No início deste ano, divulgamos aqui no Lunetas um material lançado pela Associação Nova Escola e pelo Instituto Alana, que reúne mais de 500 planejamentos de atividades para bebês e crianças, desde a pré-escola até o nono ano do ensino fundamental.
Utilizando como parâmetro a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), os planejamentos todos têm como diretriz garantir a centralidade da criança no processo de aprendizagem, garantindo seu protagonismo. Além disso, a proposta é respeitar o contexto da escola pública, onde é frequente faltarem ferramentas básicas para a realização das atividades. Assim, os planos são simplificados e não demandam muitos recursos para serem colocados em prática.
A pedido dos leitores que nos escreveram pedindo sugestões de atividades para a primeira infância, trazemos nesta matéria uma seleção de planos de aula para bebês de zero a três anos.
Confira as atividades para bebês
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Experimentando chás com os bebês
- O que é?
A atividade consiste na degustação de chás a partir da criação de um pequeno jardim de sensações com ervas aromáticas colocadas em pequenos potes ou em ambiente externo, como forma de estimular as sensações, o tato, o olfato, o sabor e a cor.
- O que usar?
Ervas colhidas no jardim, potes ou vasos pequenos com mudas de ervas aromáticas para chá, bules, xícaras e pires. Tule, pequenos pedaços de pano, linha de crochê. Caixas de papelão e panos diversos para cobrir as caixas.
- Como fazer?
Leve as ervas do seu jardim aromático para a sala de referência. Se você fez o jardim em uma área externa, convide os bebês a colhê-las. Caso o jardim tenha sido feito em potes ou vasos, faça um colheita na sala junto aos bebês, manuseando e descobrindo a transformação da erva fresca. Incentive-os a pegar e cheirar as ervas para fazer deste um rico momento de experimentação e de contato mais próximo com a natureza.
Montagem
Disponha algumas caixas de papelão de tamanhos variados para compor estações/cantos pela sala de referência com as ervas em saquinhos feitos com pequenos pedaços de tule. No caso das ervas colhidas, reserve um momento anterior para a confecção dos saquinhos junto aos bebês. Crie pequenos sachês de tule, morim ou crochê com ervas aromáticas: erva-doce, camomila, marcela, lavanda, canela, cravo, capim limão.
Cheiros, cores e texturas compõem uma experiência heurística com o mundo natural.
Organize algumas caixas com ervas previamente lavadas in natura para que os bebês possam tocar, cheirar e provar. Amplie o repertório de sensações com ervas de cores, cheiros e texturas diferenciadas. Organize algumas caixas com utensílios utilizados no preparo do chá. Cubra as caixas com tecidos para que os bebês façam a descoberta. Chame a atenção para ver se descobrem que o cheiro vem das caixas.
Deixe os bebês à vontade para a livre exploração nos cantos/estações em pequenos grupos de quatro a cinco bebês. Observe se reconhecem o cheiro das ervas e se apresentam curiosidade/preferência por alguma. Observe os gestos, olhares e expressões durante a exploração. Possibilite que explorem demoradamente os itens das caixas. Faça um rodízio para que possam explorar os diversos tipos de chá, suas cores e odores.
Experimentação
Após explorarem os itens da caixa, convide os bebês para o preparo do chá. Observe como interagem no momento do preparo e como percebem o cheiro a partir da infusão do chá. Inicie a degustação percebendo se os bebês demonstram preferência por algum. De que maneira reagem aos sabores? Fazem caretas e parecem gostar?
Neste momento, você poderá aproveitar para observar se percebem a temperatura do chá morno e como reagem a isso. Garanta que esteja à disposição uma cesta com brinquedos de preferência dos bebês, para que brinquem e explorem outras possibilidades enquanto outros pequenos grupos realizam a proposta com o chá.
Clique aqui para fazer o download do plano de aula Experimentando chás com os bebês.
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Massagem para a soneca dos bebês
- O que é?
Para esta atividade para bebês, separe materiais que possam ser utilizados no momento da massagem, como: tecidos, esponjas, bolas de meia e algodão. A soneca é um momento importante na rotina dos bebês, por isso, organize o espaço para que seja tranquilo e relaxante após a atividade de massagem. Disponha colchões ou tapetes na sala, de maneira que seja possível a finalização desta proposta com o momento de descanso. Realize uma seleção prévia de músicas tranquilas.
A atividade envolve momentos de relaxamento e massagem em que o bebê possa permitir o toque do professor, de outra criança e o toque em seu corpo, de maneira que seus limites e possibilidades de interação sejam respeitados.
O bebê poderá experimentar o cuidado de si e com o outro.
- O que usar?
Materiais diversos, como tecidos de texturas variadas, esponjas, bola de meia e algodão. Colchões ou tapetes emborrachados. Mídia com música tranquila.
