Para sua comemoração dos cinco anos de Maria Eduarda, que é filha de mãe branca e pai negro, e se considera uma menina pretinha, escolheu um tema baseado na representatividade: “Frozen Negra”.
Vestidas de princesa Frozen, ela e sua irmã mais nova, Ana Theresa, de três anos, aproveitaram muito a festa.
“Eu via nos olhos das minhas duas crianças como elas se viam, e se sentiam lindas naquelas fantasias. Como se sentiam importantes e valorizadas pode serem a Frozen Negra, contou Nicolli, mãe das meninas
Mas o momento auge do dia aconteceu quando Maria Eduarda e sua irmã conheceram a Frozen Negra pessoalmente.
“Aluguei a fantasia, e pedi a uma amiga. Ela sentiu o quanto tudo aquilo era importante para minhas filhas, e acredito que para ela também”, conta Nicolli.
“Assim como minhas filhas, outras meninas negras que estavam na festa se sentiram muito representadas, todas quiseram tirar foto, abraça e beijar aquela princesa que de alguma forma elas poderiam ser”.
O desafio de fazer uma festa fora do padrão
Quando o assunto é aniversário, na medida do possível, os filhos concebem os sonhos, e as famílias se viram para torná-los realidade. Com essa festa não foi diferente.
“Se elas querem uma princesa que as represente elas terão uma Frozen Negra!”
“Encontrei muitas dificuldades em fazer toda a parte de decoração. Nada se encontra em lojas convencionais, para falar verdade, não encontrei nada nem da única princesa negra, a Tiana [do filme ‘A princesa e o Sapo’]”, contou Nicolli. A saída foi contar com a ajuda da família para fazer toda a decoração da festa artesanalmente.
Outro ponto, segundo ela, desafiador, foram as reações das pessoas ao receberem o convite com o tema da festa. Aparentemente, muitas pessoas não concordam com a possibilidade de adaptar personagens famosos a partir do olhar de uma criança. “Algumas pessoas aplaudiram e ficaram muito felizes, outras questionaram o quanto aquilo era absurdo”, relatou.
A importância da autoestima e da identidade
Nicolli conta que no dia a dia de sua casa, ela e seu companheiro, Thiago Santos, ensinam às meninas sobre a importância do amor próprio, das diferenças e do respeito.
“Desde de muito cedo a mesma se identificava como sua avó e seu pai”, conta Nicolli. Thete, como é chamada a filha caçula, mesmo tendo a pele mais clara, também se considera pretinha.
“Sempre explicamos para elas que apesar da sua pele clara, a sua ancestralidade e origem são negras, e isso que ela deve se orgulhar. Nos sentimos muito felizes em criar crianças mais confiantes, e nos sentimos mais seguros em saber que nossas filhas saberão se proteger de alguns preconceitos impostos pela sociedade”, finalizou.