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Enxoval do bebê: de doações até compras em Miami

Foto em preto e branco mostra roupinhas de bebê penduradas em um varal.

Comecem a anotar:

“25 panos de boca, 43 toalhas, 85 fraldas, 90 cueiros, 33 bodies de manga curta e por aí vai”, brinca a pernambucana Luanda Barros Fonseca, autora do blog No drama mom.

Mãe de quatro filhos, ela passou por diferentes experiências com enxovais.

Na gravidez do primeiro filho, João, comprou “enlouquecidamente”, como ela mesmo conta. Depois percebeu que o bebê não usou tudo e muitas coisas acabaram se perdendo. Para a segunda filha, Irene, topou fazer uma viagem internacional com outras duas amigas de infância que também estavam grávidas. Conclusão: 900 dólares na primeira loja em Miami e a vontade de chorar por conta dos gastos pelos dias seguintes.

“Apesar disso, valeu a pena e as roupas duraram por um ano”, repensa Luanda. Na verdade, durou mais. Quando Teresa nasceu, a terceira filha, acabou herdando as coisas da irmã. Já na última gravidez, de Joaquim, não comprou absolutamente nada, pois aceitou tudo de doações das amigas.

E se existe um aprendizado em toda essa trajetória, Luanda ressalta que foi repensar as listas que estão disponíveis na internet, pois tudo depende da realidade de cada família e de cada criança. “Se antecipar muito é exagero, acaba contribuindo para a ansiedade materna”, afirma.

A escolha pela praticidade

“Você chega no quarto filho e percebe que certas coisas não fazem parte do seu perfil”, diz a youtuber Thalita Campedelli. Mãe do Bernardo, do Tomás, da Nina e do Bento, ela parece ter todas as dicas na ponta da língua.

“É preciso pensar no estilo de vida da família, até em quantas vezes se quer lavar roupa por semana, no clima da cidade em que o bebê nasce, entre outras questões”, atenta. Além disso, pela sua própria experiência, ela reforça que alguns bebês nascem maiores, outros menores e uns crescem mais rápido que outros, o que acaba determinando muito da utilidade de alguns itens do enxoval, como roupas e sapatos, por exemplo.

Na opinião dela, o ideal é comprar o básico para os três primeiros meses, momento que costuma ser mais agitado e, na medida do tempo, ir comprando o restante, optando por priorizar o conforto da criança e a praticidade para os pais.

“Assim dá pra ir testando as marcas e se o bebê vai se dar bem com os produtos”

Outra dica que Thalita dá, compartilhada em um vídeo em seu canal, é a possibilidade de se comprar roupas e itens para enxoval em lojas por quilo, para quem procura saídas mais baratas.

Em seu canal, Thalita Campedelli apresenta uma lista que considera básica para o enxoval, compartilhando as compras de roupas, itens de saúde e de higiene, que fez durante a gravidez de seu filho Bento.

A escolha pelo desapego

Logo de primeira viagem, a escritora Tati Sabadini, autora do @familiamoderna no Instagram se deparou com o enxoval duplo de Maria e Isabela. Durante a preparação, contou com o apoio da família e de conhecidos.

E, apesar de “uma extravagância ou outra”, como ela descreve a compra de itens mais caros e bonitos, não houve outra saída senão a escolha por preço e praticidade.

“Mesmo assim, é difícil sair do clássico enxoval na primeira gravidez”, confessa

Após o puerpério, ela reviu a importância das listinhas detalhadas. “Não dá para gastar muita energia com isso, pois existem outras preparações mais essenciais que as compras, como leituras, a busca de informações e o preparo, por exemplo, com a amamentação”, afirma.

No enxoval do seu terceiro filho, Francisco, acionou uma rede de apoio e acabou ganhando emprestada uma mala de roupas de uma amiga para o primeiro mês. Sua cunhada também passou a roupa do sobrinho, então não precisou comprar praticamente nada nos seis primeiros meses do filho, além do macacão com o qual o bebê saiu da maternidade.

