A designer de interiores Katia Perrone atuava como voluntária em um serviço de acolhimento para crianças na cidade de São Paulo e percebendo as necessidades do espaço, realizou uma reforma por conta própria. Logo se deu conta que, de forma solitária, seria muito difícil fazer a revitalização dos espaços de mais casas.
Em um encontro com o colega arquiteto Vicente Parmigiani, decidiram fazer um projeto social nos moldes de uma “Mostra de Decoração”, contando com a parceria dos profissionais do portal Diário do Arquiteto, que voluntariamente se uniram à causa. Assim nascia o projeto DAdobem e foram entregues três reformas graças a uma rede com mais de 50 profissionais, 180 empresas e fornecedores parceiros.
Como resultado da iniciativa originou-se a Decor Social, uma associação sem fins lucrativos que promove reforma e decoração de abrigos de crianças e adolescentes, de zero a 18 anos, que estão à espera de adoção ou em situação de vulnerabilidade social. A partir da captação de recursos via crowdfunding realizam a reforma completa da unidade, para de promover um ambiente de moradia saudável.
A presidente Katia Perrone conta que as crianças participam de encontros com os profissionais e contam seus desejos de mudança. “Elas colocam seus sonhos, personagens e times que gostam, cores, ficam livres para expressar suas vontades”, descreve.
Como resultado de um ambiente acolhedor, nasce um lar que passa a ser mais cuidado pelos moradores. “Após a reforma as crianças começaram a ficar mais em casa, a se interessar mais pelos estudos porque tem um local para estudar, a participar mais dos afazeres da casa e passaram também a convidar os amigos porque agora se orgulham da casa que tem”, explica Kátia.
Sem dúvida o ambiente mexe com a autoestima dessas crianças, existem estudos recentes sobre “design for happiness” que comprovam a influência de um ambiente agradável, sadio e com móveis adequados na mente das crianças.
O que é o acolhimento institucional?
Acolhimento institucional é uma medida de proteção, excepcional e provisória, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). É aplicada em casos de ameaça ou violação de direitos de crianças e adolescentes, somente quando não há alternativas para permanência no convívio familiar.
No Brasil, o olhar sobre os serviços de acolhimento passou por uma longa trajetória de mudanças, como atenta a coordenadora geral do Instituto Fazendo História, Isabel Penteado. Antes considerados espaços de abandono, caso de orfanatos, educandários e colégios internos, amparados pelo Código do Menor, essas instituições se reorganizaram a partir da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990.
Segundo o Levantamento Nacional das Crianças e Adolescentes em Serviços de Acolhimento, do Ministério do Desenvolvimento Social (2011), cerca de 2.624 serviços de acolhimento institucional atendiam 36.929 mil crianças e adolescentes em todo o país, naquele momento. Principais motivos de acolhimento: 37,6% negligência na família; 20,1% pais ou responsáveis dependentes químicos; 11,9% abandono e 10,8% violência doméstica.
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