‘Você chama mamãe?’ 10 perguntas engraçadas que as crianças fazem

Como lidar com as perguntas que as crianças fazem quando começam a se questionar sobre o universo ao seu redor?

Da redação Publicado em 18.07.2018
Menina loira sentada no sofá sorrindo com a mãe na frente da boca

Resumo

As perguntas podem carregar fantasias, hipóteses e medos, e é muito valioso que os adultos tentem entender de que lugar elas surgem para melhor lidarem com elas. Conversamos com a psicóloga Isabel Gervitz sobre a importância dessa fase. Confira o bate-papo!

Se nós, adultos, vivemos em uma constante dúvida e curiosidade com o mundo que nos cerca, imagine então as crianças que estão estreando as possibilidades da vida a cada dia com tanta intensidade.

De acordo com a psicóloga e psicanalista Isabel Gervitz, a vontade de perguntar das crianças é super potente para a aprendizagem, pois revela vontade de aprender sobre o mundo e implica na capacidade de formular questões a partir daquilo que não se sabe. As perguntas podem carregar fantasias, hipóteses e medos, e é muito valioso que os adultos tentem entender de que lugar elas surgem para melhor lidarem com elas.

Isabel trabalha como psicóloga clínica de crianças, adolescentes e adultos em consultório e também no Laboratório de Educação, delineando ações de parceria com instituições de educação e produzindo conteúdos na plataforma Toda Criança pode Aprender.

Neste texto, a plataforma discute o que as crianças aprendem quando perguntam. “As crianças perguntam não somente para explorar uma curiosidade a respeito de algo que ainda não lhes é familiar, mas também para elaborar conflitos emocionais, precisando muitas vezes repetir incessantemente alguns questionamentos, até que encontrem sentido dentro do seu campo afetivo”, escreveu.

Confira o bate-papo que tivemos com ela

  • Lunetas: As crianças perguntam muitas coisas e nem sempre conseguimos responder com facilidade. Como responder até mesmo aquelas que os adultos não sabem a resposta?

Isabel Gervitz: É muito importante que os mais velhos tentem valorizar essa atitude, mesmo quando não sabem dar uma resposta. Nesses caso, vale ser honesto, mostrar que ninguém sabe de tudo e, eventualmente, ir procurar soluções junto com a criança (num livro, na internet, conversando com outras pessoas). Porém, antes de mais nada é fundamental entender o que e por quê aquela pergunta está surgindo.

Muitas vezes a criança quer saber algo muito simples e interpretamos a questão fora de contexto, considerando a necessidade de formular uma resposta incrementada. De qualquer maneira, mesmo quando os adultos sabem o que dizer, às vezes vale a pena construir junto com os pequenos um raciocínio para chegar à resposta, de forma que eles possam ir acompanhando esse percurso de pensamento, ao invés de ter uma solução pronta. Outro aspecto importante a ser levado em consideração refere-se à necessidade de adequar a linguagem à compreensão da criança, de forma que aquilo possa fazer sentido para ela, mas tendo o cuidado de não falar de forma infantilizada.

“Vale ser honesto, mostrar que ninguém sabe de tudo e, eventualmente, ir procurar soluções junto com a criança”

  • Lunetas: Existe idade certa para cada pergunta?

Isabel Gervitz: Não sei se existe idade certa para cada pergunta, mas considero que a forma de responder a certas questões deva levar em consideração o momento de desenvolvimento da criança e o que ela já é capaz de compreender. Oferecer uma explicação rebuscada e complicada a uma criança pequena, por mais que esteja correta, não contribuirá na elaboração de suas reflexões. Falar de forma muito contundente sobre alguns assuntos também não permitirá aos pequenos que construam sentidos próprios a partir daquilo. Abordar um conteúdo difícil não é um problema, a questão é ter cuidado na forma de conversar sobre isso.

  • Lunetas: As crianças são capazes de fazer reflexões geniais e também engraçadas. Muitos adultos acabam rindo de algumas coisas que as crianças falam ou supervalorizando e expondo algumas delas. Como lidar com estas questões?

Isabel Gervitz: Penso que um pouco de humor faz parte do contato com questões inesperadas, embora seja preciso o cuidado de não ofender a criança ou deixá-la em uma situação desconfortável. Isso também não deve criar uma barreira para que a criança volte a perguntar, pois, conforme já citei, os questionamentos feitos na infância são base para o desenvolvimento do raciocínio, para a formulação de hipóteses sobre o mundo e para começar a construir referências de conhecimento, a partir das respostas obtidas.

“Por isso, é preciso valorizar esse movimento da criança, mas com o cuidado de sempre mostrar que não existem respostas definitivas, que sempre podemos aprender mais e que para isso precisamos arriscar”

A superexposição é um dos problemas da nossa sociedade hoje e a internet revela isso de forma clara. Cabe aos adultos lembrarem que têm responsabilidade de proteger a criança de situações que possam prejudicá-la, sendo sensíveis às reações dela. É preciso, também, que se sintam no papel de favorecer seu desenvolvimento de forma integral, cuidando de sua saúde física, psíquica e intelectual. Dar espaço para que os pequenos explorem o mundo por meio de perguntas de forma segura faz parte disso.

  • Lunetas: Como continuar valorizando as construções e imaginação das crianças e contribuir para que elas façam leituras inteligentes do mundo?

Isabel Gervitz:  Acredito que a principal forma de favorecer as construções e imaginação das crianças é escutando suas contribuições e trazendo a elas mais perguntas e oportunidades para que se questionem. Isso significa oferecer a elas liberdade e segurança para explorar seu entorno, para conversar com outras pessoas, para deparar-se com o diferente e para lembrar-se de que nenhuma resposta é final e definitiva. Se, como adultos, as incentivarmos e tivermos nós mesmos esse contato curioso e encantado pelo mundo, as perguntas hão de surgir. E como as dúvidas sobre a vida são inúmeras e ninguém chegou ao ponto final, essas construções, elaborações e novos questionamentos sempre estarão presentes.

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Perguntamos aos nossos leitores “Quais foram as frases e perguntas genais que seus filhos já disseram?”. Inspire-se!

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Pedro, 4 anos

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Maria Clara, 2 anos

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Bia, 4 anos

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João Victor

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Miguel

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Didi 4 anos

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Paulo, 7 anos

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Yaci, 3 anos

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Eduardo, 4 anos

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Felipe, 6 anos

 

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