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Videoaula e ‘edutubers’: como o YouTube mudou o jeito de estudar?

Foto de uma menina negra mexendo no tablet

Professores no YouTube. Você sabia que eles têm até nome? “Edutubers” é o termo utilizado para definir os educadores que oferecem videoaulas na plataforma de vídeos mais acessada no Brasil. Não só o conceito, mas principalmente a prática, ganha cada vez mais força, com novas iniciativas e um volume de acessos de impressionar.

Segundo o Google, o número de visualizações no YouTube diariamente é de 1 milhão de horas. De acordo com um levantamento do YouTube Insights, o Brasil representa 98 milhões de usuários mensais na plataforma.

O YouTube Insights é um site criado pela própria empresa para apresentar os motivos pelos quais milhões de pessoas cada vez mais se interessam em acessar conteúdos em vídeo. Assim, eles detectaram quatro principais motivações que estão por trás dos milhões de cliques: conexão (interação com outras pessoas), conhecimento (aprender algo novo ou se atualizar), entretenimento (humor, diversão e inspiração) e identidade (ganhar autoconfiança a partir das histórias de outras pessoas). No site, cada uma dessas motivações possui uma aba específica. Na parte dedicada ao conhecimento, o YouTube Insights indica que, nove em cada 10 usuários brasileiros recorrem à plataforma para aprender algo que ainda não sabem. (Fonte: Pesquisa Video Viewers Google/Provokers, Brasil, de agosto de 2018). 

Exemplos de professores que já perceberam como utilizar todo esse potencial não faltam. O professor Paulo Jubilut, por exemplo, pode ser considerado uma celebridade da educação online. Com quase dois milhões de inscritos e mais de 250 vídeos postados, ele desenvolveu uma abordagem de ensino própria, à frente do canal Biologia Total, hoje o maior canal de Biologia do Brasil. Conhecido apenas como Jubilut, ele afirma ser o primeiro professor brasileiro a atingir a marca de um milhão de inscritos. Criada em 2013, a  iniciativa cresceu e funciona hoje como uma empresa, com mais de 20 funcionários.

O biólogo que se tornou referência em videoaulas no país é defensor de uma educação instigante, e orgulha-se de nunca ter usado lousa, por achar antiquado. Para motivar sua audiência, ele utiliza recursos dos mais diversos, e faz muitas saídas a campo para explicar os temas das aulas, na série “Por aí”, em que ele já foi até lugares como Emirados Árabes, África e Indonésia para falar sobre leões, dragões de Komodo e animais do deserto. Para quem busca aliar conhecimento com diversão, é um prato cheio assistir aos seus vídeos.

Reconhecendo a tendência, em 2013, o próprio YouTube e o Google Brasil criaram um canal próprio para difundir conteúdos desse segmento, o YouTube Educação, desenvolvido em parceria com a Fundação Lemann, e que já conta com mais de 350 mil  inscritos. O canal fez do Brasil o primeiro país a receber a versão do projeto fora dos Estados Unidos. Hoje, o espaço reúne dezenas de canais selecionados por especialistas no assunto, a partir de uma curadoria que contempla disciplinas diversas, como Língua Portuguesa, Espanhol, História, Inglês, Física, dentre outras.

O próprio Ministério da Educação, do Governo Federal, tem um canal no YouTube. Com mais de 42 mil inscritos, o canal não foi pensado para disponibilizar videoaulas, e sim para divulgar decisões, novos projetos e facilitar o acompanhamento das notícias sobre educação no Brasil no que se refere a assuntos como BNCC (Base Nacional Comum Curricular) ou SISU (Sistema de Seleção Unificada).

Como os profissionais da educação veem essa prática? De que formas a tecnologia impacta na absorção dos conteúdos e no processo de aprendizagem como um todo? Quais as potências e os pontos de atenção quando o assunto é utilizar a internet como ferramenta pedagógica?

O Lunetas conversou com o educador Rafael Procópio, que utiliza a plataforma para dar aulas de Matemática voltadas para o Ensino Fundamental e Médio, a fim de entender melhor essa prática do ponto de vista de quem leciona.

Mas, afinal, se a tecnologia é um dado de realidade, como utilizá-la da melhor forma, sem prejuízos para o processo pedagógico? Para refletir sobre essas e outras questões cruciais quando se fala em educação na internet, conversamos também com Anna Penido, diretora do Inspirare, instituto que trabalha para inspirar inovações que ampliem a equidade, qualidade e relevância da educação para os estudantes brasileiros – no final da matéria, você confere a entrevista com ela na íntegra.

Na segunda parte dessa matéria, preparamos também uma lista de canais com foco em educação, não só de disciplinas específicas, mas também que difundem conhecimentos de áreas diversas, como cinema, literatura e ciência. Os canais abrangem não só crianças e jovens, mas também os adultos que cuidam deles, com conteúdos que contemplam do ensino fundamental ao superior.