- Como fazer?
Convide as crianças para iniciar a brincadeira de massagem. O bebê pode começar mexendo nos pés, depois no braço, na cabeça. À medida em que tenham explorado o movimento de toque em uma parte, passe para outra parte e, aos poucos, vá introduzindo as seguintes.
Apoie e valide as ações e brincadeiras feitas pelos bebês. Convide as crianças para trocarem até que o professor tenha massageado todos os bebês. Coloque-se como observador, aproveite para perceber a maneira como reagem ao toque do outro, como se manifestam quando é a sua vez de realizar o toque, quais são as expressões, os gestos e os olhares. Aproveite esse momento para realizar a documentação pedagógica.
Após esse momento de toque nos bebês, proponha a eles que utilizem os pedaços de tecidos de texturas diferentes, pedaços de algodão e as bolas de meia. Em pequenos grupos, convide as crianças para escolher os objetos que mais lhe interessarem e sugira que façam uma massagem em si mesmo com o objeto escolhido, no próprio pé ou na própria mão. Possibilite a livre exploração e o manuseio dos diversos objetos e materiais. Facilite essas ações, de forma que todos tenham chance de explorá-los, interagindo com os materiais de massagem.
Clique aqui para fazer o download do plano de aula Massagem para a soneca dos bebês.
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Preparando uma cozinha para os bebês
- O que é?
Organize a sala em estações ou cantos. Por exemplo: no primeiro canto disponha frutas e verduras; em outro, objetos como panelas pequenas e grandes; em um terceiro, potes e colheres de diversos tamanhos.
- O que usar?
Caixas de papelão, colheres de diversos tamanhos, pratos, tigelas e potes de uso cotidiano utilizados nos momentos de alimentação das crianças (tanto em casa, como na escola), pequenas panelas, algumas frutas e legumes para enriquecer a atividade para bebês. Providencie os itens de uso na escola com os funcionários da cozinha para compor a proposta.
- Como fazer?
Inicie a conversa com o grupo de bebês com um convite à apresentação dos artefatos que trouxeram de casa. Dê nome aos itens, com o auxílio dos bebês. Neste momento, utilize também os itens da escola para a exploração. Possibilite a apresentação destes elementos pelos próprios bebês, valorizando seus gestos, expressões, balbucios, olhares e movimentos. Observe as crianças que se manifestam na apresentação dos objetos esticando os braços, colocando o que pegaram no chão ou balbuciando o próprio nome.
Organize cantos que contemplem diferentes maneiras de explorar os objetos. Alguns exemplos (você pode adaptar à sua realidade): um canto com panelas grandes e pequenas; outro com legumes e frutas; um terceiro só com panelas; outro com colheres e espátulas etc. Incentive a livre exploração por parte das crianças nos cantos e estações. Observe a maneira como elas interagem com os objetos, com as outras crianças e com o professor. Perceba se as hipóteses criadas pelos bebês evidenciam o reconhecimento da função do objeto.
Em pequenos grupos ou individualmente, pergunte se as crianças sabem para o que serve determinado item, se já usaram ou se elas têm em casa. Observe a todos e considere que alguns podem ainda não conhecer as funções dos objetos, enquanto outros já se apropriaram disso e precisam de um desafio extra. Para esses, ofereça frutas e verduras in natura para que explorem o cheiro, a textura, a cor e o sabor.
Clique aqui para fazer o download do plano de aula Preparando uma cozinha para os bebês.
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Massagem Shantala para bebês
- O que é?
A Shantala é mais do que uma técnica de massagem – é um ato que reforça aspectos indispensáveis desde o primeiro respirar do bebê no mundo: o amor, o carinho e o contato. O mais importante nessa atividade para bebês é perceber se eles estão disponíveis para receber a massagem. Para a realização desta proposta você deverá ter realizado previamente uma atividade de massagem com os bebês. Escolha um dia com temperatura amena.
Consulte os familiares a respeito de alguma alergia ou sensibilidade que o bebê tenha antes de utilizar o óleo para a massagem. Caso haja restrições, faça apenas com a sua mão aquecida, esfregando uma na outra.
Disponha colchões ou tapetes na sala, de maneira que seja possível a finalização desta atividade com o momento de sono e descanso. Realize uma seleção prévia de músicas tranquilas.
- O que usar?
Tecidos atoalhados. Colchões ou tapetes emborrachados. Mídia com música tranquila. Óleos corporais de origem vegetal: amêndoa-doce, coco, girassol e uva, para a massagem. Caixas com materiais não-estruturados para livre exploração.
- Como fazer?
