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Vacinação infantil contra a covid-19: o que sabemos até agora?

Na foto, um menino de pele clara recebe uma dose de vacina aplicada no braço, sentado no colo da mãe. A imagem possui intervenções de rabiscos coloridos.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou em dezembro a vacinação infantil contra a covid-19, com a aplicação da vacina Pfizer em crianças de 5 a 11 anos e CoronaVac em crianças de 6 a 12 anos, além de adolescentes de 13 a 17 anos. A vacinação iniciou em 14 de janeiro, sendo Davi Seremramiwe Xavante, menino indígena de 8 anos, a primeira criança vacinada contra a covid-19 do país. O Ministério da Saúde prevê imunizar 70 milhões de crianças, sendo  1,25 milhão delas vacinadas com o primeiro lote.

Apesar da autorização da Anvisa, o governo decidiu abrir uma consulta pública sobre a necessidade de receita médica para imunização. A maioria se opôs à obrigatoriedade proposta. Para especialistas da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), “a imunização de pessoas entre 5 e 11 anos não deve ser uma questão de opinião, mas sim uma estratégia de saúde pública fundamental para o controle da pandemia”.

Vacinação com a Pfizer

A formulação pediátrica da vacina da Pfizer é diferente da que está sendo utilizada para as demais faixas etárias, correspondendo a aproximadamente 1/3 da dose indicada ao grupo de 12 anos ou mais. O Ministério da Saúde também informa que o intervalo entre doses será de oito semanas, sem informações ainda sobre a necessidade de uma dose de reforço voltada a este público. A Pfizer é liberada para crianças com comorbidades e/ou imunocomprometidas.

Segundo a Anvisa, caso a criança complete 12 anos entre a primeira e a segunda dose, é recomendado que ela receba a dose pediátrica da Pfizer também na segunda dose. Também é recomendado intervalo de 15 dias entre a aplicação da vacina da covid-19 e outras do calendário infantil.

Como cada grupo etário demanda nova avaliação de acordo com a resposta imunológica, um estudo (em inglês) realizado pela Pfizer, no mês de outubro, validou a segurança da vacina para crianças a partir dos 5 anos, com eficácia de 90,7%. Foram 2.268 crianças participantes que receberam duas doses da vacina ou placebo, com três semanas de intervalo.

Vacinação com a CoronaVac

Com uso emergencial aprovado em 20 de janeiro, a vacinação com CoronaVac é permitida em crianças de 6 a 12 anos e adolescentes de 13 a 17 anos. A vacina é a mesma usada em adultos, com esquema vacinal de duas doses aplicadas em um intervalo de 28 dias. A aplicação da CoronaVac é liberada para crianças com comorbidades, mas não para imunocomprometidas, que aguardam novas resoluções da Anvisa.

Os resultados da terceira fase de um estudo sobre o uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de seis meses a 17 anos revelaram que, das 200 crianças que participaram desta fase do estudo, nenhuma mostrou efeitos adversos graves com a vacina. Ainda não há informações sobre o uso das vacinas da AstraZeneca e Janssen na população abaixo de 18 anos.

Embora os casos em pediatria sejam menos graves, a transmissão da variante ômicron tem se espalhado rapidamente. “Felizmente, não parece ser especialmente agressiva, mas ainda é importante mantermos os cuidados de usar máscara em ambientes fechados, lavar sempre as mãos, evitar aglomerações e não sair de casa com qualquer sintoma respiratório ou febre”, diz Márcio Moreira, infectologista pediátrico do Hospital Israelista Albert Einstein. Desde o início da pandemia até dezembro, aproximadamente 1.148 crianças de 0 a 9 anos morreram de covid no Brasil. Isso significa 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias.

Apesar das vacinas não impedirem o contágio, caso se tenha contato com o vírus, ela gera resistência e anticorpos aos organismos imunizados – além de reduzir as chances de transmissão. Para Ana Karolina Barreto Marinho, imunologista no Departamento Científico de Imunização da Asbai, “vale a conscientização sobre a importância da vacinação e medidas de controle, especialmente no período de festas de fim de ano”.

“O Brasil segue bem nas coberturas vacinais, mas é preciso estimular a população a receberem a segunda dose e as doses de reforço”

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