Além de apresentar dados inéditos sobre o efeito “publicidade-desejo-consumo-descarte”, pesquisa pioneira “Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente” aponta caminhos possíveis para promover uma infância livre do consumismo e que permita o livre brincar em segurança.
A pesquisa foi encomendada pelo programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, e conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Principais conclusões da “Infância plastificada”
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Setor de brinquedos é um dos que mais faz publicidade infantil
A indústria de brinquedos representou 71% das publicidades dirigidas a crianças na TV paga em monitoramento feito em 2019, especialmente próximo do Dia das Crianças e Natal.
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A maioria dos brinquedos é feita de plástico e pode causar impactos na saúde de crianças
Estima-se que 90% dos brinquedos do mundo são feitos a partir de materiais plásticos e muitos destes produtos contêm substâncias tóxicas para crianças.
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Brinquedos de plástico têm baixa probabilidade de serem reciclados
Este estudo estimou que 1,38 milhão toneladas de brinquedos de plástico serão produzidos no Brasil entre 2018 e 2030. Por conta da mistura de diversos materiais que os compõem, sua reciclabilidade se torna praticamente inviável.
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Embalagens de brinquedo fazem parte do problema
As embalagens, muitas vezes de plástico, também geram problemas ao meio ambiente pela sua rápida descartabilidade. O estudo estimou a geração de 582 mil toneladas no mesmo período no país.
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L.O.L. Surprise! e McLanche Feliz são exemplos da relação entre publicidade infantil e excesso de brinquedos de plástico
Ambos são casos ilustrativos do funcionamento e efeitos da cadeia “publicidade infantil-desejo-consumo-descarte”. O primeiro com a cultura do unboxing, estimulada pela publicidade realizada por youtubers mirins, e o segundo por associar alimento ao consumo de brinquedo (eatertainment).
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Crianças são alvos rentáveis da publicidade e suscetíveis a valores consumistas
As crianças têm forte influência nas tomadas de decisão de compras da família e, por isso, têm sido um público-alvo lucrativo, estimulando o consumismo.
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Soluções possíveis
Os caminhos passam pela efetiva proibição da publicidade infantil, o estímulo à economia circular da cadeia de brinquedos, o brincar livre na natureza e o estímulo à cultura de troca de brinquedos, além do design de novos brinquedos verdes e sustentáveis.
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Publicidade infantil é ilegal e abusiva
A publicidade dirigida a crianças é considerada abusiva e, portanto, proibida pela legislação brasileira, por se aproveitar da condição vulnerável da criança que não consegue compreender o conteúdo persuasivo dessas mensagens.
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