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Empreendedorismo materno: ‘Nem todas terão mais tempo com filhos’

Bebê no colo de uma mulher, tentando alcançar objetos em uma mesa de trabalho, com laptop, canetas e caneca

Embora grande parte dos empreendedores de sucesso divulgados na imprensa sejam homens, o mundo do empreendedorismo é cada vez mais ocupado por mulheres, e há um número crescente de mães, que buscam no empreendedorismo uma alternativa de trabalho após a maternidade.

Essas são algumas das descobertas do projeto The Girls on The Road, que se propõe a realizar entrevistas com mulheres empreendedoras em todos os continentes para inspirar e empoderar aquelas que desejam empreender.

Após o primeiro ciclo de entrevistas do projeto, que aconteceu nos Estados Unidos e no Canadá, durante junho e julho de 2016, Taciana Mello e Fernanda Moura, que encabeçam a iniciativa, conversaram com o Lunetas sobre suas descobertas em relação ao empreendedorismo materno nesses países.

Confira a entrevista!

Lunetas: Quais são os grandes motivos que levam as mães a empreenderem?

Taciana Mello e Fernanda Moura: De acordo com as entrevistadas que são mães, elas viram no empreendedorismo uma forma de se sentirem realizadas como profissional e ao mesmo tempo como mãe, por conseguirem ter uma agenda mais flexível e maior controle sobre ela. Todas elas entendem que as escolhas não são excludentes.

“É possível ser mãe e ao mesmo tempo empresária”

Outra motivação foi trabalharem em algo que tem maior impacto e satisfação pessoal do que a atividade que desempenhavam no mundo corporativo. Algumas mães basearam seus negócios em uma oportunidade relacionada à maternidade.

“Por serem mães, muitas enxergam oportunidades de melhoria que para outras pessoas podem passar despercebidas”

Lunetas: Quando falamos em empreendedorismo materno, a princípio parece que é uma atividade que “resolve” a vida das mães. Mas sabemos que nem sempre a vida da mãe empreendedora é um mar de rosas. Quais os principais desafios do dia a dia dessas mães que empreendem?

Taciana e Fernanda: Primeiramente, é preciso lembrar que empreender não é garantia de passar mais tempo com os filhos. As condições podem ser mais flexíveis, mais o nível de trabalho é intenso. Segundo, ter mais tempo para curtir os filhos passa também por uma mudança de entendimento dos papéis que a mulher exerce e o apoio que recebe dentro e fora de casa.

“Empreender pode não ser a melhor solução. Se além do novo negócio, ela tem a responsabilidade integral de cuidar dos filhos, de gerir a casa sem divisão dessas responsabilidades, o tiro pode sair pela culatra”

Algumas empreendedoras que entrevistamos foram muito honestas ao dizer que tiveram que “negociar” com seus maridos e companheiros como seria a divisão de tarefas, e foram firmes ao defenderem suas iniciativas. Isso já é um avanço se pensarmos que ainda há o entendimento que essas tarefas devem ser basicamente desempenhadas pela mulher. Antes de tomar a decisão de seguir um outro rumo, é preciso ter muita certeza do que se quer realizar

“Empreender não é para todo mundo, e nem todas as mães encontrarão mais tempo para curtir os filhos e realização profissional abrindo seu próprio negócio”

Esse paradigma precisa ser quebrado. Empreender, sendo mãe ou não exige uma dedicação e comprometimento que podem, em determinados períodos, exigir muito mais que uma posição em uma empresa.

Lunetas: Vocês falaram que no Canadá e EUA os pais são mais participativos no cuidado dos filhos e da casa. De que maneira isso impacta o trabalho das mães?

Taciana e Fernanda: Primeiramente, elas se sentem apoiadas com o reconhecimento pelos maridos que filhos são responsabilidades de ambos. Além disso, isso permite que tenham mais tempo para cuidarem de seus próprios negócios e de si mesmas.

“Ao dividirem as tarefas com o cuidado dos filhos e da casa, os pais demonstram que também julgam importante a realização profissional da esposa”

Lunetas: De que maneira as lições aprendidas na maternidade são aproveitadas por essas mães em seus empreendimentos?

Taciana e Fernanda: Muitas afirmam que o senso de urgência mudou ao se tornarem mães. Isso as ajuda como empreendedoras, ao saberem como direcionar e priorizar recursos, por exemplo. Outro comentário frequente é que conseguem identificar oportunidades de negócios a partir de demandas da maternidade. Outro ponto importante é o gerenciamento do tempo, sabendo que não possuem mais tanto tempo como antes, se tornam muito mais focadas e produtivas.

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