Uma latinha conectada à outra por um barbante transforma-se num telefone sem fio. A brincadeira, antiga e pouco praticada no hoje em dia das tecnologias, foi recuperada na série documental “Me liga na lata” com a intenção de aproximar crianças de diferentes regiões brasileiras e, assim, conhecer como elas vivem e o que mais gostam de fazer no tempo livre.
O telefone de lata é o fio condutor responsável por conectar crianças de comunidades indígenas, quilombolas, do sertão, litoral ou grandes centros urbanos de oito Estados brasileiros (Espírito Santo, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, São Paulo e Paraná), permitindo que a cultura e aspectos singulares de uma região a outra trafegue de forma simples e divertida.
Após viajar por tantos territórios, Renata Meirelles, responsável pela direção desta série documental infantil junto de David Reeks, comenta a vontade de acessar justamente o que as crianças revelam de si e da cultura local através da brincadeira, de modo espontâneo. “A partir desse exercício do diálogo foi possível vislumbrar aspectos próprios de cada região mas que também se repetem. É uma relação de humanidade: por mais que existam diferenças, somos muito semelhantes”. Segundo Renata, “talvez as imagens do corpo que brinca, constrói seus brinquedos e mostra tudo o que sabem fazer, sejam a comunicação mais forte entre elas”.
“Crianças falam a mesma língua, que é o brincar, mas com sotaques diferentes”
É assim que as conversas compartilhadas “na lata” nos revelam hábitos, brincadeiras, modos de vida e até vocabulário usado por essas comunidades tão particulares. Um registro dos gestos e das expressões infantis e um retrato do país sob o olhar e a voz das crianças em 13 episódios, de até 26 minutos de duração.
“O contato com comunidades menos visitadas também ajuda a ampliar essa relação de diversidade do país que somos ao mesmo tempo em que nos aproxima”, acredita Renata. Seu desejo é, além de inspirar as crianças, que essa produção reverbere entre os adultos, criando “um diálogo entre diferentes regiões a partir dessa abertura de dizer de si e saber do outro”. Assim, será possível nos “acessar mais como povo, aproveitando a oportunidade de trocar e aprender com a diferença enquanto se comunga da força da diversidade brasileira”.
“Que a experiência de falar ‘na lata’, própria das crianças, possa nos lembrar de expressar quem somos para o mundo livremente, de dentro pra fora”
No dia 10 de janeiro, às 21h30, estreia a série documental produzida para o público infantil “Me Liga Na Lata”. A produção da Maria Farinha Filmes é uma iniciativa do Instituto Alana em parceria com o programa Território do Brincar, dedicado a investigar o brincar livre, a partir de um trabalho de escuta, intercâmbio de saberes, e difusão da cultura infantil. Com distribuição da Flow, “Me Liga Na Lata” será exibido no CineBrasil TV.