Atualmente, 515 cidades de 34 países, se reconhecem como cidades educadoras e estão organizadas em rede pela Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE). Em sua carta fundante, a instituição defende as cidades como um espaço de potencial educativo em estado bruto, que precisa ser ativado. Fora da AICE, outros municípios também se colocaram o desafio de articular espaços, pessoas e ações em torno de processos de aprendizagem que primam pelo desenvolvimento integral de seus habitantes.
Para ilustrar essas dinâmicas e inspirar novos rumos para nossos espaços urbanos, o Portal Aprendiz listou cinco cidades. Esses lugares pararam para pensar sobre si, sua história e seus caminhos, e afirmaram suas vocações e características como potencial educativo. Rosário, na Argentina; Santos, Sorocaba e Maranguape, no Brasil; e Barcelona, na Espanha, são apenas alguns exemplos do que é possível fazer em nossos municípios.
Confira a lista de cidades educadoras
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Rosário (Argentina)
A terceira maior cidade da Argentina, Rosário, decidiu, em 1996, tornar-se uma cidade educadora. A decisão, que partiu do poder público, acompanhou um redesenho profundo na maneira como as políticas públicas da cidade passaram a ser desenvolvidas.
“Começamos com uma descentralização institucional, com a ideia de que era necessário ter um governo mais próximo e amigável. Também se desenvolveram as políticas sociais, de maneira integrada com transportes e lazer. Sempre tendo em mente a necessidade de oferecer aos mais vulneráveis oportunidades iguais”, explica Laura Alfonso, diretora do Escritório Regional da América Latina para a AICE.
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Santos (SP)
Com o maior porto da América Latina, Santos, no litoral paulistano, tem uma importância enorme para o Brasil. A cidade, uma das mais antigas do país e com um dos maiores percentuais de idosos, resolveu assumir sua vocação de cidade educadora, reforçando a ideia de que se aprende ao longo de toda a vida.
Para concretizar essa proposta a Secretaria de Educação do município investe em políticas públicas que fortaleçam a ligação da comunidade com a escola. Como “Santos da Gente”, que visa apresentar a cidade e seu patrimônio histórico e cultural aos estudantes. Aproveitando o fato de que cerca de 19% da população é composta por idosos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade desenvolveu o projeto “Vovô sabe tudo”. Essa iniciativa leva idosos para participar da educação como condutores de bondes, contadores de história e cuidadores de hortas comunitárias.
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Sorocaba (SP)
A 90 km da capital paulista e com quase 700 milhões de habitantes, Sorocaba decidiu aliar saúde e educação para repensar seu espaço e desenvolvimento. Reconhecida pela Unesco desde 2010 como uma Cidade Educadora, o município criou, em 2005, o programa “Cidade Educadora, Cidade Saudável”. O projeto congrega esforços da Secretaria de Educação com as de Saúde, Esporte, Lazer, Cultura e Cidadania, além da pasta de Segurança, para transformar a localidade em um vetor de qualidade de vida.
Uma reforma urbana foi executada, visando a construção de parques, praças, plantio de árvores, ciclovias, academias ao ar livre e a despoluição do rio Sorocaba. A partir daí, estabeleceu-se um sistema pedagógico ancorado em três pilares: aprender a cidade, aprender na cidade e aprender com a cidade. Como toda mudança, a proposta exigiu a qualificação dos educadores e a criação de roteiros pedagógicos que envolvessem escolas e espaços.
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Cachoeira – Maranguape (CE)
Perto de Fortaleza, o município de Cachoeira, com forte tradição rural, abria o Ecomuseu comunitário, sediado em um antigo casarão que hoje faz parte de uma terra coletiva. A proposta é ampliar os horizontes da comunidade e fortalecer o que há de cultural, popular e tradicional no território.
A cidade aprendeu, com seu passado de cooperação para garantir as colheitas e a posse da terra, a trabalhar em conjunto e resolveu também levar esforço para a educação de suas crianças, jovens e adolescentes. A Escola Municipal José de Moura entrou de cabeça na jogada, afinal, ao lado da cultura e do meio ambiente, a educação é um dos pilares do Ecomuseu.
Desta forma, o público da escola, educadores, estudantes e funcionários passaram a integrar as atividades de educação integral.
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Barcelona, Espanha
Barcelona é conhecida por ser a primeira cidade do mundo a se declarar uma “cidade educadora”. Ela aposta nos espaços públicos e na articulação de diferentes setores para garantir a educação integral de suas crianças e adolescentes. Um dos exemplos mais claros se dá na formação do Território Educativo de Ciutat Vella, distrito histórico e lar de 122 nacionalidades, mais de mil organizações sociais, mais de 50 escolas e de uma cultura de participação social enraizada na comunidade.
A concretização do Território Educativo de Ciutat Vella pode ser vista no dia a dia de escolas e organizações e, claro, nas ruas, desde a forma como as famílias se relacionam com as instituições de ensino e suas propostas pedagógicas, passando pela conexão entre organizações sociais e escolas, à frequência com que estudantes ocupam e fazem uso dos espaços públicos.
“Esse é o aspecto mais importante: a ideia de que todos somos corresponsáveis pela educação”
O projeto “Apadriño”, por exemplo, busca aproveitar o que o bairro – e seus equipamentos culturais, pessoas e lugares – têm de melhor em favor das escolas. Outro exemplo é a parceria entre uma escola de música e uma instituição de ensino, para que as crianças aprendam a “batucada” e a relacionem com a matemática.
“O nosso objetivo principal é gerar redes que facilitarão a convivência intercomunitária”, explica a pesquisadora em políticas públicas Iolanda Fresnillo.
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