A vacina contra a dengue chega ao Brasil em um contexto de alta de casos. Crianças e adolescentes de 10 a 14 anos terão prioridade na fila para receber o imunizante porque ocupam a maior taxa de internações por causa da doença, conforme o Ministério da Saúde. A Anvisa liberou as doses do imunizante Qdenga para crianças a partir dos 4 anos, até adultos de 60 anos.
O Brasil será o primeiro país do mundo a ofertar a vacina contra a dengue em um sistema público de saúde, conforme afirmou a ministra Nísia Trindade. O SUS deve distribuir a vacina à população a partir de fevereiro. Cada pessoa receberá duas doses em um intervalo de três meses. Como estão disponíveis 6,1 milhões de doses, a previsão é imunizar, a princípio, 3 milhões de pessoas.
Cerca de 500 municípios com mais de 100 mil habitantes, e considerados de alta transmissão de dengue nos últimos meses, receberão as primeiras doses. Dentre as capitais, São Paulo (SP), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Fortaleza (CE) e Rio Branco (AC). O Ministério da Saúde confirmará outras cidades esta semana.
A vacina também está disponível em laboratórios particulares de algumas regiões. O custo é, em média, R$ 400 por dose. De acordo com estudos, com as duas doses, a eficácia é de 80% contra o risco de contaminação e de 90% de prevenção de casos mais graves, como dengue hemorrágica. Contudo, a vacina ainda é contraindicada para gestantes, lactantes e pessoas com algum tipo de imunodeficiência, que é uma ou mais doenças no sistema imunológico.
Como saber se é dengue?
A dengue é silenciosa e os primeiros sintomas costumam aparecer de três a 14 dias após a picada do mosquito aedes aegypti. No caso das crianças, os sintomas podem ser confundidos com alguma virose. Por isso, especialistas em saúde recomendam observar quando a febre é insistente e fazer o teste nas unidades de atendimento em caso de suspeita. O tratamento depende de cada caso e das complicações que podem ocorrer.
Sintomas da dengue em crianças
- Apatia e sonolência
- Dor no corpo
- Dor atrás dos olhos
- Febre alta repentina, que dura entre 2 e 7 dias
- Dor de cabeça
- Recusa para comer
- Diarreia
- Vômitos
- Manchas vermelhas na pele depois do 3º dia de febre
Fonte: Ministério da Saúde
Como evitar o mosquito?
Os meses mais chuvosos são os de maior transmissão da doença e o acúmulo de água beneficia a proliferação do mosquito. Por isso, campanhas nacionais intensificam o pedido de acabar com a água parada, principalmente em ambientes domésticos.
De acordo com as recomendações oficiais, as principais ações são: tampar as caixas d’água, encher de areia os pratos e vasos de plantas, não guardar pneus ou garrafas de maneira que acumulem água e fazer a manutenção de piscinas regularmente.
Usar inseticidas para matar o mosquito também é uma forma de prevenção, mas é preciso cuidado com a aplicação, por causa das crianças e dos animais domésticos. Outra forma é o uso de repelente. Para crianças, é necessário consultar um pediatra para indicar um produto específico.
Com 2,9 milhões de registros em 2023, o Brasil lidera o número de casos de dengue no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em 2024, somente na metade de janeiro, seis pessoas morreram por complicações da doença e cerca de 56 mil casos suspeitos foram notificados. No mesmo período do ano passado, foram mais de 26 mil casos notificados. Ou seja, ocorreu um aumento de mais de 50%.