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Histórias encantadas de pequenos sambistas: Adoniran, Clementina e Cartola

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Histórias encantadas de pequenos sambistas: Adoniran e seu violão

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Histórias encantadas de pequenos sambistas: Chiquinha e seu piano

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Histórias encantadas de pequenos sambistas: foliões felizes no carnaval

lang="pt-BR">Livro 'Histórias encantadas de pequenos sambistas' une infância e samba
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A literatura que cria vínculos entre a infância e o samba

Ilustração com fundo rosa dos músicos Cartola e Clementina de Jesus

A lírica do samba envolve tristeza, melancolia e violência, num reflexo das dificuldades enfrentadas pela população negra no início do século 20. Mas, por outro lado, o samba também se dispõe a lembrar da força da alegria: por meio da arte, é possível ter esperança e fazer resistência frente à marginalização histórica do ritmo. No livro “Histórias encantadas de pequenos sambistas”, as crianças são apresentadas a sambistas em histórias que unem música, literatura e ilustrações.

Sem samba, a vida não seria nada

“Eu gostava muito como o samba contava histórias, e como essas histórias de alguma maneira eram próximas a mim e às minhas próprias histórias”, conta Cristiano Gouveia, músico, escritor e autor de “Histórias encantadas de pequenos sambistas” sobre a presença do ritmo em sua vida desde cedo. Apesar da infância atravessada por brincadeiras populares e muito samba no toca-discos, foi em um momento na livraria com Joaquim, seu filho mais velho, que a ideia do livro nasceu: ali, Gouveia percebeu que os livros de artistas possuíam caráter mais biográfico, e não lúdico.

“Tive a ideia de apresentar os sambistas a partir de suas obras e da relação delas com o universo dos contos de fadas, ou seja, deste universo simbólico das crianças”, diz Gouveia, um estudioso dos contos tradicionais. Para selecionar os quatro sambistas – Cartola (Angenor de Oliveira), Clementina de Jesus, Adoniran Barbosa (João Rubinato) e Francisca “Chiquinha” Gonzaga – o estudo do autor buscou os fios que poderiam ser puxados de cada obra musical para que virassem histórias.

“Deu uma dor no coração deixar alguns para trás, como Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara… Mas quem sabe outras histórias possam surgir no futuro?”

“Histórias encantadas de pequenos sambistas”, de Cristiano Gouveia e Tatiana Móes (FTD Educação)

O livro apresenta para as crianças a obra dos sambistas Cartola, Clementina de Jesus, Adoniran Barbosa e Chiquinha Gonzaga em quatro contos. No fim das narrativas, conhecemos um pouco mais da trajetória de cada sambista, suas principais composições e as músicas referenciadas nos contos.

Como nasceu o samba no país?

Entre batucadas em cavacos, atabaques, tambores e outros objetos capazes de gerar percussão, o samba no Brasil nasce com negros escravizados na Bahia. Mas é nos terreiros de candomblé do Rio de Janeiro onde o ritmo ganha ainda mais vida. No início dos anos 1900, o samba era alvo de repressão policial e foi enquadrado como crime de “vadiagem”, que rendia até 30 dias de prisão.

Para Gouveia, ritmos ligados à população negra e a pessoas pobres ainda são marginalizados ou tratados com descaso em espaços de estudo de música. Escrever “Histórias encantadas de pequenos sambistas” é, antes de tudo, “permitir que as crianças possam ampliar o olhar sobre sua própria cultura”, para, quem sabe, o samba transformar a vida delas assim como transformou a sua, pontua o autor.

Conheça um pouquinho de cada conto:

“O menino Angenor e o enigma da árvore”

Dedicada ao músico carioca Cartola, a narrativa conta a história do Rei Momo, figura mitológica conhecida por não gostar de nada tão presente nas manifestações do carnaval do Rio de Janeiro. Que peripécias o pequeno Angenor realizaria no Morro da Mangueira? Para os leitores, fica o aprendizado de que a alvorada, o perdão e a alegria são essenciais para que o povo do morro possa viver em paz.

“O sol colorindo é tão lindo

É tão lindo

E a natureza sorrindo

Tingindo, tingindo”

(“Alvorada”, Cartola)

“O canto-pássaro da menina Quelé”

Quando Quelé cantava, toda a aldeia se orgulhava. E quanto mais ela cantava, mais se enchia de coragem. Mas se ela perdesse a voz, o que aconteceria? Seria possível recuperá-la? Homenageando Clementina de Jesus, artista nascida em Valença (RJ), a pequena Quelé cantou as histórias de seu povo, fazendo com que suas cantigas, jongos e vissungos fizessem os ouvintes se sentirem na frente da grande Mãe África.

“Sou a mana Clementina

Conhecida devagar

Oi, lá em Mangueira

Todo mundo quer saudar-me”

(“Barracão é seu”, Clementina de Jesus)

“O menino Rubinato e o cavaquinho encantado”

Nas ruas da Vila Esperança, bairro localizado na Penha, zona leste de São Paulo, o menino Rubinato enfrentava dois dilemas: buscava um presente para Maria Rosa, seu primeiro amor, e tentava se fazer ouvido, mas quase sempre era ignorado. Quando conseguiu um cavaquinho e fez uma serenata para Maria Rosa, não parou mais: tinha música até para as mariposas da Vila Esperança. O capítulo é dedicado ao paulista Adoniran Barbosa, que enxergava a possibilidade de contar as mais diversas histórias do cotidiano.

“Como fui feliz, naquele fevereiro

Pois tudo para mim era primeiro

Primeira rosa, primeira esperança

Primeiro carnaval, primeiro amor criança”

(“Vila Esperança”, Adoniran Barbosa)

“A menina Francisca e o monstro da guerra”

Inventar cantigas, tocar piano e encher todo espaço de música é o que fazia a pequena Francisca abrir um sorriso no rosto. Mas se de repente seus irmãos sumissem, como ela faria para encontrá-los? Enfrentando monstros e bruxos, a coragem de Francisca fez história em seu vilarejo, assim como a sambista carioca Chiquinha Gonzaga, responsável pela primeira marchinha de carnaval do país.

“Ô abre alas que eu quero passar

Peço licença pra poder desabafar

A jardineira abandonou o meu jardim

Só porque a rosa resolveu gostar de mim”

(“Ô abre alas!”, Chiquinha Gonzaga)

Se interessou? Veja as informações sobre o lançamento do livro!

“Histórias encantadas de pequenos sambistas” será lançado presencialmente no dia 4 de março (sábado), na Livraria Miúda (Rua Coronel Melo de Oliveira, 766 – Pompeia, São Paulo/SP), a partir das 15h. Cristiano Gouveia participa do evento e conta histórias para as crianças. Anote na agenda!

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