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Como saber quais empresas são boas o suficiente para as mães?

imagem de capa da matéria sobre maternidade e ambientes de trabalho acolhedores mostra uma mulher negra, de cabelos curtos e cacheados, usando óculos e roupa preta, sentada em um escritório. Ela usa um computador e fala ao celular.

“Durante o último mês da minha licença-maternidade, dediquei-me intensamente a organizar a rotina do meu bebê, […] visando facilitar o retorno ao trabalho”. Mas a analista de projetos, Larissa Akemi, foi demitida um dia antes de retornar da licença. O relato dela teve mais de 15 mil interações no LinkedIn, rede social focada em perfis profissionais. Foi assim que ela soube que existem plataformas on-line onde é possível ver as avaliações de funcionários sobre a empresa e que outras mulheres já tinham passado pelo mesmo tipo de demissão onde trabalhava.

Reprodução Linkedin

Apesar da estabilidade no trabalho após o parto e o retorno da licença-maternidade ser garantida por lei, um estudo do portal Empregos mostrou que 56,4% das mulheres entrevistadas já foram demitidas nesse período ou conhecem outra mulher que passou por essa situação. Assim, a consultora de Recursos Humanos e recrutadora, Ingrid Brum, explica que, atualmente, existem plataformas onde é possível compartilhar os pontos positivos e negativos de cada ambiente de trabalho. “É importante entender se a empresa, por exemplo, trabalha com a inclusão de mães e como as incentivam a ter qualidade de vida para conciliar a maternidade e o trabalho.”

Toda mulher tem direito à estabilidade gestante, prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O objetivo é garantir a continuidade do emprego da funcionária desde a confirmação da gravidez até o quinto mês da gestação. Além disso, quando retomar às suas atividades após a licença-maternidade, ela ainda terá um mês de estabilidade provisória. Ou seja, durante todo esse período a empresa não pode desligá-la sem justa causa. A licença-maternidade tem duração mínima de 120 dias e pode ser concedida até 28 dias antes do parto.

Porém, Brum ressalta que, mesmo com a facilidade em conseguir essas informações, o ideal é se conectar com pessoas da empresa para obter melhores referências. “A aproximação no Linkedin, por exemplo, é interessante para ter referências de profissionais que trabalham ali e sabem como é o clima organizacional. Isso é mais valoroso do que se apegar às informações das plataformas.”

Onde pesquisar referências?

Plataformas on-line de oferta e procura de vagas de emprego podem ser uma alternativa para pesquisar sobre locais de trabalho. Geralmente existe um espaço para que os funcionários deixem comentários sobre as tarefas e a política da empresa. Uma opção é o site Glassdoor, onde funcionários atuais e ex-funcionários avaliam anonimamente as empresas cadastradas. Confira outras redes e aplicativos focados em realocar mães no mercado de trabalho:

Glassdoor: site e aplicativo destinados para avaliação anônima de empresas, além do serviço de cadastro de currículo e recrutamento.
Indeed: site e aplicativo de recrutamento que possui avaliação das empresas por funcionários e seção de perguntas e respostas sobre o ambiente de trabalho.
Catho: plataforma de cadastro de currículo e recrutamento, onde funcionários avaliam e escrevem depoimentos sobre as empresas.
Filhos no currículo: rede de profissionais que oferece um programa de parentalidade para empresas parceiras com o objetivo de acolher pais e mães na jornada de trabalho.
Benditas mães: blog e aplicativo que conectam mães com informações gerais, inclusive sobre mercado de trabalho e empresas.

O outro lado da moeda: mães podem reaquecer o mercado

Apesar das inseguranças quanto ao acolhimento após a maternidade, dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de 2022, mostram que, nas últimas quatro décadas, as mães estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho. Entre 2012 e 2019, por exemplo, a diferença entre a mão de obra feminina e masculina com filhos passou de 37% para 31%. Nos anos de pandemia (2020 e 2021), as mulheres perderam três pontos, mas logo recuperaram. Segundo os resultados, as empresas estão avançando no entendimento de que as mulheres trabalhadoras precisam de jornadas mais flexíveis.

Ingrid Brum destaca que, embora as empresas estejam se atualizando, as mães também podem continuar ativas enquanto pausam o trabalho para se dedicar à maternidade. “Não perder o contato com as pessoas, sobretudo para lembrar ao mercado que ela existe”, recomenda. Assim, no caso de mães que estão sem emprego, fazer algum curso na área é uma alternativa. Além de procurar empresas que tenham uma boa política quanto à parentalidade de seus funcionários.

“Essas mulheres podem informar que elas continuam na profissão, e, quando se sentirem prontas para voltar, é importante movimentar as plataformas, atualizar o currículo e comunicar às pessoas que ela está disponível para o mercado”, explica a recrutadora. Para ela, vencer os preconceitos que ainda existem em algumas empresas implica em “se posicionar com confiança e acreditar na própria trajetória, pois o nosso valor como profissionais não está vinculado ao fato de sermos mães. Continuar cuidando, de alguma forma, da nossa visibilidade profissional é um desafio. Mas é possível ter sucesso dentro e fora de casa.”

Além de não precisar se anular como profissional para ser mãe, Brum deixa três dicas para as mulheres que procuram uma vaga no mercado de trabalho após a maternidade:

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