Em pesquisa Datafolha encomendada pelo Instituto Liberta, um em cada três brasileiros diz ter sofrido violência sexual na infância ou adolescência, de forma física ou verbal. Dos entrevistados, 32% admitem que sofreram agressões sexuais antes dos 18 anos.
“Se fizermos uma projeção dos dados do Datafolha, cerca de 68 milhões de brasileiros e brasileiras sofreram algum tipo de violência sexual antes dos 18 anos”, explica Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, em entrevista à Folha. Com base no último relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Luciana reforça que a pesquisa corrobora dados oficiais, que também apontam crianças como grupo mais vulnerável a esse tipo de violência – 61,3% dos registros policiais de 2021 foram de estupros contra menores de 13 anos de idade.
Relatos e percepções dos entrevistados sobre violência sexual
A pesquisa ouviu 2.086 pessoas a partir de 16 anos, em 130 cidades do país, entre 7 e 13 de junho. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. Entre as violências sofridas, os entrevistados relataram que:
- 20% afirmam ter sido vítimas de adultos que mostraram o órgão genital
- 16% tiveram suas partes íntimas tocadas ou acariciadas
- 15% receberam propostas de “recompensa” por ato sexual
- 14% admitem serem vítimas de violência sexual
- 12% declaram ter visto um adulto se masturbar à sua frente
De acordo com o levantamento, a população tem a percepção correta de que a maioria das vítimas de violência sexual tem menos de 13 anos (81%) e que o abuso pode acontecer sem toque no corpo da vítima (76%). Com uma amostra menor, de 1.671 pessoas, 43% das mulheres revelaram que foram vítimas de pelo menos uma situação de violência sexual quando menores, enquanto o percentual entre homens foi de 21%.
A percepção sobre abuso muda de acordo com a idade, renda e escolaridade: para 88% das mulheres mais jovens e com maior escolaridade e renda, há abuso sexual mesmo quando não ocorre contato físico com o agressor; já para 33% dos entrevistados com mais de 60 anos e menor renda e escolaridade, só há violência quando o corpo da vítima é tocado.
A pesquisa revela que os brasileiros se dividem quando opinam sobre quem seriam as principais vítimas no Brasil. Para 41%, são as mulheres; para outros 41%, são as crianças e os adolescentes.
* Com informações de Folha de S.Paulo.
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