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Por Rebecas e Daianes que inspiram meninas a se sentirem campeãs

Rebeca Andrade, mulher de pele negra vestindo colã azul com os braços fazendo movimento de dança

Era uma vez uma menina que tinha cinco anos quando provavelmente assistiu, junto com todo o Brasil, a vitória inédita de uma ginasta negra brasileira, a Daiane dos Santos. Aquela pequena gaúcha (pequena só em tamanho) era gigante durante as provas. Foi ela quem inaugurou o sonho brasileiro de ganhar medalhas de ouro na ginástica artística. Na verdade, ela foi a primeira negra a conseguir esse feito em todo o mundo. Esta mesma menina, quando tinha 10 anos, conheceu a medalhista que desde sempre foi seu modelo e inspiração. 

Mal sabiam elas que, anos depois, seria o momento daquela menina, hoje uma jovem mulher de 22 anos, registrar seu nome na história da ginástica brasileira, ao ganhar uma medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio e ser a primeira brasileira a ganhar uma medalha olímpica na ginástica. 

Seu nome é Rebeca Andrade e, ao som do funk com Baile de Favela, ela foi responsável por levar a nossa gigante Daiane dos Santos às lágrimas. Não só ela, mas todas nós, mulheres-meninas negras. Ao ver o carisma, a precisão, mas principalmente o gingado da Rebeca, esquecemos, mesmo que por alguns instantes, todo o terror que estamos vivendo. 

Rebeca, com sua história tão comum de uma menina de origem humilde, filha de uma mãe solo, nos lembra tudo de mais maravilhoso que esse país e seu povo têm a nos oferecer. Não se trata de romantizar a pobreza, mas de enxergar o potencial que temos, a alegria que transbordamos. 

Enquanto narrava a história de superação de Rebeca, Daiane não conteve a emoção e recordou quantas barreiras foram derrubadas para que essa vitória fosse possível. Rebeca, por sua vez, dedicou a sua vitória a todas aquelas que a antecederam. Seu brilho foi tão intenso, que ela conquistou até a torcida da grande ginasta norte-americana Simone Biles. Impossível não se contagiar com a potência dessas pequenas gigantes: Daiane, Rebeca, Simone! 

Essas mulheres negras já escreveram seus nomes na história do esporte mas, com certeza, a imagem delas servirá de espelho para tantas outras crianças.

Meninas negras que talvez, antes dessas três, não conseguissem se imaginar como ginastas, muito menos se ver ganhando medalhas e encantando o mundo com seus movimentos precisos e mágicos. 

Quando falamos da importância da representatividade, é sobre isso. 

É sobre a possibilidade de se ver como uma campeã em todos os espaços. É poder enxergar seu corpo naquela roupa, ver seus cabelos naqueles penteados e principalmente se reconhecer na dança, no sorriso e no gingado.

Obrigada Daiane e Rebeca por nos fazer chorar muito, chorar de alegria, depois de um ano e meio de tantas dores e perdas. É como lavar a alma com esperança e ter o coração inundado pela potência das meninas negras do nosso país. 

Como é bom ver as nossas meninas nas manchetes, não como vítimas, mas como campeãs!

Que venham mais e mais Daianes, Rebecas, Simones, Ingrids, Serenas. Seguiremos torcendo por vocês e por todas as outras que irão brilhar!

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