de cada um. No jogo do Judiciário, os jovens interpretam um julgamento, assumindo papéis de juiz, acusação, defesa, promotoria, júri e imprensa. Todos eles podem ser baixados gratuitamente e são acompanhados de um manual para professores.
- Salas de aulas fora da escola
Quando o assunto é dizer para as crianças que elas podem ocupar espaços coletivos e democráticos, nada melhor do que conduzi-las a esse movimento. Por que não organizar visitas a câmaras e assembleias, aulas abertas em espaços públicos ou estabelecer parcerias com organizações para que alunos possam vivenciar o dia a dia de políticos, gestores ou espaços de poder e tomada de decisão? Essa é a proposta do movimento “Meninas ocupam”, realizado pela Plan Internacional, em que meninas e jovens mulheres assumem por algumas horas cargos de liderança em instituições públicas e privadas.
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