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Quanto mais recursos, mais rica pode ser a aprendizagem.

A websfera da educação no YouTube

Atualmente, a maior oferta de videoaulas na plataforma é focada em Ensino Médio ou Superior, sobretudo de preparação para o vestibular ou concursos públicos. Em menor quantidade, o Ensino Fundamental também é contemplado, principalmente o Fundamental II.

Um dos motivos dessa disparidade de oferta é o fato de que as próprias regras de utilização seguidas  pelo Google delimitam a faixa etária do público:  os termos de uso do YouTube indicam que o usuário deve ter mais de 18 anos, e, caso não tenha, afirma estar acompanhado de um adulto responsável.

Alerta – “Em qualquer circunstância, você afirma ter mais de 18 anos, visto que o website do YouTube não é projetado para jovens menores de 18 anos. Se você tiver menos de 18 anos, não deverá utilizar o website do YouTube. Você deverá conversar com seus pais sobre quais sites são apropriados”, diz o texto dos termos de utilização da plataforma.

Todos os dias, o YouTube é acessado por quem quer aprender algo por conta própria. Embora a plataforma não tenha sido pensada para o público infantil, a oferta para crianças também existe – clique aqui para ler as dicas do Lunetas de canais infantis livres de publicidade. Iniciativas bem-sucedidas, como a Universidade das Crianças, criada pelo Departamento de Comunicação Científica da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), e o nosso parceiro Manual do Mundo, por exemplo, dialogam amplamente com esses públicos.

Os canais apresentam vídeos que extrapolam os conteúdos curriculares e despertam o interesse das crianças a partir de temas do cotidiano, como “De onde vêm a água do rio?” ou “Como fazer slime caseira?”, para citar alguns exemplos recentes.

No caso do Ensino Médio, principalmente, a facilidade de acesso proporcionada pela videoaula não só possibilita o acesso para estudantes que não têm a chance de arcar com os custos de um curso formal, como representa uma nova forma de consumir informação na internet, não apenas de forma passiva, mas sim mais consciente e ativa.

Para o professor Rafael Procopio, criador do canal Matemática Rio com Prof. Rafael Procopio, as videoaulas representam a democratização do ensino. Seu canal foi criado em 2009 após uma experiência dando aulas em uma comunidade de alta vulnerabilidade social do Rio de Janeiro que o levou a pensar em desistir da carreira de professor, e hoje já conta com mais de 1, 4 milhão de inscritos no YouTube e mais de dois milhões de seguidores na página do Facebook.

“Eu me apaixonei pela produção de vídeos, e de dar aulas através deles”, diz Rafael, que hoje viaja o Brasil todo dando palestras sobre educação e oficinas de videoaulas. Para exemplificar sua paixão e por que ela contribui para tornar o aprendizado mais acessível, ele relembra duas situações que viveu após se tornar edutuber.

“Recebi o comentário de um indígena da Amazônia que morava em uma ilha onde não tem computador, nem escola, mas ele tinha um sonho de se tornar engenheiro. A única opção que ele tinha era pegar um barco e navegar três horas pra chegar à cidade mais próxima, onde tinha internet. Então, ele estudava matemática por meio dos dos meus vídeos. Isso me deixou muito animado, o fato de poder contribuir com a formação daquela pessoa que só tinha essa possibilidade de estudar. Se ele fosse depender do estudo formal, seria muito mais difícil pra ele”, conta Rafael.

Situação parecida aconteceu com o professor algum tempo depois, quando ele encontrou o apresentador Pedro Bial no avião, em uma viagem a trabalho. “Ele olhou pra mim e disse ‘Rafael Procopio’?. Na hora eu me assustei, pensei ‘pô, o Pedro Bial sabe meu nome e sobrenome’?. Então ele disse que os filhos dele estudam com meus vídeos quando têm dúvida”.

“A mesma aula que um índio amazônico recebe, ou alguém num acampamento sem terra, chega também para crianças ricas com outras oportunidades. Hoje em dia, com a internet, as pessoas têm a chance de ter a mesma preparação. Na aula online, o professor está sempre 100% animado, com sorriso no rosto e louco para passar o conteúdo”, afirma Rafael. 

“YouTube é cerca de três vezes maior que a TV aberta quando os brasileiros buscam aprofundar seu conhecimento sobre um determinado assunto” (Fonte: Pesquisa Video Viewers Google/Provokers, Brasil, agosto de 2018)

Apesar disso, quando questionado sobre as desvantagens de estudar online, o professor não hesita em mencionar os pontos críticos dessa prática. “O estudante precisa de mais disciplina, já que depende só dele acessar o conteúdo e estudar”, explica.

