Nesse Mês das crianças, vamos celebrar no Lunetas os #Presentesqueficam. Muito mais do que presentes materiais, uma criança precisa de amor, vínculo, carinho e segurança para experimentar suas potências, errar, aprender, desvendar e criar. Há diferentes formas de presentear com #Presentesqueficam. Já falamos sobre a importância da cultura, do contato com a natureza, da construção do hábito da leitura e do tempo livre para ser.
Hoje, vamos falar sobre outro presente que podemos oferecer às crianças, que é o direito a viver uma infância livre e segura na cidade, e o potencial transformador de futuros que essa aproximação ainda na infância pode ter.
Apresentar o mundo a uma criança, e incentivá-la a estabelecer uma relação de pertencimento e respeito com a sua cidade não é uma tarefa simples, mas não é impossível. Para muitas famílias, a bicicleta, além de um meio de transporte, também é uma forma de estabelecer esse contato. Silvia Ballan e sua filha de 8 anos, Nina, estão acostumadas a andar de bicicleta pela cidade juntas desde os 2 anos da menina.
“A criança que está na bicicleta é diferente. Enquanto pedalamos, ela está participando e prestando atenção em tudo o que acontece ao seu redor. Na velocidade dos carros, nas buzinas, nos pedestres e na forma como as pessoas se comportam na rua. Na bike, entramos numa sintonia que não existe no carro. Pensamos o caminho juntas, paramos, respeitamos os pedestres”, completa Silvia.
Na cidade de Copenhague, na Dinamarca, há playgrounds exclusivos para crianças andarem de bicicleta. Além de fomentar a brincadeira ao ar livre e a ocupação do espaço público da cidade pelas crianças, os playgrounds de bicicleta também tem o objetivo de propagar a cultura de uso de bicicleta como meio de transporte. Veja vídeo:
Muitas iniciativas pelo mundo investem em – e transformam – seus espaços -, e consequentemente seus futuros cidadãos, por meio da implementação de algumas práticas e intervenções nos espaços urbanos. São praças e calçadas que se transformam em espaços mais lúdicos e contribuem para um trajeto mais alegre e acolhedor, por exemplo.
O projeto CriaCidade, que atua na comunidade do Glicério (bairro no Centro de São Paulo) desde 2013, é um exemplo. Por meio do enjagamento de toda a comunidade local – escolas, ongs, moradores e crianças, o projeto transforma as ruas do bairro.
No final, por trás do novo colorido das paredes e dos espaços brincantes, temos uma cidade que cuida de seu futuro e valoriza seus cidadãos. Temos uma infância integrada à vida urbana, aparente e atuante. Investir em espaços urbanos mais acolhedores à infância, e aproximar crianças das cidades é um presente que fica para toda a vida, da criança, mas também para as futuras gerações.
“Melhora a vida das crianças, mas também melhora a vida de todo mundo. Quando a criança vem pra rua, ela passa a ser vista e reconhecida, e a cidade se transforma”, afirmou Natacha Costa, do Centro de Referências em Educação Integral em entrevista ao Lunetas.