Crianças não são prioridade na campanha nacional de vacinação contra a gripe, ao contrário do que o governo havia previsto. De acordo com o Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais devem se concentrar na imunização de idosos acima de 60 anos e profissionais da saúde durante a primeira etapa da ação, que teve início no dia 23 de março. A estratégia faz parte da gestão do sistema de saúde diante da pandemia de Covid-19.
“A vacina contra influenza não tem eficácia contra o coronavírus (SARSCoV-2), porém, neste momento, irá auxiliar os profissionais de saúde na exclusão do diagnóstico para coronavírus, já que os sintomas são parecidos”, publicou em nota o Ministério da Saúde. Além disso, a expectativa é reduzir a procura pelos serviços de saúde.
Mesmo não fazendo parte do grupo de risco, as crianças podem ser vetores e contribuir para a disseminação de doenças respiratórias. Esse é mais um dos motivos, segundo o Ministério, para evitar o contato com os idosos nesse momento.
Isso não significa, no entanto, que as crianças não serão imunizadas. A orientação do Ministério da Saúde é que as famílias aguardem para levar os filhos aos postos de saúde e locais para vacinação contra a gripe até a última fase da campanha, que terá início em 9 de maio. Esta terceira etapa irá priorizar crianças de seis meses e menores de seis anos, pessoas com deficiência, gestantes, puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), povos indígenas, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade.
A segunda etapa da campanha, entre os dias 16 de abril e 8 de maio, tem o objetivo de vacinar doentes crônicos, professores da rede pública e privada, e profissionais das forças de segurança e salvamento.
Atualização do calendário vacinal
Ana Claudia Brandão, pediatra da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, alerta que a vacinação contra a gripe não deve ser interrompida, principalmente para crianças com doenças crônicas ou síndrome de Down, que têm mais chances de desenvolver complicações respiratórias. “Se ficarmos desprotegidos, além da pandemia do novo coronavírus, teremos surtos de outras doenças no Brasil. Só teremos proteção a estas doenças preveníveis, que podem ser igualmente graves, se tivermos uma porcentagem grande de cobertura vacinal”, afirma.
De acordo com a Sociedade Brasileiras de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a estratégia de isolamento e limitação na circulação de pessoas ajuda a reduzir a transmissão do novo coronavírus, assim como a de outros patógenos. Apesar disso, as entidades recomendam que seja mantida a atualização das carteiras de vacinação, assim como a oferta de vacinas para sarampo, febre amarela e coqueluche, de maneira regular e sustentada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“A população deve ser encorajada a manter o calendário vacinal atualizado, procurando visitar a unidade de saúde mais perto de suas residências e em horários menos concorridos”, afirmam em nota. A atualização da imunização contra Influenza, vírus sincicial respiratório e pneumococo é uma recomendação especial que tem sido direcionada pela SBP a crianças e adultos cardiopatas.
Além disso, a SBP e a SBIm incentivam o desenvolvimento de estratégias de distanciamento, de acordo com a realidade de cada local; otimização do calendário com aplicação do maior número de vacinas durante a mesma visita, respeitando intervalo mínimo entre as doses; e, quando possível, vacinação domiciliar.
Além dessas medidas, a pediatra Ana Claudia Brandão sugere ainda evitar transporte público no deslocamento até o posto de saúde, praticar as medidas básicas de higiene (utilização de álcool em gel, lavar bem as mãos, higienizar roupas e sapatos ao chegar em casa, e uso de máscaras, quando possível), além de manter distância de dois metros de outra pessoa que estiver no mesmo ambiente.
A vacina contra a gripe é composta por vírus inativado. É trivalente, ou seja, protege contra os três vírus que mais circularam no hemisfério sul em 2019: Influenza A (H1N1), Influenza B e Influenza A (H3N2). (Fonte: Ministério da Saúde)