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Clubes do livro: iniciativas para receber livros infantis em casa

Um menino e uma menina estão brincando de cabaninha e lendo um livro. Os dois estão sorrindo e parecem deslumbrados.

No Brasil, depois da editora Círculo do Livro fazer história nos anos 1970 e 1980 com um sistema diferenciado de compra e consumo de literatura, os clubes do livro voltaram com força total nos últimos anos. Para ajudar pais, professores e quem mais quiser presentear os pequenos com leituras, o Lunetas selecionou alguns clubes do livro com obras infantis que valem a pena conhecer.

Segundo a Agência Brasil, o mercado editorial registrou crescimento de quase 30% em 2021, com cerca de 55 milhões de livros vendidos. Porém, como saber quais são as alternativas que realmente se propõem a respeitar e explorar os potenciais da criança como leitora, e não como mero consumidor?

Como funcionam os clubes do livro?

Há particularidades em cada serviço oferecido, mas geralmente acontece assim: a pessoa escolhe o tipo de plano que quer aderir, seleciona o nível de leitura da criança que vai receber, e passa a receber em sua casa um livro (ou um kit, a depender do plano escolhido e do serviço selecionado) mensalmente.

Alguns projetos exploram envios temáticos, trabalhando um assunto predeterminado por vez. Mas, em todos, há um denominador comum: a chegada do livro é sempre uma surpresa absoluta. É como ficar do lado de cá de um menu desconhecido, aderir a um cardápio no escuro. A cada mês, é um sabor novo oferecido, e o leitor só consegue saber seu nome no momento em que já está experimentando. Então, conhecer quem está do lado de lá, fazendo as escolhas e misturando os sabores, é fundamental.

Confira as escolhas!

Depois de anos trabalhando com projetos de formação de leitura, a mestre em educação Denise Guilherme resolveu expandir sua paixão pelos livros para uma missão diferente: aproximar adultos e crianças por meio de boas experiências de leitura. Assim nasceu A Taba (parceiro editorial do Lunetas), um clube do livro especializado em curadoria infantil com foco na formação de leitores.

A Taba oferece quatro opções de pacotes, de acordo com o nível de leitura da criança: Bebê, Leitor iniciante, Leitor autônomo e Leitor experiente. Além de curadoria, A Taba também cria conteúdos, encontros de leitores e catálogos para auxiliar os educadores a selecionar os livros infantis a serem trabalhados na escola.

“A leitura em casa, diferentemente da leitura na escola, deve estar muito mais associada à possibilidade de compartilhar um momento em família do que à necessidade de se ensinar a ler mais e melhor”

Criado pelo empresário Gustavo Barbeito, o Garimpo Clube do Livro seleciona livros para adultos e crianças. O diferencial do serviço são os chamados clubes temáticos: infantil, ficção, poesia, amor & humor, negócios e leia mulheres, com o objetivo de estimular a promoção da literatura produzida por mulheres. O núcleo infantil é dividido em três faixas etárias: de quatro a seis anos, de sete a oito, e de nove a onze.

Segundo a jornalista e editora Elisa Menezes, responsável pela curadoria do clube infantil, há um cuidado grande com a qualidade não só literária, mas também gráfica e artística dos livros selecionados. “É uma linha curatorial que procura fugir dos best-sellers e levar ao leitor livros que talvez ele nunca conheceria, abrindo espaço para editoras independentes e de pequeno porte. Como curadora dos clubes infantis, privilegio obras de excelência gráfica, com conteúdos visuais e textuais ricos”, explica.

“É aquela velha história: livro não tem idade. A relação com a leitura pode começar ainda na barriga da mãe. Quando um livro é bom, seu alcance é ilimitado”

Idealizado por Volnei Canônica, ex-coordenador do DLLLB (Diretora do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas), do Ministério da Cultura, e por Renata Nakano, o clube de leitura Quindim nasceu em 2016. Batizado em homenagem ao rinoceronte Quindim das histórias do Sítio do Pica-pau Amarelo, o clube surgiu com o objetivo de ser uma ação sustentável a longo prazo, que contribua na superação das dificuldades de construir um Brasil leitor.

Um dos grandes diferenciais do Quindim é a equipe de curadores, que conta com alguns dos principais autores, ilustradores e pesquisadores de literatura infantojuvenil da atualidade. Nomes como Roger Mello (Prêmio Hans Christian Andersen 2014), Ziraldo, Marina Colasanti, Marisa Lajolo e Ricardo Azevedo, além de estrelas de outros universos, como a cantora Adriana Calcanhoto integram esse universo amarelo.

“Procuramos diversificar as editoras, para darmos oportunidade também às pequenas, preocupadas em desenvolver um trabalho de qualidade e transgressor. Mas, principalmente, buscamos livros que desenvolvam a empatia e a imaginação”

Incentivo à leitura, empoderamento feminino, empatia e sororidade: os quatro tópicos regem o clube do livro “Minha pequena feminista”, que reúne títulos infantis com protagonistas femininas. As escolhas do clube contêm livros alinhados com outros princípios importantes, como respeito às diferenças, liberdade, educação antirracista, inclusão social, preservação ambiental e respeito aos animais.

O clube nasceu no início da pandemia, quando as sócias perceberam que é muito mais comum que os meninos sejam os heróis e protagonistas das histórias de livros infantis. Nesse momento, surgiu a motivação principal do clube: trazer bons livros com histórias em que as meninas sejam as protagonistas.

“Nós acreditamos que o limitado número de histórias com meninas protagonistas de fato empoderadas pode incentivar as crianças a acreditar que elas não são tão capazes quanto os homens e meninos de enfrentar os desafios propostos pela narrativa”

Criado em 2014, a atuação do Leiturinha se baseia no incentivo à leitura e na excelência da curadoria dos livros, para proporcionar experiências de aprendizado e diversão em família. A equipe de conteúdo e curadoria do clube é composta por especialistas de psicologia, pedagogia, comunicação, filosofia e desenvolvimento infantil. O clube também possui aplicativo próprio para acompanhar as entregas dos livros, para os pais ficarem por dentro do desenvolvimento das crianças e receberem sugestões para a contação de histórias.

“O tempo dedicado para aproveitar a leitura em família faz com que o adulto consiga imergir no universo da criança e, a partir disso, cria laços ainda mais profundos, levando maior confiança e estabilidade para os dois”

Por que ler?
Com os livros, as crianças aprendem o sentido do mundo, conhecem realidades que o cotidiano tantas vezes esconde, e naturalizam assuntos que a família e a escola tantas vezes omitem. É um movimento saudável de ocupar o seu lugar no mundo, reconhecer diversidades e afirmar identidades. Para Denise Guilherme, fundadora d’A Taba, a formação de crianças leitoras, muitas vezes, é uma história de reconciliação e descoberta dos pais com os livros.

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