Em relatório veiculado pelo Unicef e pela OMS, 51% do público de 8.500 pessoas entrevistadas afirma ter sido alvo de propagandas de marketing agressivas de empresas que fabricam fórmulas infantis. A prática infringe normas internacionais sobre alimentação infantil: o estímulo à amamentação e ao leite materno devem ser prioridade.
A pesquisa “How marketing of formula milk influences our decisions on infant feeding” (Como o marketing das fórmulas infantis influencia nossas decisões sobre alimentação infantil – disponível em inglês), baseia-se em entrevistas com pais, mães, mulheres grávidas e profissionais de saúde em oito países: África do Sul, Bangladesh, China, Marrocos, México, Nigéria, Reino Unido e Vietnã.
O documento expõe estratégias de marketing sistemáticas e antiéticas utilizadas pela indústria de fórmulas infantis – atualmente com um valor de US$ 55 bilhões – para influenciar as decisões das famílias em relação à alimentação infantil. Algumas das técnicas de marketing passam por direcionamento on-line não regulamentado e invasivo; promoções e brindes gratuitos; anúncios patrocinados; e práticas que influenciam treinamento e recomendações voltadas aos profissionais da saúde.
E no Brasil?
Segundo o Estudo nacional de alimentação e nutrição infantil (ENANI) de 2019, o Brasil mantém altos índices de crianças de até dois anos que foram amamentadas: mais de 90% em todas as regiões do país. Apesar do aleitamento materno exclusivo ser recomendado até os seis meses da criança, 45,8% das crianças nessa idade se enquadram na recomendação. Mesmo que o número seja menos da metade das crianças em idade prioritária para receber leite materno exclusivo, em 1986, apenas 2,6% dos bebês eram contemplados por amamentação exclusiva, segundo dados do Ministério da Saúde.
O leite materno é a melhor fonte de nutrição para bebês e a forma de proteção mais econômica e eficiente para diminuir as taxas de mortalidade infantil, sendo capaz de reduzir em até 13% os índices de mortes de crianças menores de cinco anos. O aleitamento materno protege a criança de doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de evitar o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta.
Fonte: Ministério da Saúde
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O Código internacional de comercialização de substitutos do leite materno visa regulamentar a venda de produtos utilizados na ausência do aleitamento, como as fórmulas infantis. Considerado um acordo histórico de saúde pública, foi aprovado pela Assembleia Mundial da Saúde (AMS), em 1981, para proteger as mães de práticas agressivas de marketing por parte da indústria de alimentos para bebês.