“É um processo bem valioso e bonito poder usar roupas de outras crianças, ainda mais de amigas que te emprestam com carinho”

Depois da experiência, ela acabou repetindo o gesto e repassando os pertences de seus filhos adiante.

Uma dica segundo ela? O desapego. Para isso, muitos grupos do Facebook e do WhatsApp reúnem famílias, especialmente mães, que querem fazer trocas e vender coisas usadas. Como muito do que se compra não tem mais utilidade depois de um período, as famílias aproveitam para vender por mais barato, então todo mundo sai ganhando.

“Esses grupos salvam não apenas nas questões emocionais, mas também materiais e práticas”, diz ela.

A escolha pelo conforto

Shirley Hilgert, autora do blog Macetes de Mãe concorda que a empolgação toma conta das mães de primeira viagem. “Já no segundo a gente fica mais ‘pé no chão’, mais prática e mais econômica, querendo menos ‘entulho’ em casa”.

Para ela, duas fontes para o preparo são essenciais: ouvir outras famílias que já tenham passado por essa experiência e as listas disponíveis em sites, blogs e livros

O próprio blog nasceu a partir do compartilhamento da experiência de enxoval do primeiro filho, Leonardo. Pelo interesse de outras mães, ela acabou disponibilizando a lista que utilizou, feita para as compras em Miami.

“Não tanto pelo glamour que isso envolve (porque não tem nenhum, na verdade), mas muito mais por uma questão de economia”, escreveu em um post de 2012.

Na época, a blogueira prezou pelo conforto, qualidade, segurança e também pelo visual.

“Não tinha diferenciação por sexo. Tudo o que menino usa é igual ao que menina usa”

Se algumas cores ficam à critério das famílias, Shirley optou pelas mais neutras, tanto para a decoração do quarto quanto para itens de alimentação e de passeio, roupas e outros.

Mas a primeira experiência da maternidade acabou mostrando que o enxoval era apenas um detalhe e que outras preparações emocionais e psicológicas tinham que ganhar mais espaço. O resultado disso foi a praticidade com que encaminhou o enxoval do segundo filho, que herdou tudo do primeiro e dos filhos de outras amigas.

“Um enxoval complexo e cheio de coisas é mais um desejo dos pais do que necessidade da criança”

A escolha pelo estritamente necessário

“Bem vindo, nesta casa é assim que vivemos, então você vai viver como a gente e estaremos aqui para te acolher”

A sugestão de boas vindas da blogueira e youtuber Xan Ravelli aos bebês diz muito sobre sua postura em relação a enxovais em geral. Para ela, que teve dois filhos não planejados, mas que foram muito bem recebidos, as pessoas e, especialmente a mídia, vendem muitas ideias sobre aquilo que é necessário para esse momento. O ideal, segundo ela, é considerar as possibilidades de cada família  nesta ocasião.

Além disso, a experiência ensina e o famoso “calma, vai dar tudo certo” parece ganhar vida de uma forma ou de outra. Se a primeira filha, Jade, teve um enxoval nos mínimos detalhes, a segunda gravidez, de Rael, disputou atenções com uma reforma em casa.

“No primeiro enxoval eu comprei muita coisa que não precisava ou que não usei, como os protetores de seio. Mas se houver um bom treinamento, eles não são necessários”, diz

Por outro lado, ela assume que os vidrinhos para armazenar leite fizeram falta após o nascimento de Jade.

Mesmo com a prática, que levou Xan a preparar tudo para a chegada de Rael durante uma semana, no oitavo mês de gestação, sempre há algo em excesso ou em falta. Por isso, ela sugere os grupos em redes sociais que possibilitam apenas trocas de produtos entre famílias, desde roupas, tipos e tamanhos de fraldas e objetos.

No fim, muitas ideias serão vendidas, muitas listas disponibilizadas, muitos jeitos de se fazer e não fazer serão compartilhados, mas a realidade de cada família e as necessidades de cada bebê vão determinar como encaminhar os enxovais.

Por isso, Xan reforça a importância do olhar pessoal e dá o seu recado para as futuras mães e pais:

“Confiem nas suas escolhas”, é o conselho que ela deixa.

 

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