Outro ponto destacado pelo professor é a facilidade da dinâmica das videoaulas, que o permite oferecer uma quantidade muito maior de conteúdos. “No online, consigo dar muito mais aulas e passar muito mais conteúdo em relação ao presencial”

“Hoje, eu precisaria de 30 mil anos para dar a mesma quantidade de aulas presencialmente, considerando o número de visualizações que tenho no canal e os minutos assistidos”

O uso da educação on-line

Segundo informações do YouTube, 65% das pessoas que acessam a plataforma buscam conteúdos para aprender. Diariamente, vídeos de educação resultam em 500 milhões de visualizações. E a média de visualização é quatro vezes maior do que conteúdos puramente inspiracionais, como vídeos fofos, por exemplo.

Dados como estes chamam atenção para uma realidade: a internet – aqui representada em grande parte por plataformas de vídeo – se transformou em uma ferramenta pedagógica para muita gente. Quais os impactos disso para a educação?

Para Anna Penido, é preciso, antes de qualquer coisa, diferenciar a educação básica – ou seja, aquela que é oferecida nos anos iniciais da criança e do adolescente – de outros processos educativos, como cursos profissionalizantes, por exemplo, voltado para adultos. Para ela, cada momento educativo requer uma preocupação diferente, mas ambas possuem aspectos positivos e negativos.

“É muito importante que a gente entenda qual é a importância dos recursos virtuais dentro das potencialidades e também das suas limitações. O interessante é promover uma diversidade de estratégias de ensino e aprendizagem”, defende.

“Para uma formação plena, os estudantes precisam do espaço de convívio e diversidade que o ambiente escolar proporciona”

Aprender o que quer que seja – de tutoriais de como fazer um vulcão a aulas de Matemática ou História, passando por manuais de robótica, resumos literários e vivências de yoga – requer antes de mais nada interesse ativo em um determinado assunto. Com um ou dois cliques, é possível acessar uma inumerável quantidade de conteúdos que proporcionam conhecimentos que tantas vezes não estão na escola convencional. Porém, que prejuízos isso traz para a prática da educação como um encontro de sujeitos e subjetividades, isto é, o contato humano e presencial entre um indivíduo e outro?

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Ferramentas de vídeo e imagem podem enriquecer e muito o processo de aprendizagem.

Confira a entrevista com Anna Penido!

Lunetas – Há cada vez mais canais de educação no Youtube – segundo a plataforma, a maior parte que acessa o site o faz para aprender alguma coisa. Como você vê a utilização das plataformas de vídeos e videoaulas para o estudo de conteúdo curriculares? Ao seu ver, quais os pontos fortes e críticos desse uso?
Anna Penido – As novas gerações têm muita familiaridade com o audiovisual e realmente buscam com frequência o YouTube para aprender, desde questões relacionadas a educação formal, esclarecimentos de dúvidas e também da vida cotidiana, como jogar videogame, artes manuais, maquiagem, etc. São muitas alternativas de tutoriais para aprendizados das mais diversas naturezas. É muito interessante poder usar diferentes recursos de aprendizagem, considerando diferentes formas de aprender. 

“Oferecer mais alternativas significa ampliar as possibilidades para aqueles que, por exemplo, não se dão bem com aulas expositivas de uma atividade pedagógica tradicional”

Esse é o grande ponto positivo: oferecer outras alternativas para que cada aluno encontre aquela que faz mais sentido para ele.

Ao mesmo tempo, a internet oferece a possibilidade de oferecer outros recursos para além do livro didático: animação, vídeos, entrevistas. Mas é muito importante entender que esses elementos são complementares, não podemos entender que eles sejam a única opção. Hoje em dia, a grande vantagem é justamente oportunizar uma diversidade de estímulos e instrumentos pedagógicos.

Então, para algumas competências e conhecimentos, vai ser mais fácil promover esse desenvolvimento por meio de atividades presenciais e coletivas, por meio de atividades em que os alunos possam interagir e propor.

O que é muito importante ter em mente é que, ao utilizar recursos audiovisuais na escola, os professores não façam isso de uma maneira convencional, ou seja, substituindo a aula expositiva por uma videoaula. Isso seria apenas digitalizar um recurso tradicional. A ideia de ter novas plataformas é justamente para ter novas formas de aprimorar o aprendizado. O cuidado é esse: que não seja um uso excessivo, exclusivo e nem tradicional.

Os ‘edutubers’, como são chamados, em geral defendem que a educação tradicional, em seu formato sala de aula, é ultrapassado e não dá conta de sustentar o interesse dos estudantes. Você concorda? Pode falar um pouco sobre?
AP – Quanto ao modelo de educação como ele foi concebido, realmente, se esgotou. Cada vez é mais difícil engajar os alunos e permitir que eles estejam prontos para os desafios contemporâneos.

