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Dia do Saci: 4 livros sobre Saci Pererê escritos por indígenas

Três crianças indígenas. Uma sorri e a outra carrega uma criança menor no colo.

No Brasil, o Dia do Saci é comemorado em 31 de outubro, reafirmando a cultura do país diante do Halloween, festa amplamente realizada em países de língua inglesa no mesmo dia. Ao falar de Saci Pererê, qual a primeira imagem que te vem à cabeça?

Se o seu Saci é um menino de pele escura que prega travessuras diversas, como dar nós em crinas e rabos de cavalo ou fazer as coisas desaparecerem, essas características vão de encontro com o ideário de Saci construído ao longo dos anos por Monteiro Lobato, que suprimiu atribuições positivas à figura do Saci para reforçar estereótipos racistas ao longo de sua obra. Esse imaginário do menino bagunceiro, desobediente, que deve ser caçado e colocado em garrafas é amplamente difundido pelo Brasil, mesmo sendo o resultado do apagamento de culturas e saberes tradicionais indígenas e africanos.

Reivindicar narrativas indígenas e de origem africana sobre Sacis é uma maneira de ir além das histórias com cunho racista e estereotipado propagadas por décadas. Para conhecer um pouco mais sobre a cultura do povo guarani neste Dia do Saci, o Lunetas reuniu quatro livros de escritores indígenas que trazem narrativas sobre Jaxy Jaterê, o protetor das florestas. Conforme diz, em nota, Olívio Jekupé, escritor indígena guarani, Jaxy Jaterê não é um folclore, mas sim uma história viva, que é contada até os dias de hoje para as crianças da aldeia.

Dia do Saci: livros infantis de escritores indígenas

“O saci verdadeiro”, Olívio Jekupé (Panda Books)

O pequeno Karaí ouviu diversas histórias sobre Jaxy Jaterê, protetor das florestas e dos seres vivos que nela habitam. Ao começar a frequentar a escola, Karaí descobriu a existência do Saci Pererê, nome dado ao mesmo protetor por pessoas não-indígenas. Afinal, qual é o Saci verdadeiro? Nesta história em quadrinhos, Olívio Jekupé reforça a importância das histórias orais, da preservação da memória e da cultura para povos indígenas.

“O presente de Jaxy Jaterê”, Olívio Jekupé (Panda Books)

Entre as histórias que a indígena Kerexu ouviu sobre Jaxy Jaterê, o protetor das florestas, uma delas era sobre seu poder de atender pedidos e torná-los realidade. Mas como chamá-lo? Será que ele realiza mesmo os pedidos? Com ajuda de uma prima, Kerexu entrou na floresta, seguiu o ritual e fez um pedido para a entidade – mas o protetor das florestas irá atendê-la? “O presente de Jaxy Jaterê” é escrito por Olívio Jekupé e apresenta uma versão bilíngue, em português e guarani.

“Ajuda do Saci Kamba’i”, Olívio Jekupé (DCL)

Olívio Jekupé nos conta a história de Vera, um menino indígena que começa a estudar em uma escola de pessoas não-indígenas. Quando desafios passam a atravessar seu caminho, um certo protetor das florestas o ajuda em sua trajetória.

“Jaxy Jaterê”, Geni Núñez (Harper Kids)

Desde criança, a autora Geni Núñez ouve histórias de Djatchy Djatere, que ficou conhecido como Saci Pererê. Mas quantas pessoas sabem que o Saci é guarani? Ainda em 2020, com sua aldeia sem renda devido à pandemia e sem vacina, Geni lançou de maneira independente o livro sobre Djatchy Djaterê para levantar fundos. Além da arrecadação, a escritora revelou o objetivo de poder colaborar na luta antirracista, “levando informações às pessoas sobre nossas histórias, nossas sabedorias, tão apagadas no imaginário de um folclore racista”, contou em entrevista para a Ecoa. Em 2023, o livro foi publicado pela editora HarperKids.

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