A desnutrição infantil cresce no país: até 30 de agosto, a rede pública de saúde registrou 2.115 internações de bebês por desnutrição, o que eleva para 8,7 a taxa média de hospitalizações diárias – um aumento de 7% em comparação com 2021. Entre 2018 e 2021, foram registradas 13.202 hospitalizações por desnutrição entre crianças menores de um ano, sendo que quase 40% (5.246) foram de bebês negros (pretos e pardos). Em 2022, a categoria corresponde a dois terços das internações registradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 2021, o SUS registrou em média oito internações diárias de bebês com quadros de desnutrição, totalizando 2.979 hospitalizações de crianças de até um ano – o maior número absoluto dos últimos 13 anos. As informações são do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fiocruz, que reúne dados sobre mortes evitáveis de crianças de até 5 anos.
Cristiano Bocolini, pesquisador e coordenador do Observa Infância, afirma, em nota, que, apesar de ainda existirem desafios na identificação por raça/cor devido à informação faltar em um terço dos registros, os dados atuais mostram uma proporção maior de crianças pretas e pardas hospitalizadas por desnutrição. Essas informações vão de encontro com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, lançado pela Rede brasileira de pesquisa em soberania e segurança alimentar e nutricional (Penssan), em junho: a insegurança alimentar aumentou 18,1% em domicílios com crianças de até 10 anos, além de 65% dos lares comandados por pessoas pretas ou pardas conviverem com a restrição de alimentos em qualquer nível.
A desnutrição infantil pelo Brasil
Segundo o Observa Infância, a taxa de hospitalização por desnutrição entre bebês menores de um ano vem subindo no Brasil desde 2016, mas chegou à pior marca em 2021, com 113 internações para cada 100 mil nascidos vivos. O aumento foi de 51% em relação a 2011, quando o país registrou 75 hospitalizações de bebês para cada 100 mil nascidos vivos.
A região Sul foi a única que registrou queda na taxa de hospitalização por desnutrição em crianças de até um ano entre 2020 e 2021. Já a região Centro-Oeste foi a que registrou o maior aumento: 30% entre o primeiro e o segundo ano da pandemia. Em 2021, a região Nordeste registrou 171 internações de bebês de até um ano para cada 100 mil nascidos vivos, número 51% maior do que a média nacional. De acordo com o II inquérito da Penssan, a fome fez parte do dia a dia de 21,7% das famílias do Nordeste e chegou a atingir 25,7% dos lares da região Norte.
* Com informações de Agência Fiocruz de Notícias.
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