“Hoje não se trata mais de aquisição de conhecimento, precisamos desenvolver os estudantes integralmente, no aspecto intelectual, físico, emocional”

A escola como ela hoje está organizada não permite nem esse engajamento e nem essa formação integral, mais conectada com o século 21 e com o perfil dos estudantes já nascidos no novo milênio.

Então, é importante repensar, sim, e não a partir da aquisição de um monte de tecnologias e novidades, mas sim a partir de uma avaliação muito crítica daquilo que não funciona mais, do que os próprios alunos indicam do que não é efetivo para eles, utilizando evidências do que funciona e propondo novos caminhos para um novo modelo de escola. É entender que essa geração aprende muito mais com a mão na massa e tem uma familiaridade muito com o mundo digital, e buscam muito mais uma conexão com aquilo que eles veem na escola com o que de fato a vida demanda. 

Em relação à personalização do ensino, como você vê essa busca ativa por conteúdos por parte dos estudantes que acontece quando ele busca aquilo que vai estudar?
AP – O mais importante é entender que a personalização do ensino não é simplesmente o estudante buscar aquilo que ele quer estudar, e sim colocá-lo no centro do processo de ensino-aprendizagem, e considerar o perfil do estudante, os interessantes, os desafios pessoais que ele enfrenta.

Ou seja, é entender como ele aprende melhor e poder oferecer uma diversidade de práticas e materiais para que esse estudante possa de fato encontrar o caminho que seja mais efetivo e mais engajador para ele. Isso, muitas vezes, significa envolver o estudante em processos em que ele toma decisões sobre o projeto que ele vai estudar, por exemplo. Mas também tem muito a ver com respeitar o ritmo de cada aluno.

Nesse sentido, a tecnologia de modo geral pode ajudar. Hoje, existem plataformas que se adaptam às necessidades dos estudantes – chamadas plataformas adaptativas. Então, a personalização significa o professor ter um olhar especial para cada um dos alunos, conhecê-los e mentorá-los para que eles possam vencer suas dificuldades.

iStock/Arte Lunetas

Para a especialista em educação Anna Penido, é importante que, ao utilizar recursos audiovisuais na escola, os professores não façam isso de uma maneira convencional, ou seja, substituindo a aula expositiva por uma videoaula.

Quando professor e estudante não se encontram fisicamente, ou seja, sem o olho no olho e a subjetividade de cada um, quais os prejuízos para o processo de aprendizado?
AP – É muito importante fazer uma distinção do que é um processo de educação básica, quando tentamos desenvolver o estudante plenamente, de um processo educativo que é apenas um curso técnico, profissionalizante, de nível superior ou de complementação.

Nos cursos mais especializados, principalmente quando estamos falando de estudantes adultos, podem atender a necessidades específicas, até porque agora há muitas possibilidades de interatividade nas plataformas de ensino à distância. Isso permite troca entre os colegas, e dos alunos com os professores.

Já quando falamos em educação básica, estamos falando de um conjunto de valores e atitudes que estão em jogo e que precisam ser desenvolvidos, e que exigem a troca, o convívio com o adulto de referência e com os colegas.

“É impossível haver uma educação com um nível de qualidade e profundidade que seja à distância”

Como é que se desenvolve a capacidade de trabalho em grupo, consciência socioambiental, empatia, flexibilidade e determinação se a interação é somente virtual? O desenvolvimento dessas habilidades exige uma interação pessoal. Ao mesmo tempo, o próprio entendimento dos componentes curriculares exige vivência, troca, diálogo, debate e experimentação, que também demandam o presencial.

Quando falamos em educação à distância na educação básica, isso deveria se restringir a uma possibilidade de, no ensino médio, fazer um curso à distância eletivo, elementar, ou dentro de um módulo mais técnico. Ou mesmo a possibilidade de usar recursos digitais como vídeos e games com a mediação do professor. Então, é muito importante que a gente entenda qual é a importância dos recursos virtuais dentro das potencialidades e também das suas limitações.

“O interessante é promover uma diversidade de estratégias de ensino e aprendizagem”

Para concluir, eu gostaria de enfatizar que o uso de estratégias online para a aprendizagem também pode suprir necessidades específicas em situações extremas, como por exemplo de alunos com doenças crônicas que têm dificuldade de ir para a escola, ou de estudantes que moram em regiões muito remotas que não conseguem acessar a escola, ou ainda uma dificuldade momentânea de encontrar professores em determinadas regiões.

Eu entendo que essas são situações extremas e que o uso de tecnologia nesse sentido deve ser temporário, para suprir uma necessidade aguda, e não transformado em algo permanente. Para uma formação plena, os estudantes precisam desse espaço de convívio e diversidade que o ambiente escolar proporciona; ou seja, de cidadania, de interface com o entorno, de participação democrática, de relacionamentos e outras atividades que requerem o presencial.

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