O momento da massagem deve ocorrer antes da soneca e de forma espontânea. Faça o convite para tirarem os sapatos, as meias, e guardarem os vestuários ao lado do berço ou do colchonete. Prepare o ambiente de forma aconchegante, ajustando uma iluminação confortável. Coloque uma música tranquila e reduza a iluminação.
Explique aos bebês que você irá fazer uma massagem em cada bebê individualmente, para que possam relaxar e descansar tranquilamente. Para aqueles que ainda não estiverem recebendo a massagem do professor, possibilite a exploração das caixas de descobertas.
Convide os bebês para irem até os colchonetes e berços, auxiliando as crianças para que se acomodem tranquilamente. Auxilie os bebês menores, que precisam de apoio, para que fiquem em uma posição confortável, deitando-os de barriga para cima. Faça uso de uma música de fundo tranquila e em volume baixo. Reduza a iluminação. Faça o convite para a primeira massagem.
Sente-se com suas pernas esticadas, acomodando o bebê sobre elas e inicie a massagem. Utilize um óleo vegetal para untar as mãos e comece massageando o peito. Movimente suas mãos suavemente do centro do tórax em direção à axila. Repita o movimento algumas vezes.
O segundo movimento deverá partir do tórax e ir em direção aos ombros do bebê de maneira circular. Segure o pulso do bebê suavemente com uma de suas mãos, formando uma espécie de bracelete. Depois, com a outra mão, forme um bracelete próximo ao ombro do seu pequeno e deslize-o até o encontro da outra mão, em movimento de rosca. Comece pelo lado esquerdo e depois pelo lado direito.
Repita o movimento algumas vezes. Use seu polegar para massagear as mãos do bebê, começando da palma e indo em direção aos dedinhos. Depois, massageie delicadamente cada um dos dedos. Massageie os pés do bebê usando o seu polegar.
Clique aqui para fazer o download do plano de aula Massagem Shantala para bebês.
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Troca de roupa em frente ao espelho
- O que é?
Para esta atividade para bebês, prepare os materiais da troca antes de iniciar a brincadeira, deixe à disposição, sobre os colchonetes, a roupa e o calçado de cada bebê, possibilitando que reconheçam o seu conjunto de roupas. Para isso, é necessário que estejam dispostas de forma organizada e visível. Providencie um espelho grande, fixo na parede, para que as crianças consigam visualizar seus próprios corpos.
- O que usar?
Espelho, trocas de roupa e colchonetes.
- Como fazer?
Inicie a brincadeira convidando os bebês para participar do momento de troca. Possibilite a eles que fiquem próximos ou em frente ao espelho. Explique às crianças que vocês irão preparar o espaço juntos para o momento da troca de roupas. Convide-as para explorar livremente os materiais disponíveis para o momento da troca, em pequenos grupos. Garanta que os bebês menores tenham a oportunidade de participar também. Adapte a organização, de forma que eles também se sintam acolhidos. Observe como comunicam suas descobertas e interagem com os colegas neste momento.
Após o momento de interação com os colegas no pequeno grupo e a descoberta dos materiais que serão utilizados na troca, convide os bebês a se olharem no espelho. Possibilite a eles comunicarem por meio de gestos e balbucios o que vêem no espelho.
Chame individualmente um dos bebês pelo seu próprio nome.Inicie tirando o sapato desse bebê e vá nomeando as partes do corpo. Observe como ele interage com você e quais expressões realiza. Apoie as ações dos pequenos, valorizando as manifestações deles.
Depois de se olharem no espelho e irem, aos poucos, tirando as peças de roupa, instigue a curiosidade e desafie os bebês a dizerem ou identificarem as partes do corpo, enquanto estão olhando para o espelho. Nomeie-as com os bebês. Por exemplo: Aponte para a barriga e peça para o bebê tocar na sua ou na de um colega.
Neste momento, as crianças poderão em duplas ou em pequenos grupos explorar outras partes do corpo, sem que o professor precise nomeá-las. Comece a brincadeira e possibilite aos bebês que criem suas hipóteses e descobertas na interação com os colegas. Observe como as crianças experimentam as possibilidades corporais nas brincadeiras e interações. Apoie os bebês menores, narrando e tocando você os pés, a barriga e os braços deles.
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Para incluir todos e todas
Identifique barreiras físicas, comunicacionais ou relacionais que podem impedir que uma criança ou o grupo participe e aprenda. Considere o seu grupo de crianças e suas diferenças, oportunize que os bebês que precisam de algum apoio para se aproximar dos objetos e se acomodar tenham isso garantido. Facilite a exploração dos bebês nesta atividade, bem como os que já possuem mais autonomia e domínio dos artefatos apreciam desafios extras. Evite que os utensílios de cozinha e as falas possam reforçar alguns estereótipos de gênero (aquelas que possam de alguma forma restringir a participação em função do ser menino ou ser menina). (Fonte: Nova Escola)