A alimentação é um dos cuidados essenciais da vida e que gera vínculo entre pais e filhos. Alimentar é dar amor, não somente cuidar. Oferecer uma alimentação balanceada aos filhos é dar a base para uma vida mais saudável.
Entretanto, é muito comum pais reclamarem de filhos que não comem bem, são seletivos, rejeitam diversos alimentos, ou não aceitam experimentar novos sabores e texturas. Porém, o que muitos deles não sabem é que o ato de se alimentar mal pode estar relacionado com o comportamento do pai ou da mãe durante as refeições.
Crianças que “comem mal” podem sofrer consequências sérias de saúde não somente durante a infância, mas por toda a vida. É importante ensinar aos filhos, desde pequenos, a comerem corretamente, pois uma boa alimentação é a base da saúde física, psíquica, intelectual e do desenvolvimento saudável como um todo.
É em volta de uma mesa, ou durante a preparação de uma refeição, que muitas atitudes são observadas e copiadas pelas crianças. Ou seja, se o pai ou a mãe não gostar de determinado alimento e não comê-lo, a chance da criança rejeitá-lo é grande. Assim, as dificuldades alimentares dos filhos podem não estar associadas somente a alguma doença, mas sim a conflitos entre os pais e a criança.
Em entrevista para o nosso parceiro Gourmet Jr., a psicóloga Ana Carolina Fantin diz que as crianças são como “esponjas” e sugam tudo o que observam a sua volta. Sendo assim, elas percebem o comportamento dos pais em relação a alimentação e conseguem captar aquilo que eles expõem e o que tentam esconder, consciente ou inconscientemente.
De acordo com a psicóloga, a criança pode imitar os pais na rejeição de algo, ou comer para agradar e se sentir amada, pois elas percebem a relação e a reação de seus pais com os alimentos e com eles.
“O fato de os pais gostarem mais ou menos de um alimento, ainda que tentem disfarçar, pode interferir na forma como esse alimento é oferecido, no grau de tolerância caso ele seja recusado, ou no grau de satisfação que sentem caso o filho coma bem”, explica.
Ana Carolina dá dicas para que os pais busquem identificar nos filhos possíveis causas que possam deixar a criança desconfortável. Ela explica que fatores como a idade, a dinâmica familiar, a educação oferecida a criança, se os pais estão muito ausentes ou se “sufocam” o filho com excessos, e o momento em que a família se encontra (mudanças, separações, nascimentos e perdas, novas atividades da criança e/ou dos pais) são alguns exemplos que podem ser os responsáveis para uma dificuldade na alimentação.
Contudo, ela reforça que é muito importante que os pais não cedam a chantagens das crianças, bem como não proponham trocas/presentes caso o filho se alimentar bem.
“Não abram mão das regras estabelecidas para a rotina de alimentação, não se tornem reféns dos filhos implorando para que eles comam, vivendo em função disso. A criança percebe a angústia dos pais com isso e pode tentar “manipular” coisas em benefício próprio”, alerta.
Segundo a psicóloga, a dificuldade com a alimentação das crianças geralmente está ligada ao psicológico junto ao dia a dia da família. Por isso, ficar sempre atento ao que pode não estar bem, permitir que a criança expresse seus sentimentos, e conversar com os filhos são maneiras de se lidar com o sintoma da dificuldade alimentar.