No cabeçalho da escola ou no calendário do celular, um dia a mais no ano pode confundir os desavisados. É que um ano bissexto, como 2024, a folhinha conta 366 dias. Mas por que só acontece a cada quatro anos? Será mesmo que o dia 29 de fevereiro é uma data rara? O que a astronomia e a matemática têm a ver com isso?
Depois de entender os tantos porquês que explicam a origem dessa data, que tal estimular as crianças com desafios matemáticos e a contação de uma história que vem lá da Idade Antiga?
Qual a relação do ano bissexto com o sistema solar?
A Terra demora 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 48 segundos para completar a volta ao sol. Portanto, o tempo exato de um ano completo é, na verdade, 365,25 dias. Mas seria complicado colocar isso no calendário, não é mesmo?
Foi preciso, então, uma manobra matemática para chegar à lógica do ano bissexto e compensar o tempo extra. Ou seja, o ano bissexto é uma correção para compensar uma pequena imprecisão.
Primeiro, ele foi arredondado para seis horas. Depois, a conta básica foi somar esse tempo até completar 24 horas (um dia inteiro). Traduzindo em uma conta, seria basicamente 6+6+6+6. O resultado, portanto, só fecha a cada quatro anos e daí surge o dia 29 de fevereiro.
Mas, para descobrir por que o escolhido foi esse dia e mês, temos que sair da matemática e mergulhar na Idade Antiga.
Por que 29 de fevereiro?
Antes, o dia bissexto era 24 de fevereiro. Essa dinâmica começou no ano 45 antes de Cristo, quando o imperador romano Júlio César decidiu ajustar o calendário civil em um calendário solar, alinhado pelas estações do ano e fases da lua. Trinta anos depois, o imperador Augusto duplicou o dia 24 de fevereiro a cada quatro anos. Foi então, em 1582, que o papa Gregório reorganizou as datas e mudou o dia para 29 de fevereiro.
Assim, na maior parte do planeta, seguimos até hoje o calendário gregoriano (que veio depois do juliano e do agustiniano). Países como a Etiópia, Nepal e Irã seguem outros calendários ligados ao sistema solar e às religiões. Já o calendário chinês, por exemplo, combina o ciclo solar com os ciclos lunares. Segundo ele, um ciclo leva 12 anos para se completar.
E se não tivesse esse dia no calendário?
Nesse caso, teríamos um atraso de três meses entre o ano solar e o ano civil, o que causaria um choque temporal. Tudo porque aquelas seis horas extras a cada fim de ano continuariam existindo.
Então, se o 29 de fevereiro não aparecer nunca mais, após 372 anos, a Terra estaria na posição que seria do mês de março, enquanto o calendário civil marcaria junho. A consequência é uma alteração nas marcações das estações do ano, do clima, e até da organização das cidades e das colheitas.
Será que tem aniversário no dia 29 de fevereiro?
Sim, todos os dias nasce alguém. E no dia 29 de fevereiro não é diferente – embora a chance disso acontecer seja de 1 em 1.461 nascimentos. Mesmo assim, quem nasceu nessa data pode contar a idade a cada ano normalmente, mesmo que não conste no calendário. Tem gente que celebra um dia antes ou um dia depois.
Mas, o curioso é sempre tentar adivinhar a “idade certa” dessa pessoa. Para isso, é só dividir a idade cronológica por quatro. Por exemplo, se alguém tem 8 anos e nasceu no dia 29 de fevereiro, a contagem do calendário é de apenas 2 anos. Na prática, a conta seria 8 ÷ 4 = 2. Outro exemplo: 36 anos divididos por 4, o resultado é 9 anos.
Desafio do ano bissexto
Para saber qual ano será ou foi bissexto, basta treinar a tabuada da divisão (e da multiplicação). Isso porque os anos bissextos são divisíveis por quatro. Por exemplo: 2024 ÷ 4 = 56.
Mas, para os anos que terminam com dois zeros, a regra é dividir por 400. Ou seja, 2000 ÷ 400 = 5
De onde vem o “bissexto”?
O nome veio da expressão em latim “ante diem bis sextum Kalendas Martias”, ou seja, “a repetição do sexto dia antes das calendas de março”. Calendas era como se chamavam os primeiros dias de cada mês. E o sexto dia antes do 1ª de março era 24 de fevereiro. A repetição (ou o bis) dele era, então, o “bissexto”.